quarta-feira, junho 16, 2010

Os riscos dos números

Vivemos num tempo de observatórios que fazem diagnósticos rápidos sobre quantificação de tudo. Quantifica-se o tempo de espera de consultas no SNS e os números espantam por maus. É claro que é preferível ter números ainda que maus a não ter números nenhuns, porque de alguma forma geram discussão dos problemas. Contudo, uma boa análise das situações exige um cuidadoso estudo dos métodos, para que se não retirem dos dados conclusões mais ideológicas que científicas. Rapidamente, a jornalice nacional dominada pelos grupos económicos privados, terá tendência a crucificar o serviço público salientando as maravilhas do privado e mais uma vez clamará pelo desperdício que é pagar impostos e argumentos habituais, deixando à populaça a sugestão de que tivéssemos acesso livre (sem custos ou com custos suportados pelo Estado ou pelas Seguradoras) tudo estaria resolvido. Só que a realidade é diversa destas análises apressadas. Antes de mais há que ver o efeito racionalizador do custo pago pelo utilizador na procura das consultas, pois ir a um hospital público é acessível, mas ir a um hospital privado não será assim tanto. Isto faz toda a diferença e é necessário perceber até que ponto o pedido indiscriminado de consultas aos hospitais públicos não acaba por limitar o acesso a quem dele precisa em tempo útil. É fundamental, além dos números, perceber a sua qualidade.

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