sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Acordai!

Al Gore (será árabe com este duvidoso AL no nome, nunca se sabe)passou por aí para falar com uns amigos e arrecadar uns cobres. Isto da ecologia também pode gerar valor (a 175000 euros a conferência) e parece que a ameaça climática é bem mais significativa do que a do terrorismo.

Por mim, já estou por tudo. Num telejornal da noite, atiraram-me de seguida com notícias de tiros, roubos, fraudes e mais corrupção, que por momentos pensei que estava a morar em Bagdad. Se desse 5% de valor aos medos que a Imprensa nos revela, já estava escondido bem longe, num qualquer bunker. A primeira confusão que por aí anda a intoxicar-nos a vida, é a ideia de que a vida se mede em tempo. Para a prolongarmos, procura-se fazer tudo, inclusivamente deixar de viver, optando-se apenas pela sobrevivência. Realmente, tudo o que é demais cheira mal e não será descabido procurar-se algum perfume na vida.
Será que já acabaram e, por isso não são notícia, os comportamentos daqueles heróis românticos que, de preferência sem armas, corajosamente, atacavam os malfeitores e se tornavam exemplo para as comunidades? Vivemos afinal numa sociedade de acagaçados ou será que os perigos também nem são assim tantos? À exploração crescente do liberalismo é melhor amedrontar a «escumalha» do que apelar-lhes ao heroísmo, não vão os gajos começar a resistir ao lindo mundo que nos constroem?

E ou me engano ou começa agora o pavor da gripe, essa coisa que aumentou a ida às urgências dos hospitais nos últimos dias. Dantes um tipo podia ter febre, uns arrepios e dar umas tossidelas sem ter de ir a correr ao médico, mas agora com alertas policolores sempre presentes, está-se sempre à beira da morte.
Urgente é criar alertas de falta de vida na vidinha de todos os dias! Cantar:

Acordai
acordai
homens que dormis
a embalar a dor
dos silêncios vis
vinde no clamor
das almas viris
arrancar a flor
que dorme na raíz

Acordai
acordai
raios e tufões
que dormis no ar
e nas multidões
vinde incendiar
de astros e canções
as pedras do mar
o mundo e os corações

Acordai
acendei
de almas e de sóis
este mar sem cais
nem luz de faróis
e acordai depois
das lutas finais
os nossos heróis
que dormem nos covais
Acordai!


(de José Gomes Ferreira)

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