segunda-feira, junho 28, 2010

Do tempo e do espaço



Não apreciei especialmente a depressão da reunião, onde as novidades foram poucas e as pessoas eram menos que noutros anos. Pouca alegria a que uma cidade entristecida também não ajudava a despertar. No Civic Center andam agora muitos mais a arrastar todos os seus bens em triciclos, uns silencioso outros praguejando sozinhos com olhar vago, alheado, espreitando coisa nenhuma, que a fé se acabou numa qualquer guerra onde os meteram e de onde voltaram gaseados. Mais abaixo, em Gaslamp a euforia de sempre das despedidas de solteiros a caminho das despedidas de casados uns tempos depois, que a vida não pode parar nunca.
Dois dias de estadia e tinha um sentimento de perda, uma longa viagem para tão pouca coisa. Sobretudo a perda de um sítio onde o tempo existe, onde o sol nasce e se põe todos os dias, numa sucessão de tempos e instantes quase perfeitos. Ao fim de todo um tempo, tenho agora o instante do sopro quente do vento a percorrer-me o corpo e o mundo à volta acaba nesse instante. Estranha esta sensação de a partir de um dos cantos da água todo o mundo visível me pertencer. E eu a ele. Finalmente, sou proprietário do tempo e do espaço. Tive sorte, apenas isso.

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