domingo, abril 03, 2005

A história continua

O poder quando ligado à acção e a alguma inteligência e bom senso acaba sempre por gerar alguma admiração. Basta fazer, ser eficaz no produto, para haver aprovação de alguns. Quando alguém assim perde o poder, a tendência inspirada pela generosidade dos homens é, naturalmente, para o louvor, que até obscurece alguma crítica, por ventura, sentida. A excepção a esta regra, como sempre acontece, também existe. Por exemplo, Santana Lopes.
Não admira, pois, os cânticos de louvor a toda a hora a que agora nos expõe a visão de telejornais, a leitura dos jornais ou a audição das rádios. É a procissão acéfala do elogio fúnebre, logicamente manipulada por um poder a quem a acção do elogiado interessou. O mundo ficou diferente com ele. O liberalismo selvagem virou doutrina, com o aumento das diferenças, o unilateralismo do poderio dos Estados Unidos expandiu-se, o aquecimento global continuou e até as epidemias proliferaram num mundo sem preservativos. Sendo assim, se o falecido Papa era anti-capitalista e era um activista contra a guerra, o Papa falhou, perdeu essas batalhas. Vitória, só a que Bush lembrou, a sua luta pela vida.
Quando o olho, até acho que seria um bom homem. O problema dele, era a causa que servia, não a religião, que até poderia ser de Libertação, mas a sua Igreja, a tal que, estando agora de luto, consegue fazer que digam, que o mundo está de luto (também o povo chinês, por exemplo?). Só que esse poder já o teve na Idade Média, agora as coisas estão a mudar, apesar dela e dos seus chefes. E o futuro, a Deus pertence...
Em boa verdade, nem creio que a toda poderosa Igreja, coloque nas mãos de quem quer que seja o poder que ainda detém. Karol, foi o actor dos seus desígnios, sendo pequeno, certamente, o papel da sua vontade ou das suas ideias. Representou-o de forma eficaz, transmitindo a boa imagem que o argumentista e produtor queriam. Daí este aplauso ao actor, cuja imagem faz ignorar, para muitos, o argumento.

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