terça-feira, abril 16, 2013

Por menos se assassinou um rei

Quando Mário Soares dá uma entrevista ou escreve um artigo num semanário fica sempre a dúvida se a demência não será mais tranquila que a lucidez. Um lúcido perceberá sempre as respostas mais ou menos sussurradas dos comentadores inúteis opinativos que dizem invariavelmente algo semelhante a «deixem falar o velho». Curiosamente, essas doutas opiniões, queiram ou não, têm uma dívida para com os criticados como Álvaro Cunhal ou Mário Soares. Foi essa gente que ignorava os mercados que nos governam que permitiu a libertação da palavra. Um, visionário, não se cansou de alertar contra os riscos daquilo que hoje se percebe ser uma real dificuldade, outro que nos levou para ela, mas ambos gente que sabia pensar pela sua cabeça e que procurou que todos pudessem pensar pela sua própria cabeça.
Mas pensar não é fácil ao contrário do que se procura hoje no mercado...

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