sexta-feira, dezembro 04, 2009

Salto à Vara no país dos pico-nanos

A grande tese da direita mais assumida é que estando o emprego dependente fundamentalmente das pequenas e médias empresas, o combate ao desemprego passa pelo apoio a esses empresários. Nos últimos tempos, tenho tido alguns contactos com eles, com donos de alguns negócios (as chamadas empresas) onde se produzem janelas, portas, instalações de águas, aquecimentos e por aí e tenho-me apercebido da sua iliteracia, do seu saber adquirido apenas e muitas vezes por tradição familiar, da sua facilidade da concepção do trabalho, lentidão da sua execução, incumprimento de prazos, alheamento da inovação e já nem se fala da falta de vontade de pagar impostos. São gente que não aprendeu a gerir, executa tradicionalmente e não tem vontade de aprender, orgulhosa do que faz e com sentimentos de que todos (isto é, o abominável Estado que lhes cobra impostos) lhe devem porque eles são o motor da economia. Andam de Mercedes modelo antigo e vestem roupa de marca comprada na feira para afirmarem o seu trabalho. Têm um infinito objectivo de safar o seu, sem grandes preocupações de outra natureza, nomeadamente o bem-estar dos que lhe fazem a produção. E fico a pensar que é para o peditório destes pequenos ou pico-nanos que nos querem convencer a contribuir e encho-me de dúvidas se essa não é uma forma de perpetuar uma classe que entretém, mas não cria, isto é, de meramente adiar um problema, pois o seu destino será sempre o da falência mais tarde ou mais cedo. Penso mesmo se não seria mais justo serem empregados de alguém que soubesse gerir os seus negócios, que é mais isso que têm e não empresas. Nestes pico-nanos vejo muito do que sempre estão prontos a criticar: os golpes dos políticos e parceiros neste país, como dizem, parecendo que não são de cá. Mas, lá no fundo, fica a impressão da inveja que estes pico-nanos têm do salto à Vara. Mas há saltos que só algumas pernas conseguem dar, tenham paciência.

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