quarta-feira, dezembro 31, 2003

Balanço breve de 2003

Que pode ser dito em termos de balanço de mais um ano que hoje se encerra?
Em primeiro lugar prestar homenagem a quem nos governa. Foi um ano de consolidação da estratégia e os resultados apontam no sentido certo. Chegámos ao fim do ano com os ricos mais ricos e os pobres mais pobres, ou seja a política do governo foi coerente. O desemprego aumentou para níveis raramente recordáveis. Poderia ser problema, mas, na verdade, não é bem assim. Os desempregados têm mais tempo livre, escusam de perder tempo a trabalhar e podem dedicar-se a actividades rentáveis. Por exemplo, sinal de progresso económico, a Bolsa de valores teve um aumento do seu índice PSI de 15%. Assim, os desempregados têm aqui uma oportunidade de utilização adequada do seu tempo livre e os mais capazes poderão mesmo arranjar uma empresa cotada em Bolsa; os ganhos este ano foram de 16000000€. Razão tinha o Luís Delgado que anunciou 200 vezes que a retoma era agora. Afinal para que querem estra empregados para terem um aumento do ordenado mínimo de 2,5%? deixem-se disso, tenham iniciativa! Deixo só uma sugestão aos nossos governantes, deixem de pagar o petróleo em euros. Como recentemente o dólar teve uma desvalorização de 25%, se pagassem o produto em dólares, podíamos andar mais um quarto da distância pelo mesmo preço. Deixem lá de comprar o petróleo em euros!
A nível inyternacional também foi bastante positivo. Descobriu-se pela primeira vez na história que um país libertado é um país ocupado por uma potência estrangeira. A tal potência poderá sempre expandir a boa acção no próximo ano. Vamos ver. Lamentavelmente, como seria de esperar, existe um campo de concentração em Cuba, em Guantanamo, onde os mais elementares direitos humanos não parecem estar a ser observados. Mas isso é em Cuba e daí não se pode esperar muito.
Muito bem ainda faltam algumas horas para as badaladas e para nos emborracharmos todos felizes. Vamos a isso!

Correio: fernandobatista@netcabo.pt

domingo, dezembro 28, 2003

Tenho um vizinho novo (até ver)

Desde há 3 dias que o vejo, hesitante, avançar no parapeito da janela pata-ante-pata até exactamente ao fim e, depois, olhar para baixo, estendendo o pescoço, como os de loiça, que ficam sobre os móveis em decorações duvidosas. Agilmente volta para trás, depois de uma rápida pirueta a cerca de 15 metros de altura e percore a distância do parapeito da janela no sentido contrário sob o olhar interessado da jovem dona. E ali fica a andar para trás e para a frente numa acrobacia de prenda de Natal. É o meu novo vizinho, um gato que saiu há 3 dias do sapatinho e, esperemos, não venha a desfazer-se em cacos como as réplicas de porcelana depois dum voo acrobático de quatro andares. Dizem que têm sete vidas estes de carne e osso. Este acho que vai precisar! A primeira usou-a quando o puseram numa montra de Petshop. Restam-lhe seis... Boa sorte, vizinho!
Correio: fernandobatista@netcabo.pt

sexta-feira, dezembro 26, 2003

Retoma lenta

Pós-Natal à sexta-feira sabe a domingo. Acorda-se tarde e os dias vão recomeçar devagarinho. Hoje é dia de continuar a ver se as prendas funcionam, ter irritações com as panes dos brinquedos, com os discos que têm faixas estragadas, com um sem número de pequenas reclamações que irão levar-nos de novo às lojas para fazer trocas e sermos apanhados para compraramos mais qualquer coisinha.
Por mim foi ver o Declínio do Império Americano, um filme com título esperançado criado há 18 anos. Até pode ser, que nisto da História os fenómenos também se passam devagarinho e, na verdade, a sobrevivência individual, a qualquer preço, pode ser já um sinal do início da queda do Império. Que estrutura pode sobreviver na ideia da desagregação, do cada um por si e o resto que se lixe? O resumo do filme no 7arte é como se segue:
O que pensam realmente as mulheres dos homens? De que é que falam quando eles não estão presentes? E os homens, de que falam? Enquanto Rémy, Pierre, Claude e Alain, professores na faculdade de História, preparam um jantar requintado, as suas companheiras, Dominique, Louise, Diane e Danielle, treinam-se num ginásio de musculação. Os homens falam sobre as mulheres, as mulheres sobre os homens. Destas duas conversas sobressai a mentira de uma época e a busca de cada um deles pela felicidade individual a qualquer preço. Fantasias, tentação, desejo, indiscrições, infidelidade, confissões, acrobacias e tudo o resto que faz do sexo único assunto sobre que vale a pena falar. Todos os tabus são hilariantemente expostos neste clássico inesquecível sobre as relações modernas.
Correio: fernandobatista@netcabo.pt

quinta-feira, dezembro 25, 2003

Natal final

Sabe sempre bem o Natal. Na rua que agora começa a agitar-se, acumula-se cartão, laços e esferovite já a começar a desfazer-se em bolinhas pequenas que voam com o vento. É o anúncio de que faltam 365 dias para a próxima orgia consumista. E vai passar tão depressa... vamos lá a ver se conseguimos agarrar melhor o tempo que aí vem. Ainda assim este bem não dura sempre.
Correio: fernandobatista@netcabo.pt

Uma vaca histórica

Já havia boatos sobre o Presidente e os que o elegeram, estranhava-se que tivessem aquela dieta de gordura concentrada, não era normal que pensassem que estavam sós no mundo, nem se percebia muito bem a razão por que se achavam ser um exemplo para todos os outros povos. Quando se analisava em pormenor aquele país, dizia-se em boca pequena, à maneira dos gauleses, os americanos são loucos! Era um mistério como naquela terra, as vacas continuavam a resistir. Mas eis que, finalmente, surge a primeira vaca louca nos EUA. A estas horas deve estar farta de dar entrevistas, vir nas primeiras páginas, abrir telejornais e seguramente, em Hollywood, alguém já prepara o filme da vida dela e para a semana vai sair o livro. Esta vaca vale milhões. God bless the cow, em todos os outdoors de todas as cidades.
Para festejar, uma secretária de qualquer coisa lá da zona, num acto de solidariedade comeu carne de vaca no Natal. Os americanos mostram assim que não temem a loucura das vacas, a loucura já é um estado de espírito instalado.
Correio: fernandobatista@netcabo.pt

quarta-feira, dezembro 24, 2003

Véspera de Natal

Gosto do silêncio da rua sem carros e da luz nas janelas do lado de lá. As cozinhas dos meus vizinhos hoje estão cheias. Não se ouve nada. Lá dentro deve haver a algazarra habitual de todos a quererem fazer qualquer coisa. Nem o frio faltou hoje e é uma pena que não apaguem o néon dos candeeiros para podermos espreitar o céu cheio de estrelas. Que diabo, pelo menos uma noite por ano, na cidade, devíamos ter direito a um céu de deserto! Espreitar o Pai Natal e as renas e as prendas.
Mas neste Natal faltaram os olhos de crianças pequenas à espera de presentes e olhar dela cansado e feliz de tudo ter corrido bem.
Correio: fernandobatista@netcabo.pt

terça-feira, dezembro 23, 2003

Obrigado, nosso benfeitor!

Como é generoso o nosso Governo! Vejam a atenção em vésperas de Natal: aumentou o salário mínimo, que continua a ser muto mínimo mesmo. E a mostrar que aquela ideia da luta de classes está ultrapassada completamente aqui se regista a notícia do Público:
A actualização do valor do salário mínimo nacional de 356,60 para 365,60 euros anunciada hoje pelo Governo foi recebida com críticas pelas centrais sindicais e com aplausos pelas confederações da Agricultura e Indústria
Há uns que aprenderam as regras da economia e aplaudem, há outros ignorantes e gananciosos que contestam. Não, não há luta de classes, há é gente com e sem classe. Sem classe e quase sem nada.
Correio: fernandobatista@netcabo.pt

segunda-feira, dezembro 22, 2003

O preço do petróleo e do seu uso indevido

Alguns números:
Desde o início da Guerra do Iraque os americanos tiveram 2657 feridos; 324 mortos desde 5/1/03; 463 mortos no total e desde a prisão de Saddam, 8 mortos.
Fonte: www.antiwar.com
Os mais de dois mil acidentes registados a semana passada pelas Brigadas de Trânsito da GNR fizeram 28 mortos. Os sinistros provocaram ainda 57 feridos graves e 675 ligeiros. Uma semana negra nas estradas portugueses. Só este fim de semana morreram 17 pessoas. Fonte: Sic online

Correio: fernandobatista@netcabo.pt

Bloguemos

Será justo assinalar e reconhecer a dimensão narcísica deste fenómeno. Escrevemos para nos lermos mais tarde, mas se alguém nos for lendo desde já, sentimo-nos melhor. Quando alguém se dá ao trabalho de além dos nos ler, nos escrever e aprovar, então quase sentimos que está a valer a pena. Por isso, obrigado a si Maxou (anónimo, homem ou mulher?) e retribuo com a publicação do endereço do seu blogue (www.vamoslixartudo.blogspot.com)que vou juntar aos meus favoritos. A todos os outros, uma vez mais o desafio de não hesitarem em criticar. Tornar isto um espaço de dscussão e tertúlia, so me alegrará.
Correio: fernandobatista@netcabo.pt

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domingo, dezembro 21, 2003

Depressão, cepticismo, a culpa é deles e a verdadeira causa das desgraças

-Bom dia de sol, hoje!
-Ainda vamos pagar isto caro...
-Dizem que só depois de terça é que chove.
-Não acredito! Eles sabem lá, isto agora já ñão é como era dantes com chuva vo Inverno e Primaveras suaves. Ainda se lembra?
- Pois desde que foram lá...
-Lá aonde?
-Lá acima, mexer no buraco do ozono. Desde então nunca mais o tempo andou direito!
-É verdade, sim senhor.

Correio: fernandobatista@netcabo.pt

sexta-feira, dezembro 19, 2003

Brasil 2

1. Em 2003 ainda é possível fazer-se uma reunião médica Luso-Brasileira que desloca cerca de 50 pessoas de Portugal até ao Brasil e mobiliza outros tantos brasileiros para discutirem temas de endocrinologia e hepatologia.
2. Na sessão de abertura, com hinos e tudo, representa-se como se estivessem 4000 pessoas na sala num registo de século XIX, com Ilustríssimos representantes subindo ao palco.
3. A origem do Bem Estar das Nações também se explica por estes momentos.
4. Valeram os acarajés e abarás com cerveja no cocktail que se seguiu.
5. E antes os passeios à Ilha dos Frades e Itaparica e à Praia do Forte nos dois dias antes da cerimónia de abertura.
6. Claro, que vale sempre a pena visitar o Pelourinho, onde o tempo passa devagar. Uma oportunidade para no Convento da Ordem Terceira de São Francisco nos avisarem do diabo à solta no Morro de São Paulo e ver na Igreja de São Francisco a talha dourada e lembrar os tempos em que os pretos assistiam à missa em cantos fora da Igreja.
7. E muito especialmente, ir ao Sorriso da Dada comer Bóbó de camarão e Mariscada.
8. Andar no elevador Lacerda a 0,05 reais a viagem e ver lá de cima a Baía (desculpem, com h - Bahia que aqui a influência é portuguesa).
9. Cirandar pelos corredores do Modelo como num bazar turco em compra de colares, de redes e paus de água e ver gente gorduchinha.
10. Pós-modernamente ir ver o Love Actually no Shopping da Barra, onde só vi gente elegante.
10. Acabar na quarta-feira (como o Carnaval!) e com ar sério congratularmo-nos muito pelo êxito do Congresso e fazer votos para que se repita a bem das Nações.

Correio: fernandobatista@netcabo.pt

Brasil 1

Brasil
Algumas notas recolhidas:
Habitantes 175000000
Mortalidade infantil: 35,87/1000
Esperança de vida: 63,55
Prevalência da sida: 0,57%
Rendimento per capita: 7400 USD
República Federal
Cuba
Habitantes 11000000
Mortalidade infantil: 7,27/1000
Esperança de vida: 76,6
Prevalência da sida: 0,03%
Rendimento per capita: 2300 USD
Governo Comunista
Factos são factos e estes foram colhidos no site da CIA (http://www.cia.gov/cia/publications/factbook/index.html)
Pensavam que era no Granma?

Num jantar um advogado disse-me com ar sério que isto de ter de matar a fome a tanta gente não era tarefa fácil. O Brasil não se pode comparar com um país de 10000000 de habitantes. Mas será que o doutor imagina que eles só comem?

Correio: fernandobatista@netcabo.pt

Natal

Subitamente, este ano, foi invadido por uma necessidade urgente de salvar o Natal. Aconteceu quando entrei há dias num Centro Comercial e deparei com o ar alucinado dos frequentadores. Má cara, ansiedade, cansaço, ar de derrota. Um ar de estou por tudo, quero é safar-me disto depressa. Andar de vamos lá a despachar isto, quase de castigo.
Não admira, depois de se andar um ano inteiro a tentar sobreviver sem olhar para o lado, estão destreinados desta coisa da solidariedade. Uma palavra em vias de extinção. O Natal começa a ser uma realidade contranatura. Transformou-se em mais uma época de consumo. E é nesta altura que a chatice do consumo atinge o máximo e se torna insuportável ou apenas se aguenta num estado de alucinação. O Natal, este Natal, é triste de ver.
Mas se calhar ainda é possí­vel haver outro.
Medidas de emergência para salvar algo ainda do Natal deste ano:
1. Levar necessariamente um sorriso nos lábios. Facilita o diálogo com os vendedores, coitados, completamente cilindrados pelas enchentes de clientes.
2. Não levar ideias muito bem definidas do que se quer oferecer. Isso, geralmente, não existe à venda. Deixemo-nos contagiar pelo que via surgindo. No fim das contas ainda há algumas coisas engraçadas por aí­.
3. Sorrir outra vez quando chegar a hora de pagar. Ficar feliz porque a fila já acabou.
4. Não ir a seguir para a fila dos embrulhos. Tem muito mais piada comprar papel e fitas de seda e ir para casa treinar-se na arte do embrulho. Assim, se evita ter as prendas todas rotuladas com as marcas das lojas, o que faz perder toda a graça. Que isto de dar é a arte da surpresa.
5. Olhar para o tempo gasto nas compras como um tempo ganho (incluir o tempo de filas de automóvel, a procurar o estacionamento). Afinal para que queremos o tempo, será o resto tão necessário e inadiável?
Para o ano que vem e para todos os outros
Começar o Natal em Janeiro, dedicando uma compra ou duas por mês para uma ou duas pessoas. Tem a vantagem de estendermos o espírito da época, o verdadeiro, a todo o ano. Pensar nos amigos o ano inteiro sem stresse, com a calma e o cuidado que nos devem merecer os amigos em todos os dias do ano.
Talvez assim se possa fazer um Natal que valha a pena.
Possivelmente, escrevi tudo isto porque quando desejava Boas Festas a uma doente hoje, ela me disseque esta era a época do ano que mais odiava. O Natal para ela era uma espécie de insulto.

Correio: fernandobatista@netcabo.pt

terça-feira, dezembro 16, 2003

Diferentes estrelas

O contador ia em 210, agora está em 260 e tal. Eu e a família mais próxima estivemos alheados da Net durante 10 dias. Logo, além das minhas memórias futuras, justifica-se que aqui venha, sempre que possa, deixar alguns dos ouvidos e dos vistos que vou tendo. Parece que andam por aí algumas pessoas a partilhar um pouco disto. Boa tarde a todos! Quando quiserem, não hesitem, usem o mail abaixo e comentem.
Estar num país como o Brasil tem a vantagem de para além do bom tempo e da água quente, podermos sentir a sorte que foi, ainda assim, ter nascido por aqui. Já antes escrevi algures que isto do sítio onde se nasce é muito importante! Atenção grávidas de todo o mundo, uni-vos e desovai em bom sítio! Os vossos filhos vos agradecerão.
Pois é, não pode ser. Até quando vai ser possível deixar o mundo andar desta maneira injusta? Não chegará certamente o contentamento de o Sadam ter sido sido apanhado, quando, se calhar, essa nem foi a reparação mais necessária da ordem do mundo.
As estrelas do norte e do sul são diferentes. Mas o nosso futuro colectivo não pode depender das estrelas.
Nos próximos posts irei tentar escrever algumas das reflexões que o Sul provoca.

Correio: fernandobatista@netcabo.pt

sexta-feira, dezembro 05, 2003

A vaguear

Depois de me ler (já que ninguém me lê...), cheguei à conclusão que aquela conversa dos 50 anos é sintomática. Percebi, que ter 50 anos apenas tem um pequeno problema: o tempo passa a ter outra urgência, há uma necessidade maior de fazer, de não adiar. Pela primeira vez entendi que não faz grande sentido planear fazer daqui a 30 anos... Será que vou passar a viver mais depressa?
Tenho de me refugiar por aqui, porque continua a não haver notícias. Ou talvez haja, mas não as entendo bem. Parece que vamos poder voltar a andar a acelerar em Portugal. Os polícias chefes da BT andam muito zangados e vão fazendo as malas. Esta na altura de aproveitar. Boa viagem! Depois há aquelas informações ou insinuações sobre alguns senhores importantes a quem são sempre perdoadas as multas. Isto é um país confuso!
Vou-me embora até ao Brasil apanhar sol, que isto aqui anda frio de mais. Lá também são desta raça, mas ao menos têm samba e tempo quente.
Até logo!

Yahoo!

quarta-feira, dezembro 03, 2003

Urgência dos pequeninos

O professor deu o exemplo! Foi acompanhar os soldados, o General. Na Estefânia começou por dar muitas entrevistas. Mas bateu em retirada ao primeiro ataque aceitando calar-se por lhe ter sido ordenado. O que fará um líder calar-se, quando mais necessário era ouvir a sua voz? Que miragem de poder é esta que tanto prezam?

Correio: fernandobatista@netcabo.pt

À procura de rumo

Depois de uma noite mal dormida, soube-me bem ver o desnorte de alguém à procura de encontrar os cantos à casa. Uma vontade de fazer omeletas sem ovos. Vai ouvindo e nem toma notas. Por favor façam-me chegar as vossas sugestões. Só que tudo cheira ao mesmo.

Correio: fernandobatista@netcabo.pt

terça-feira, dezembro 02, 2003

semana portuguesa

As semanas ficam mais curtas iniciadas à terça-feira, quase perfeitas quando acabadas à quinta. Vai ser assim esta!

Correio: fernandobatista@netcabo.pt