De repente, sou assaltado pela nostalgia daquela imagem de ver uma plateia imensa dentro de um avião em movimentos convulsivos de riso, a verem uma fita do Mr Bean. Era o tempo em que havia uns ecrãs grandes na parede, onde os filmes eram projectados para visão colectiva dos passageiros.
Agora, temos um ecrã pequenino, nas costas do banco da frente e a chamada liberdade de escolha. Cada um vê, ouve, joga aquilo que lhe apetece. Visto da cadeira da coxia da fila 33 há um ecrã de cada cor e assunto diferente nas cadeiras avistadas. Cada um isolado dos outros, sem a liberdade de uma experiência comum. Uma vez por outra vê-se alguém isolado perdido de vontade de rir, mas contendo a extravasão da gargalhado pelo receio do ridículo de se pôr ali no meio dos outros a convulsivar. Dantes era mais fácil pela solidariedade cúmplice dos parceiros de gargalhada. E, desta forma, lá se vai a liberdade individual, afinal. Nas pequenas coisas o mundo vai mudando e eu fico cheio de dúvidas sobre o mérito do sentido da mudança.
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