quinta-feira, setembro 24, 2009

Asfixia informativa

A imagem com que fico é que isto dos assessores de imprensa devem ser uma espécie de delegados de informação médica. Simpáticos, cordiais, com ar de não quererem vender nada, até trazem informação de pretensa qualidade, tudo, segundo dizem, servido sob uma ética irrepreensível. No meio de uns almoços, deslocações e viagens. A busca de informação de qualidade dá trabalho, é preciso ler livros e revistas, analisar os resultados das investigações. Mal dos médicos, que deixam a sua actualização aos cuidados dos delegados de informação médica. Mal dos doentes que se consultam com tais profissionais.
Como alguns médicos, também os jornalistas estão em risco de satisfazerem a preguiça não procurando a notícia, deixando que ela venha até eles por fontes menos recomendáveis. Fazendo eco do que lhes chega prestam um mau serviço aos seus leitores. Mal dos leitores que tal informação consomem.
É arriscado que um Estado deixe aos pruridos éticos de uns e outros a relação entre os assessores e delegados e os jornalistas e os médicos. Em nome de uma prestação de cuidados capaz e de uma informação de qualidade, seria bom que criasse regras de convivência, que impedissem a promiscuidade e a preguiça. Mesmo que isso levasse ao desemprego de alguns destes profissionais da «informação». A vida ficava mais difícil, mas o ambiente mais respirável. Haveria menos asfixia informativa. Pelo menos os conflitos de interesse das redacções e o enunciado bem destacado da propriedade dos meios de comunicação deveria estar bem patente nas primeiras páginas e nos rodapés dos telejornais.
E, já agora, seria bom lembrar aos mais distraídos a filiação partidária dos Presidentes da República e proibir-se que digam que o são de todos os portugueses. É claro que o não são e que há silêncios que gritam.

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