Ser conhecedor em Medicina é também ter senso clínico na determinação do prognóstico. Se não devemos ser ladrões da esperança, também é fútil a persistência em sermos deuses salvadores a todo o custo. A teimosia salvadora perante um prognóstico sem esperança pode mesmo chegar a ser má prática. Pior ainda é quando se tentam envolver outros técnicos na atitude de teimosia sem sentido, despertando sentimentos de culpa por acção e inacção. Cria-se uma dinâmica de silêncio e revolta em todos e nos próprios familiares, que, por fim quando alguém toma a decisão que se exigia, agradecem por lhes ter sido concedido o fim da dúvida e devolvido o direito do luto.
Ser médico, às vezes, é permitir que se morra, muito mais que a ilusão da ciência e a constatação da melhoria dos valores das análises. Porque o respeito pela vida pode ser, no seu limite, a concessão da morte.
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