Primeiro estranhei a multidão numa sexta-feira à tarde, mas é sabido que o contacto com um possível futuro ministro os leva aos maiores sacrifícios e poucos foram os que lá não estiveram. Depois os sábios, optaram pela teorização da gestão da saúde em tempos de crise e fugiram, com excepção do potencial ministro, à apresentação de medidas concretas. A mais significativa, a necessidade da separação do trabalho dos médicos entre sector privado e público. É mais que tempo de parar com esta coisa de ir fazer umas horas de manhã a um hospital e depois ir ganhar dinheiro no sector privado. Pois é, mas continua. Tornar transparente a gestão através da accountability do que é feito, outra necessidade imperiosa. Mas ninguém quer saber. O resto foi a negação da realidade e a insistência no erro da promoção das corporações. Maldito Salazar que impregnou os genes desta malta!
E também houve disparates gigantes: desde a consideração que é um atentado à liberdade individual haver numerus clausus para entrar no curso de Medicina (os meninos riquinhos que estudem mais, tá?) até à promoção da responsabilidade individual dos doentes pela sua patologia (e as condições que a sociedade lhes impõe e os discrimina, ou querem sugerir que estamos todos no mesmo patamar?). Já para não falar da insistência na culpabilização dos cuidados primários na crise sem se mencionar que eles têm apenas um terço dos médicos. Enfim mais do mesmo, ausência de surpresas. Uma tarde mal perdida.
E logo a seguir veio a Senhora da Gripe dizer que a culpa vai ser da gestão se não conseguir produzir mais com menos euros. Esta senhora nunca se engana, o problema é que não sabe. Obviamente, demita-se!
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