segunda-feira, outubro 04, 2010

Rumo ao caos

Embora a definição de imposto da Wiki reze que Imposto é uma quantia em dinheiro, paga obrigatoriamente por pessoas ou organizações a um governo, a partir da ocorrência de um fato gerador, calculada mediante a aplicação de uma alíquota a uma base de cálculo., na prática imposto é a diferença entre a receita que se tem e o capital que fica disponível após a obrigação que nos é imposta. Por exemplo, se ganhamos 1000 e apenas depositamos no Banco 700, 300 foram-nos retirados para imposto. É pois com estranheza, que tanta berraria contra os Impostos se não traduza por igual algazarra contra o que recentemente foi feito. Considerando que a taxa se mantinha nos 30%, aos funcionários públicos acontece uma coisa curiosa: a quem ganhava 1000 foi imposta uma redução média de 5%, isto é 50, logo passa a ganhar 950, que multiplicados por 0,3 levam a um depósito de 665. Moral da história com esta retenção na fonte de 5%, o tal imposto efectivamente pago passou de 30% para 33,5%, isto é, os funcionários públicos tiveram com esta habilidade um aumento de 3,5% de imposto, em média. Passos Coelho e toda a intelectualidade economista que desfila pelas televisões aplaudem, quando ainda há dias vociferavam contra o aumento dos impostos. Meus senhores, os funcionários públicos acabam de ter um aumento de 3,5% de imposto! Com efeito quem no sector privado ganhava 1000 e recebia 700, com as alterações actuais irá receber os mesmos 700, sem ter tido qualquer agravamento dos impostos.
Os funcionários públicos foram discriminados em relação à generalidade da população ou seja foi criado um imposto que apenas os afecta a eles! Ao menos os impostos eram dantes iguais para todos, mas com esta proposta do Governo a coisa mudou. O que mais revolta não é o aumento dos impostos (se vivemos acima das posses alguma vez teremos de pagar), mas esta diferenciação entre portugueses de segunda e de primeira, pois bem mais equitativo seria que tivessem aumentado os impostos da generalidade da população, conseguindo-se dessa forma, possivelmente, que o nível mais baixo de vencimento sobre o qual incidiriam os impostos fosse não 1500 € por mês, mas algo mais elevado, ou reduzir a taxa de imposto a pagar por cada nível salarial. A receita para fazer face à dita crise até seria a mesma!!! Injusto também porque, na verdade, quem vai pagar desta vez a crise é apenas um subsector, que, com alta probabilidade, não foi quem contribuiu particularmente para o défice. Não há moralidade, por isso não pagam todos e, sobretudo, não paga quem o devia fazer. Mas será que o país funcionará sem médicos, professores, pessoal da administração públicos? Não é isto um incentivo à fuga para os privados, mais um episódio da Santa Marcha pelo fim do Estado e pelo fim da capacidade de controlo dos serviços essenciais de um país civilizado? Rumo ao caos do descontrolo que tanto santificaram e levou ao descalabro de há 2 anos? Mas esta gente não aprende mesmo...

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