domingo, julho 05, 2009

A dupla perda e a dor de corno


Ser político exige obediência a um conjunto de normas de bom comportamento no registo do politicamente correcto, a primeira das quais é a recusa da autenticidade e o sacrossanto sacrifício à imagem conveniente. É curioso como os cidadãos, preferem o artifício e a mentira simulada de verdade, a um gesto de autenticidade fora das normas convencionadas. São espectadores e exigentes preferindo ser enganados a verem alguma realidade dita menos própria. E depois há políticos que o são incidentalmente e podem com alguma facilidade recorrer a algum argumento menos adequado dentro da cartilha e sofrem as consequências. De há muito que se não discutem ideias, mas as virtudes necessárias à arte de ser político. Afinal, até há quem não precise de ser político e cansado da coisa até possa ser menos polido. Depois, as virgens púdicas do nacional-jornalismo e do nacional-politiquismo, logo vêem fazer a algazarra do costume. Num instante, tudo pára. Tudo não, muita eólica continua a rodar apesar de ter gritado de forma gestual que a berraria política de alguns mais não era que dor de corno. E é mais um a abandonar a cena para que os profissionais certinhos continuem na sua senda de virgens puras. É uma dupla perda, mas a culpa é nossa.

1 comentário:

Sophie Kowalsky disse...

Não tive a paciência suficiente para assistir à totalidade do debate, mas o pouco que vi foi tão vergonhoso quanto esse gesto.

Incapacidade de resposta, possivelmente guardando tudo para os meses de "fala-baratismo" que se aproximam. Ainda não tenho idade para votar e, por uma questão de meses não poderei votar... Tenho alguma pena pois gostaria de também de ter o meu direito de opinião, mas outras oportunidades virão.