A lógica da Justiça perdeu o sentido e as opções ficam além da Moral subordinadas à aleatoridade da sorte. Chegámos a um tempo em que cada um dos que está à nossa volta passou a ser um adversário, isto é, alguém que se tolera desde que não interfira nos nossos interesses e que se abaterá, se for necessário, para que eles se mantenham e ampliem. A vida deixou de ter um rumo histórico de libertação coletiva, porque agora é cada um por si. Não se olha para trás nem para o lado, na vertigem única de seguirmos em frente em busca de algo não identificado, talvez numa ânsia de reduzirmos o receio de estar vivos e cada dia, deixou de ter um plano, o futuro perdeu as garantias e os direitos adquiridos no passado, porque cada dia pode já ser o último, tal é o Medo que nos domina.
Agora vale ter medo de tudo, menos da única coisa de que valeria ter medo: não viver, realmente. É desta forma que as longas vidas se esvaziam de vida, apenas em busca de uma linha do Guiness Book of Records.
Quanta sobrevivência inútil em vez de Vida efetiva, materializada numa história a fazer em comum? Porque a História são as interações das personagens e não o percurso autista de cada uma delas.
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