A Escola sempre abre os olhos a quem lá vai. Não sabia que o Direito do Trabalho tinha tido a sua origem na necessidade de dignificar operários que, na sua fuga da fome, poderiam tentar-se a trabalhar a troco de salários de miséria. Os contratos de trabalho garantiam que ninguém vendesse a sua força de trabalho abaixo de mínimos estabelecidos.
Já lá vai o tempo em que os recibos dos vencimentos eram um molhinho pequeno que a funcionária administrativa colocava no livro de ponto, escancarado, à vista de todos e nenhum mal vinha daí ao mundo. Depois, numa época de poupança, não estranhei acréscimo de encargos com a compra de sobrescritos, que passaram a esconder o segredo do que me pagavam. Sem que lhes tivesse pedido, passaram a proteger a minha privacidade e ainda assim não desconfiei. Por aqui se vê, como sabem investir no individualismo e, possivelmente, o que faziam era uma antecipação tímida da moda actual dos contratos individuais de trabalho e do secretismo do que pagam.
Quando iremos voltar a perceber a sábia história do velho chinês que dava lições de vida aos filhos com a metáfora do molho de varas?
sexta-feira, abril 13, 2007
quinta-feira, abril 12, 2007
Sejam felizes
O ar é tão tenso na derrota como nas vitórias. Estes homens vivem oprimidos, aparentemente controlados e sem o prazer de rirem. Têm de dar uma imagem séria, científica quando falam. E falam, falam e voltam a falar com o ar mais sério deste mundo. Imagino que até tenham perdido a noção de rirem para dentro, o que até seria saudável.
Mais curioso é que, mesmo na celebração do êxito, também lhes não vejo felicidade. Há uma explosão orgásmica com esgares de dor e rituais de guerra. Há dias vi um que, depois do golo, disparava espasmódico para o ar.
Mais curioso é que, mesmo na celebração do êxito, também lhes não vejo felicidade. Há uma explosão orgásmica com esgares de dor e rituais de guerra. Há dias vi um que, depois do golo, disparava espasmódico para o ar.
quarta-feira, abril 11, 2007
Descansados?
Tudo igual. O engenheiro nunca engenhou. Podemos estar tranquilos que não cairemos nunca das pontes que não fez. E pronto, coitadinho. Vai subir nas sondagens, aposto, que isto de ser coitadinho sempre rende.
terça-feira, abril 10, 2007
Engenheiros ...
Antes de o ser já o era. Talvez seja engenheiro civil, talvez não. Por mim só não me sentiria tranquilo se ele tivesse feito os cálculos de alguma casa onde eu precisasse de habitar ou de alguma ponte por onde tivesse de passar. Mas posso estar tranquilo já que o ex-futuro engenheiro ao que parece nunca fez nada.
É promissor. Promete empregos, aeroportos, TGVs e ainda não cumpriu. Em tempos prometeu ser engenheiro. Cumpriu. Fez um pacote de cadeiras e tem um diploma. O problema é que não sabe fazer nada além das promessas.
Parece que, em tempos, um Presidente da Câmara desapareceu das notícias do Público por alegadamente não ter aprovado umas torres no Colombo. Por acaso, agora, um Primeiro Ministro também não deixou passar uma OPA ao dono do Público. Engenheiros ajustam contas?
É promissor. Promete empregos, aeroportos, TGVs e ainda não cumpriu. Em tempos prometeu ser engenheiro. Cumpriu. Fez um pacote de cadeiras e tem um diploma. O problema é que não sabe fazer nada além das promessas.
Parece que, em tempos, um Presidente da Câmara desapareceu das notícias do Público por alegadamente não ter aprovado umas torres no Colombo. Por acaso, agora, um Primeiro Ministro também não deixou passar uma OPA ao dono do Público. Engenheiros ajustam contas?
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quinta-feira, abril 05, 2007
Tolerância
Ficar ali a apanhar o vento frio na cara, com o lombo da Berlenga lá ao longe, enquanto o sol vai descendo numa estrada de luz de lá até cá. Por um momento está-se só, a apreciar-se a dimensão que realmente temos, sem ruídos nem sorrisos de celebridades. Fica-se imenso na pequenez. Por um instante, agradeço a oferta da tolerância de ponto que alguém fez feriado.
quarta-feira, abril 04, 2007
De chorar a rir
Ontem, mais uma vez assisti a uma discussão hilariante sobre obesidade. Pontos altos: a população já sabe tudo sobre alimentação; conclusão: o Governo, deve fazer campanhas de informação, deve pagar a nutricionistas para irem ensinar os utentes dos Centros de Saúde a comer. Mesmo assim!
O máximo, fazer programas de exercício esclarecendo as fat ladies das vantagens de se mexerem. Muito exercício, coisas simples: se aspirar a casa, gasta x calorias, se deixar isso para a sua empregada, é ela quem as gastas. Conclusão: despeça a empregada e continue a informar-se no site. É claro, que à empregada que já era mais gorda que a patroa, mais não restará do que deslocar-se da Curraleira até à Faculdade e aprender esta ciência. Quem irá ela despedir? Será que vai chegar a casa, com tempo para cozinhar depois do transporte público ou, será que a falta de vontade dos fracos, a vai fazer pecar em mais uma sessão de comida rápida?
Se calhar as epidemias só são significativas quando afectam os nossos e afinal está tudo bem. Vivemos no tempo do descartável e anda por aí muito gente dispensável. Emagreça quem nos pode pagar!
Prevenção da obesidade? Claro! A sério? Seria a Revolução! Tudo o mais são discussões de polidos diletantes.
O máximo, fazer programas de exercício esclarecendo as fat ladies das vantagens de se mexerem. Muito exercício, coisas simples: se aspirar a casa, gasta x calorias, se deixar isso para a sua empregada, é ela quem as gastas. Conclusão: despeça a empregada e continue a informar-se no site. É claro, que à empregada que já era mais gorda que a patroa, mais não restará do que deslocar-se da Curraleira até à Faculdade e aprender esta ciência. Quem irá ela despedir? Será que vai chegar a casa, com tempo para cozinhar depois do transporte público ou, será que a falta de vontade dos fracos, a vai fazer pecar em mais uma sessão de comida rápida?
Se calhar as epidemias só são significativas quando afectam os nossos e afinal está tudo bem. Vivemos no tempo do descartável e anda por aí muito gente dispensável. Emagreça quem nos pode pagar!
Prevenção da obesidade? Claro! A sério? Seria a Revolução! Tudo o mais são discussões de polidos diletantes.
terça-feira, abril 03, 2007
Uns e os outros
Estranho que o avançar dos anos reduza a pressa de mudar o mundo. Afinal, é na juventude que há mais tempo e, podendo haver mais calma, maior é a urgência. Muito provavelmente, a falta de pressa, uns anos depois, radica mais na acomodação do que no ensino que a vida vai trazendo. E não se pense que o passado assim mudado, é crédito para a cobardia. Pois, se a mudança era um imperativo, como é que deixou de ser ainda mais urgente, depois de se perceber que, cada vez mais, o tempo que resta fica cada dia mais estreito? Haveria realmente necessidade de mudança ou era apenas a vontade de rapidamente se ficar instalado, afinal, aquilo que por caminhos diferentes se conseguiu?
Olho para estes desabafos com a confirmação de que o esquerdismo continua a ser uma doença infantil de quem, na verdade, não tem a necessidade urgente da mudança, para quem esta, sempre não foi mais, que uma estratégia de poder.
segunda-feira, abril 02, 2007
Médicos e gestores
A incompreensão da gestão e dos gestores, atribuindo aos médicos a exclusiva competência das decisões sobre os seus actos na gestão dos seus doentes, só mostra incompreensão pelo mundo onde estamos. Tudo tem um custo, que tem de ser pago e, das duas uma, ou os médicos gerem os custos e têm atitudes eficientes nos cuidados que prestam aos doentes, ou então serão os gestores quem irá limitar o desperdício, eventualmente sem perceber nada de saúde e de doentes. A escolha parece-me simples. O resto será esquizofrenia e demagogia.
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domingo, abril 01, 2007
Lamentavelmente, Correia de Campos é designado o pior ministro, exactamente pelos motivos errados, por medidas certas, como encerrar maternidades e algumas urgências sem sentido ou por moralizar algum funcionamento em centros de saúde e hospitais.
Mas há dois enormes erros deste ministro, o primeiro é precarizar a actividade dos seus funcionários ao promover regimes de tempo parcial para médicos dos seus serviços, exactamente ao contrário da desejável dedicação exclusiva, para uma concorrência saudável entre público e privado. Parece que quer amadores no SNS em vez de os profissionalizar. Será para tornar mais fácil o recrutamento aos privados? A ser verdade, tratar-se-ia de corrupção! Segundo, a continuação do ataque ao artigo 64º da Constituição, instituindo a aberração dos co-pagamentos (não são taxas moderadoras) para internamentos.
Isto pode não ser inocente. A Constituição de Abril começou por instituir um SNS gratuito. Foi a introdução das taxas moderadoras que levou ao aparecimento do «tendencialmente gratuito», que obviamente quer dizer tendendo para a gratuitidade. Só que essa natureza da tendência para o gratuito, não permitirá os co-pagamentos que agora são impostos sob a forma dissimulada de taxas moderadoras.
E de disfarce em disfarce, quanto tempo vai passar até que nos comecem a pedir o cartão de crédito à entrada nos hospitais? A questão permanece a mesma: saber se a saúde deve ser considerada um bem de consumo ou algo distinto, em que deve permanecer uma ideia de solidariedade, porque ninguém consome recursos em saúde por gosto, mas apenas por necessidade, percebida por quem está saudável e que assume o pagamento dos custos. Ou alguém acha que se troca voluntariamente a nossa casa por uma estadia voluntária num internamento hospitalar?
Mas há dois enormes erros deste ministro, o primeiro é precarizar a actividade dos seus funcionários ao promover regimes de tempo parcial para médicos dos seus serviços, exactamente ao contrário da desejável dedicação exclusiva, para uma concorrência saudável entre público e privado. Parece que quer amadores no SNS em vez de os profissionalizar. Será para tornar mais fácil o recrutamento aos privados? A ser verdade, tratar-se-ia de corrupção! Segundo, a continuação do ataque ao artigo 64º da Constituição, instituindo a aberração dos co-pagamentos (não são taxas moderadoras) para internamentos.
Isto pode não ser inocente. A Constituição de Abril começou por instituir um SNS gratuito. Foi a introdução das taxas moderadoras que levou ao aparecimento do «tendencialmente gratuito», que obviamente quer dizer tendendo para a gratuitidade. Só que essa natureza da tendência para o gratuito, não permitirá os co-pagamentos que agora são impostos sob a forma dissimulada de taxas moderadoras.
E de disfarce em disfarce, quanto tempo vai passar até que nos comecem a pedir o cartão de crédito à entrada nos hospitais? A questão permanece a mesma: saber se a saúde deve ser considerada um bem de consumo ou algo distinto, em que deve permanecer uma ideia de solidariedade, porque ninguém consome recursos em saúde por gosto, mas apenas por necessidade, percebida por quem está saudável e que assume o pagamento dos custos. Ou alguém acha que se troca voluntariamente a nossa casa por uma estadia voluntária num internamento hospitalar?
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