domingo, julho 31, 2011
Visão 2
Seguramente um dos melhores céus do mundo, agora já aconchegado numa temperatura ligeiramente mais elevada. Nem o zumbido de uma melga parece comprometer a visão.
sábado, julho 30, 2011
Visão
A ver crescer a tília rubra cada vez com mais flores ou as estrelas da cauda da Ursa Maior, oscilo no vai-vém tranquilo da rede.
Semeio tílias pelo caminho abaixo até ao portão, não de Bradenburgo, coloridas (amarelas, vermelhas)dando sombra e cor melhor ainda que Under den Linden.Uma visão breve e tranquila.
Semeio tílias pelo caminho abaixo até ao portão, não de Bradenburgo, coloridas (amarelas, vermelhas)dando sombra e cor melhor ainda que Under den Linden.Uma visão breve e tranquila.
sexta-feira, julho 29, 2011
Pré-reforma
Há dias que são assim e nos deixam com tudo a começar, incluindo as dúvidas.
Foi assim hoje, porque, às vezes, precisamos de renascer.
Foi assim hoje, porque, às vezes, precisamos de renascer.
quarta-feira, julho 27, 2011
Raios de sol através do nevoeiro
Esmagador. O debate politicamente correto apenas beneficia o poder. Boa Alfredo, chega-lhes!
Por um instante o nevoeiro levantou ainda que a matilha oficial vá rapidamente falar de falta de diálogo, insulto e outras más educações. Mas é assim, quando os campos não devem reger-se pelo livro de procedimentos escrito por quem domina.
Por um instante o nevoeiro levantou ainda que a matilha oficial vá rapidamente falar de falta de diálogo, insulto e outras más educações. Mas é assim, quando os campos não devem reger-se pelo livro de procedimentos escrito por quem domina.
terça-feira, julho 26, 2011
Para além do nevoeiro
Numa altura em que nos sobrecarregam de informação, inadaptados para gerir esse fluxo acrescido de dados, mas ainda viciados na ideia da capacidade ilimitada de gestão e sufocados pela necessidade de não nos mostrarmos ignorantes, isolamo-nos, quando mais precisávamos de interagir. Neste percurso vamos perdendo contacto com a realidade do mundo, cada vez mais complexa, aparentemente caótica e descontrolada. Nem a fé, há muito já perdida, vem agora em socorro destes náufragos das ideias, que sobrevivem, simplesmente, fugindo para a frente, para onde, cada vez com menos pé, o afogamento parece ser a única saída. Medo dos nós que podem vir depois dos laços, anda-se desatado por aí na aleatoridade dos contactos fazendo amigos virtuais que se não tocam. Aos milhares e sem compromissos. Desistimos da política, da religião, da arte, da música, até de ter opiniões, porque «os gostos não se discutem». Não se discutem porque as consequências deles, não são resultados coletivos, porque tudo o que seja mais que um deixou de fazer sentido. Criou-se a aversão ao confronto e a argumentação passou a ser um exercício de má educação. Agora, apenas se argumenta o futebol, porque aí ainda é tolerável o jogo da crítica. Para compensar, esse é o campo onde tudo vale e mesmo o insulto pode fazer parte do jogo. Para compensar o vazio de tudo o resto.
E este irrealismo esquizofrenizante domina agora a economia destes dias onde a imaginação dos homens ampliada pela capacidade de cálculo virtualmente infinita das máquinas construiu uma realidade não fundamentada que se desmoronará impiedosamente. Uma questão de tempo, mas mesmo assim uma inevitabilidade. Que sobrará então? Possivelmente, a capacidade de recomeçar a partir da Estética, uma outra irrealidade, mas sensível. Para além do nevoeiro, uma esperança ainda.
E este irrealismo esquizofrenizante domina agora a economia destes dias onde a imaginação dos homens ampliada pela capacidade de cálculo virtualmente infinita das máquinas construiu uma realidade não fundamentada que se desmoronará impiedosamente. Uma questão de tempo, mas mesmo assim uma inevitabilidade. Que sobrará então? Possivelmente, a capacidade de recomeçar a partir da Estética, uma outra irrealidade, mas sensível. Para além do nevoeiro, uma esperança ainda.
segunda-feira, julho 25, 2011
Asfixia social
A Economia assume a imoralidade e o primarismo da análise. As contas fazem-se no imediato dos custos e proveitos, sem se assumirem os impactos de outra natureza além do imediatismo da análise limitada. Há outros custos quando se aumentam transportes ou quaisquer outros bens relacionados com consumos inevitáveis.: Gastar no inevitável é comprometer despesas opcionais que poderiam ter que ver com algum resto de bem-estar e ao mesmo tempo aproximar os custos do bem coletivo aos das alternativas individuais. Aí será possível imaginar impactos e custos sociais de outra ordem, quando se pensa no abandono do transporte coletivo para se optar por um transporte individual, por absurdo.
E não vale a pena discutir a justiça de medidas que afetam de forma discriminada grupos de indivíduos. A Justiça é um conceito ultrapassado e reacionário! Espera-se apenas que a inexistência de opções alternativas e o amarfanhamento sempre dos mesmos vá aumentando a pressão até se atingir um limite além do qual a revolta surgirá como opção.
Um exercício simples: de todas as medidas que o Governo atual já tomou, compare-se o impacto que tiveram no Zé e na Maria e num proprietário privado (que por acaso não anda de transporte público, nem recebe 13º mês). Outro: que parcela dos lucros de empresas (excluídos os reinvestidos, isto é os dividendos dados aos acionistas) será sacrificada neste esforço de «salvação económica»? Ou estaremos apenas a «corrigir» a distribuição entre ganhos do Capital e do Trabalho, subindo os primeiros e diminuindo os segundos? Terceiro: qual o impacto demonstrado destas medidas na taxa de desemprego?
Em resumo, uma boa semana de trabalho que a Troika agradece o vosso esforço.
E não vale a pena discutir a justiça de medidas que afetam de forma discriminada grupos de indivíduos. A Justiça é um conceito ultrapassado e reacionário! Espera-se apenas que a inexistência de opções alternativas e o amarfanhamento sempre dos mesmos vá aumentando a pressão até se atingir um limite além do qual a revolta surgirá como opção.
Um exercício simples: de todas as medidas que o Governo atual já tomou, compare-se o impacto que tiveram no Zé e na Maria e num proprietário privado (que por acaso não anda de transporte público, nem recebe 13º mês). Outro: que parcela dos lucros de empresas (excluídos os reinvestidos, isto é os dividendos dados aos acionistas) será sacrificada neste esforço de «salvação económica»? Ou estaremos apenas a «corrigir» a distribuição entre ganhos do Capital e do Trabalho, subindo os primeiros e diminuindo os segundos? Terceiro: qual o impacto demonstrado destas medidas na taxa de desemprego?
Em resumo, uma boa semana de trabalho que a Troika agradece o vosso esforço.
domingo, julho 24, 2011
Rumo e sentido
A lógica da Justiça perdeu o sentido e as opções ficam além da Moral subordinadas à aleatoridade da sorte. Chegámos a um tempo em que cada um dos que está à nossa volta passou a ser um adversário, isto é, alguém que se tolera desde que não interfira nos nossos interesses e que se abaterá, se for necessário, para que eles se mantenham e ampliem. A vida deixou de ter um rumo histórico de libertação coletiva, porque agora é cada um por si. Não se olha para trás nem para o lado, na vertigem única de seguirmos em frente em busca de algo não identificado, talvez numa ânsia de reduzirmos o receio de estar vivos e cada dia, deixou de ter um plano, o futuro perdeu as garantias e os direitos adquiridos no passado, porque cada dia pode já ser o último, tal é o Medo que nos domina.
Agora vale ter medo de tudo, menos da única coisa de que valeria ter medo: não viver, realmente. É desta forma que as longas vidas se esvaziam de vida, apenas em busca de uma linha do Guiness Book of Records.
Quanta sobrevivência inútil em vez de Vida efetiva, materializada numa história a fazer em comum? Porque a História são as interações das personagens e não o percurso autista de cada uma delas.
Agora vale ter medo de tudo, menos da única coisa de que valeria ter medo: não viver, realmente. É desta forma que as longas vidas se esvaziam de vida, apenas em busca de uma linha do Guiness Book of Records.
Quanta sobrevivência inútil em vez de Vida efetiva, materializada numa história a fazer em comum? Porque a História são as interações das personagens e não o percurso autista de cada uma delas.
sexta-feira, julho 22, 2011
Direito à vida
O mundo está a tornar-se um lugar estranho para viver. Mas não há outro! Subitamente, podemos ser apanhados numa esquina por um louco e ser desfeitos em pedaços e não foi sempre assim. Por que andam as pessoas tão infelizes ou isto não será um problema de falta de felicidade, mas de pura loucura?
Agora um norueguês doido, amanhã um outro qualquer insano e as ruas ficarão sempre cobertas de vidro e sangue. Pouco há a fazer, ou apenas ter a sorte de não estar no sítio errado. Mais uma vez a sorte se sobrepõe a toda a racionalidade. O melhor é seguir, apenas.
Inteligentes, os governantes noruegueses continuarão a andar nas ruas sem guarda-costas não sacrificando a vida à triste sobrevivência, como atualmente fazem os norte-americanos. É que há uma vida que não deve ser reduzida a sobreviver e, até prova em contrário, é limitada e o seu tempo não deverá ser desperdiçado a tirar cintos e sapatos e a repô-los, a abrir e fechar malas. Uma vida para viver simplesmente, sem sacrifícios à sua duração no tempo, porque mais vale um instante vivo que dezenas de anos preso numa liberdade que oprime.
Agora um norueguês doido, amanhã um outro qualquer insano e as ruas ficarão sempre cobertas de vidro e sangue. Pouco há a fazer, ou apenas ter a sorte de não estar no sítio errado. Mais uma vez a sorte se sobrepõe a toda a racionalidade. O melhor é seguir, apenas.
Inteligentes, os governantes noruegueses continuarão a andar nas ruas sem guarda-costas não sacrificando a vida à triste sobrevivência, como atualmente fazem os norte-americanos. É que há uma vida que não deve ser reduzida a sobreviver e, até prova em contrário, é limitada e o seu tempo não deverá ser desperdiçado a tirar cintos e sapatos e a repô-los, a abrir e fechar malas. Uma vida para viver simplesmente, sem sacrifícios à sua duração no tempo, porque mais vale um instante vivo que dezenas de anos preso numa liberdade que oprime.
A Nacional-social-democracia
De repente os ricos ficaram generosos e acham que devem pagar mais que os pobres, p ex., nos transportes públicos (onde não andam) e na saúde (quando já se tratavam fora do país). Mas há um pormenor onde não aceitam pagar mais: os impostos! Estranho, não é?
E tão generosos que são, vão criar um passe social para indigentes. Outros houve que marcaram ainda outros com uma estrela! Também agora, o uso de passe social passará a ser um estigma. Afinal eles é que sabem de Estado Social.
E tão generosos que são, vão criar um passe social para indigentes. Outros houve que marcaram ainda outros com uma estrela! Também agora, o uso de passe social passará a ser um estigma. Afinal eles é que sabem de Estado Social.
terça-feira, julho 19, 2011
Pré-época: O reforço dos Gatos
Foi um casting para ser o quinto elemento dos Gatos? Há ali inspiração felina (Tiago Dores que se cuide!).
segunda-feira, julho 18, 2011
O buraco
Lei da conservação da massa: Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
Lei da conservação das «massas»: Na economia, o que se produz é consumido ou sobra, tudo se troca de uma maneira ou de outra, se alguém compra é porque alguém vende e se alguém tem prejuízo é porque alguém lucra com isso. O sistema não induz a perda de todos, até porque os bons negócios são os que «fazem ambas as partes ganhar». Por vezes a doutrina não funciona, porque alguém abusou e corrompeu as regras da livre negociação, por exemplo, subsidiando a destruição da produção, rapinando os ativos existentes. É a Guerra!
Vem isto a propósito de saber quem é que está a ganhar nesta crise que não é generalizada. Depois de identificar os ganhadores, logo se analisará a forma como chegaram à vitória. Isso é necessário para se fazer a justa correção dos erros. Voltar a pôr a coisa a andar decentemente.
Dizia-me a doente: Pois está a ver isto, os alemães sempre a dizerem que nós gastamos sem termos para o fazer, mas afinal não deixam de nos vender BMWs e Audis... Ok, combata-se o consumo, mas prendam-se os dealers.
Lei da conservação das «massas»: Na economia, o que se produz é consumido ou sobra, tudo se troca de uma maneira ou de outra, se alguém compra é porque alguém vende e se alguém tem prejuízo é porque alguém lucra com isso. O sistema não induz a perda de todos, até porque os bons negócios são os que «fazem ambas as partes ganhar». Por vezes a doutrina não funciona, porque alguém abusou e corrompeu as regras da livre negociação, por exemplo, subsidiando a destruição da produção, rapinando os ativos existentes. É a Guerra!
Vem isto a propósito de saber quem é que está a ganhar nesta crise que não é generalizada. Depois de identificar os ganhadores, logo se analisará a forma como chegaram à vitória. Isso é necessário para se fazer a justa correção dos erros. Voltar a pôr a coisa a andar decentemente.
Dizia-me a doente: Pois está a ver isto, os alemães sempre a dizerem que nós gastamos sem termos para o fazer, mas afinal não deixam de nos vender BMWs e Audis... Ok, combata-se o consumo, mas prendam-se os dealers.
domingo, julho 17, 2011
Depressão ou silly season?
Se calhar foram de férias quando não deveriam ter ido. Mas a verdade é que não tenho ouvido a esquerda falar por estes dias. Não, não é o PS que está em período de nojo pelo futuro filósofo que agora come croissants na Rive Gauche . Falo mesmo é do PC e do Bloco. Foram silenciados nos media ou estão a banhos?
Eu estive, gostosamente a banhos esta tarde em que o sol ainda não arde e tudo continua fresco (exceto no Ministério da Agricultura...).
Eu estive, gostosamente a banhos esta tarde em que o sol ainda não arde e tudo continua fresco (exceto no Ministério da Agricultura...).
sábado, julho 16, 2011
Jovens rebeldes
Os jovens rebeldes que nos governam continuam a marcar a agenda. Depois de um ter ido à tomada de posse de scooter (grande texto de César Príncipe), agora é a notícia da Ministra que quer apagar o ar condicionado no Ministério: que a temperatura suba que ela lhes vai arrancar as gravatas também. Esperam-se cenas dos próximos dias. Sem camisa? E sem o que mais à frente se verá! (Ainda haverá tanga?) Sempre a aquecer.
quinta-feira, julho 14, 2011
A entrada
Acertados os fusos em 24 horas e pronto para a grande festa. O esforço conjunto e empenhado tinha preparado o terreno e no resto o clima ajudou sem muito calor nem muito frio.
- Esteve bonita a festa, pá. Mesmo se os microfones não lhes tivessem ampliado as vozes, não teriam deixado de nos recordar que mesmo sendo as rosas todas iguais, sempre se encontra uma que é diferente de todas as outras, sendo única porque é com ela que gastamos o nosso tempo. E o tempo apenas começa agora prolongando-se por muitos mais dias do que mil e uma noites de que esta festa foi feita.
- Soube bem ver os amigos que vieram, alguns com sacrifício, e ver-lhes algum sorriso não disfarçado. Sempre serão bem-vindos neste quadrado que se quer um espaço de pausa e renascimento. É para isso que se está aqui.
- Depois destes momentos, fica-se mais condescendente com a besta que corre, funga, pára e revolta numa tarefa incessante na busca de uma estátua que não vem.
- Mais custa ouvir um Presidente trair a Constituição que jurou e dizer que devem uns comparticipar mais, nos cuidados de saúde, de acordo com as suas posses. Nada seria mais certo se a doença fosse uma opção de aquisição e, não impusesse a civilização, que deverão ser os sãos a pagar o desconforto dos doentes. De acordo com os seus rendimentos, certamente, já pagos pelos impostos. Ainda que tenham de ser aumentados ou criado algum especificamente para suportar os cuidados de saúde e manter sustentável o SNS, mas mantendo sempre o princípio de que não devem ser as vítimas a custear os acidentes.
- Mais irrita este crescendo de indignação e ofensa nacional porque a lógica do sistema que ontem aplaudiram (e ainda não deixaram de louvar) agora nos atira para o lixo. Nada acalma estes mercados nem a simpatia cândida de um Coelho. E o maremoto ainda está para vir.
- Aos poucos vou-me cansando de ser parte da causa de todos os males por estar exclusivamente do lado do Público e privado de ser privado nas horas vagas. Cresce a vontade de lhes fazer a vontade e reduzir-lhes a despesa que fazem comigo, dando o meu modesto contributo para a atenuação do défice. Mais cedo do que mais tarde e que se lixem as penalizações.
- Amanhã volta a ser sexta-feira. A liberdade vai passar por aqui.
A saída
Já vão longas estas férias blogueiras e, desta vez, nem foi a motivação da ausência de acontecimento num período em que a desagregação progride serena e determinada. É tempo de fazer um resumo, recorrendo a uma lista que foi crescendo:
Ø Os funcionários de bordo da United-Continental são agora, cada vez mais, os restos de mulheres que se adivinha terem sido bonitas. Agora apenas se arrastam pela realidade da sua insegurança social até que partam definitivamente noutra viagem. Parecem ansiar por ela. Cansados, atiram-nos comida para cima dos tabuleiros e cobram-nos tudo o que tenha álcool. Deixam-nos longos tempos sem água, indiferentes ao risco das flebotromboses. No final, despedimo-nos com um sorriso politicamente correto. Igualmente cansado de tantos anos passados a sorrir da mesma forma.
Ø Meios zombiedos pelas diferenças horárias, aguarda-nos o habitual jantar de hotel, com sabor a refeição entre a ceia e o pequeno-almoço. Percebo então que a epidemiologia da Diabetes, olhando a dimensão de um grupo de 2 dúzias de médicos, maioritariamente cientistas da prescrição das últimas novidades terapêuticas. Trata-se realmente de uma doença frequente! Nos dias seguintes, ver-nos-emos ocasionalmente nos corredores do Centro de Congressos e nos Outlets vizinhos da cidade. Viver em Portugal é fácil.
Ø San Diego, ao fundo da Califórnia, reparo agora é das cidades que mais tenho visitado. Tranquila, sensivelmente igual sempre, ideal para partir para um lado qualquer, nem que seja para apanhar o trolley e ir até Tijuana ver a concentração das gentes. Na Union Square sempre os mesmo desistentes, arrastando-se e discursando alienados empurrando pequenos carros de cobertores e restos de comida. De quando em onde, soam alguns insultos, contra a guerra onde perderam os neurónios subjugados pelos medos dos traumas. E também contra todos os que passamos pela negação do spare change. Quatro quarteirões ao lado, os iates ondulam suavemente na marina.
Ø Já é habitual nos Congressos americanos não incluírem nas despesas da organização qualquer fornecimento de bloco de notas ou lápis para registar algo que se ache interessante. Aquilo é para ver, ouvir e relembrar os magotes de dados de argumentação para estimulação das vendas dos vários produtos que ali nos levam. Por todo o lado também já estou habituado a ver aqueles avisos de proibição de fotografar ou registar as sessões com qualquer meio mais ou menos eletrónico. Mas sempre tinha achado esses anúncios da mesma forma que os italianos olham os sinais vermelhos nos cruzamentos e visto, com naturalidade e sem espanto, o espetáculo até esteticamente interessante da onda de ecrãs que sobe e desce cada vez que desliza um novo gráfico projetado. Mas desta vez surgiu a novidade dos seguranças intervenientes, passeando na sala, acenando a proibição anunciada. Ainda não destruíram camaras, mas perturbam. E todo este cenário para aumentar o mercado dos registos oficiais que são fornecidos a troco de cerca de 400 dólares. Depois de se pagar uma inscrição de algumas centenas de dólares, fica a dúvida da justeza de se ser impedido de tomar notas eletrónicas, tanto mais que os verdadeiros produtores da informação, se calhar, pouco tinham a objetar aos registos. Pelo menos eu, quando falo, gostaria que a mensagem do que digo fosse transmitida e recebida o mais possível não ficando confinada aqueles 20 minutos de discurso. Que a levem para casa e reflitam, é o que mais gozo me pode dar. Mas talvez estes tenham vendido os direitos e perdido, em troca, a liberdade.
Ø À noite passam comboios de 3 andares de carros asiáticos abastecendo um imenso mercado que desistiu há muito de Detroit. Todas as noites, o mesmo tsunami de lata entra naquele país, aumentando sempre aquele número gigantesco de uma quase infinitude de dígitos que descreve a dívida americana. Este fenómeno só poderá ter um resultado final catastrófico, porque quem sistematicamente mais consome do que faz, terminará necessariamente caquético por muito que a criatividade contabilística seja gigantesca e o papel disponível para imprimir dólares seja virtualmente infinito.
Ø No final dos dias valeu a pena pela organização de ideias e colheita de algumas novidades. Acima de todas constatar a ousadia de ver pensar diferente, que sobressaiu da Banting lecture feita por Barbara Corkey. A insulinorresistência pode afinal ser uma insulinoabundância determinada por consumo de lixos não alimentares disponíveis consumidos desde o carrinho de bébé. Faz todo o sentido olhando a epidemiologia do problema e, a ser assim, haveria que afinar a pontaria para novos alvos terapêuticos e concluir que até agora se andou a atirar ao alvo errado.
Ø No regresso, ainda Nova Iorque e Times Square às 3 da manhã sob calor intenso e húmido e após uma chuva torrencial de 5 minutos, servida para refrescar os dedos das senhoras mal protegidos pelas sandálias que foram em busca de verão.
Ø E as torres que já se vão espetando no ground zero e mais umas canecas bebidas no McSorley (Be Good or Be gone!), onde as lembranças são fartas e não só as das paredes onde há a notícia da morte de Lincoln num jornal da época.
Já não há nos escaparates T-shirts com a cara do Obama, nem cartões dele com a Michele dispostos nas ruas para os turistas tirarem a foto com os Primeiros. Sente-se o desencanto que vai dominando esta terra decadente.
Ø Os funcionários de bordo da United-Continental são agora, cada vez mais, os restos de mulheres que se adivinha terem sido bonitas. Agora apenas se arrastam pela realidade da sua insegurança social até que partam definitivamente noutra viagem. Parecem ansiar por ela. Cansados, atiram-nos comida para cima dos tabuleiros e cobram-nos tudo o que tenha álcool. Deixam-nos longos tempos sem água, indiferentes ao risco das flebotromboses. No final, despedimo-nos com um sorriso politicamente correto. Igualmente cansado de tantos anos passados a sorrir da mesma forma.
Ø Meios zombiedos pelas diferenças horárias, aguarda-nos o habitual jantar de hotel, com sabor a refeição entre a ceia e o pequeno-almoço. Percebo então que a epidemiologia da Diabetes, olhando a dimensão de um grupo de 2 dúzias de médicos, maioritariamente cientistas da prescrição das últimas novidades terapêuticas. Trata-se realmente de uma doença frequente! Nos dias seguintes, ver-nos-emos ocasionalmente nos corredores do Centro de Congressos e nos Outlets vizinhos da cidade. Viver em Portugal é fácil.
Ø San Diego, ao fundo da Califórnia, reparo agora é das cidades que mais tenho visitado. Tranquila, sensivelmente igual sempre, ideal para partir para um lado qualquer, nem que seja para apanhar o trolley e ir até Tijuana ver a concentração das gentes. Na Union Square sempre os mesmo desistentes, arrastando-se e discursando alienados empurrando pequenos carros de cobertores e restos de comida. De quando em onde, soam alguns insultos, contra a guerra onde perderam os neurónios subjugados pelos medos dos traumas. E também contra todos os que passamos pela negação do spare change. Quatro quarteirões ao lado, os iates ondulam suavemente na marina.
Ø Já é habitual nos Congressos americanos não incluírem nas despesas da organização qualquer fornecimento de bloco de notas ou lápis para registar algo que se ache interessante. Aquilo é para ver, ouvir e relembrar os magotes de dados de argumentação para estimulação das vendas dos vários produtos que ali nos levam. Por todo o lado também já estou habituado a ver aqueles avisos de proibição de fotografar ou registar as sessões com qualquer meio mais ou menos eletrónico. Mas sempre tinha achado esses anúncios da mesma forma que os italianos olham os sinais vermelhos nos cruzamentos e visto, com naturalidade e sem espanto, o espetáculo até esteticamente interessante da onda de ecrãs que sobe e desce cada vez que desliza um novo gráfico projetado. Mas desta vez surgiu a novidade dos seguranças intervenientes, passeando na sala, acenando a proibição anunciada. Ainda não destruíram camaras, mas perturbam. E todo este cenário para aumentar o mercado dos registos oficiais que são fornecidos a troco de cerca de 400 dólares. Depois de se pagar uma inscrição de algumas centenas de dólares, fica a dúvida da justeza de se ser impedido de tomar notas eletrónicas, tanto mais que os verdadeiros produtores da informação, se calhar, pouco tinham a objetar aos registos. Pelo menos eu, quando falo, gostaria que a mensagem do que digo fosse transmitida e recebida o mais possível não ficando confinada aqueles 20 minutos de discurso. Que a levem para casa e reflitam, é o que mais gozo me pode dar. Mas talvez estes tenham vendido os direitos e perdido, em troca, a liberdade.
Ø À noite passam comboios de 3 andares de carros asiáticos abastecendo um imenso mercado que desistiu há muito de Detroit. Todas as noites, o mesmo tsunami de lata entra naquele país, aumentando sempre aquele número gigantesco de uma quase infinitude de dígitos que descreve a dívida americana. Este fenómeno só poderá ter um resultado final catastrófico, porque quem sistematicamente mais consome do que faz, terminará necessariamente caquético por muito que a criatividade contabilística seja gigantesca e o papel disponível para imprimir dólares seja virtualmente infinito.
Ø No final dos dias valeu a pena pela organização de ideias e colheita de algumas novidades. Acima de todas constatar a ousadia de ver pensar diferente, que sobressaiu da Banting lecture feita por Barbara Corkey. A insulinorresistência pode afinal ser uma insulinoabundância determinada por consumo de lixos não alimentares disponíveis consumidos desde o carrinho de bébé. Faz todo o sentido olhando a epidemiologia do problema e, a ser assim, haveria que afinar a pontaria para novos alvos terapêuticos e concluir que até agora se andou a atirar ao alvo errado.
Ø No regresso, ainda Nova Iorque e Times Square às 3 da manhã sob calor intenso e húmido e após uma chuva torrencial de 5 minutos, servida para refrescar os dedos das senhoras mal protegidos pelas sandálias que foram em busca de verão.
Ø E as torres que já se vão espetando no ground zero e mais umas canecas bebidas no McSorley (Be Good or Be gone!), onde as lembranças são fartas e não só as das paredes onde há a notícia da morte de Lincoln num jornal da época.
Já não há nos escaparates T-shirts com a cara do Obama, nem cartões dele com a Michele dispostos nas ruas para os turistas tirarem a foto com os Primeiros. Sente-se o desencanto que vai dominando esta terra decadente.
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