terça-feira, dezembro 29, 2009

Fumo

Num instante fica-se amputado da memória de um tempo que tínhamos guardado numa caixinha metálica e não se percebe como isso é possível. Também se não compreende como tinha sido possível lá pôr toda a memória desse tempo ao longo de um ano. Mas a magia tem destes coisas, como vem também vai. Afinal, apenas sobrevivem os registos que tinham sido impressos, nessa actividade de que nos auto-acusamos de destruirmos as árvores. Tanta campanha do paper free e agora se constata que a liberdade da recordação depende, realmente, do que o papel regista. Tudo o resto mora não se sabe bem aonde, se não morto, em transformação, se o outro tinha razão. Até é possível que, um dia, também estes registos feitos não sei onde, acabem por se esconder de vez, reduzidos ao silêncio de algum interesse. Tudo é efémero.

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