sexta-feira, fevereiro 27, 2009
Concursos
Tudo isto em nome de uma formalidade, uma cerimónia iniciática, para se entrar no grupo dos especialistas. O curioso é que, de forma unânime, todos achamos que este concurso é um non sense, mas continuamos a participar, alguns mais obrigados do que outros.
Depois acabamos todos classificados com 19 vírgula e felizes a beber Moet Chandon.
Será que podemos mudar? Ao menos tentar...
quinta-feira, fevereiro 26, 2009
Devíamos gerir a vida por objectivos. Alinhavamos os vários pontos e íamos, depois, pondo a cruzinha à medida que fossem realizados. Nesse programa a ninguém seria permitido que o seu objectivo de vida fosse estar vivo daqui a muitos anos, porque isso, é a melhor maneira de passar ao lado da vida. Objectivos só os concretos, específicos, determinados pela imaginação e pela vontade. Quando chegados ao fim da lista, poderíamos passar à fase seguinte, sem o remorso de termos evitado tanta coisa para nada. Felizes, com certeza.
quarta-feira, fevereiro 25, 2009
Parasitas
terça-feira, fevereiro 24, 2009
Máscara
segunda-feira, fevereiro 23, 2009
Claro e exemplar
sábado, fevereiro 21, 2009
Aos 90 anos...
quinta-feira, fevereiro 19, 2009
Caminheiros
quarta-feira, fevereiro 18, 2009
Visionário
Mas houve um que viu antes do tempo, muito antes mesmo:
"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se torne insuportável. O débito não pago levará os bancos à falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado"
Karl Marx, in Das Kapital, 1867
segunda-feira, fevereiro 16, 2009
Revolta
domingo, fevereiro 15, 2009
Com todos os sentidos
Ali sempre encontro o refúgio da paz na visão do silêncio onde só cabe o chilrear dos pássaros e o anúncio do vento no fim da tarde.
A terra ensopada começa a estar crocante pelos últimos dias de sol. Ao pisá-la tenho a ilusão de estar sobre um gigantesco bolo de chocolate. Um dia hei-de também entender que é o sol que molha o que a chuva quase secou.
Ficarei encantado na visão do fogo que arde antes da noite chegar, sentado no banco debaixo da árvore do tronco retorcido. Imagino que os dias fiquem de um tamanho que agora lhes não conheço aumentados pela audição silêncio, pelo tacto da terra, pelo aroma dos coentros, pela visão do fogo e pelo sabor dos ensopados. Todos os sentidos despertados numa orgia de tempo sem relógios, de sol-a-sol.
sexta-feira, fevereiro 13, 2009
Changeling
Daqui a alguns anos, como fizeram com o Vietname, farão um novo Apocalipse então, revelando os Guantanamos de agora e serão, novamente, candidatos aos seus Óscares que tirarão o sono numa madrugada a uns tantos. É nos filmes que expurgam os seus pecados. E nós continuamos a perdoar-lhes porque alguns deles são quase perfeitos quando representam, como é o caso desta Angelina, verdadeiramente Jolie.
domingo, fevereiro 08, 2009
A inutilidade dos coelhos
sábado, fevereiro 07, 2009
Em rodapé
Aproxima-se uma altura da minha vida em que o pensamento pode ser expresso sem a auto-censura do compromisso, o que transmite uma enorme sensação de liberdade. Realmente num mundo que aspira à liberdade, bem poucas são as vezes em que ela se expressa de forma incondicional, sem a amputação da conveniência, quando não do medo. Essa é uma escravidão muitas vezes ignorada ou geradora de náusea sem aparentes motivos. É, por isso, um bom tempo, esse que aí vem.
É um espectáculo, para mim inquietante, ver o poder congratular-se com a realidade. Apesar da felicidade ser boa de ver, sempre me parece que a mudança depende fundamentalmente da insatisfação, ao passo que a satisfação é, na maioria das vezes, fonte de paralisia.
Percebo que o poder faça o seu auto-elogio, porque, na verdade, essa é a forma de se justificar, mas sou exigente ao ponto de continuar a achar que se esgota e cristaliza as suas acções quando sente que chegou onde ninguém teria sido capaz de ir. Que se engane, é o menos. Que nos tente enganar é que já não é aceitável. Afinal, não somos parvos.
SNS
Acabo de assistir a um interessante debate sobre o Serviço Nacional de Saúde onde de lés-a-lés se proclamou o óbvio: é uma boa história de sucesso, a precisar, se calhar, de algumas inovações, entre as quais, possivelmente, a mais determinante será a necessidade de o repensar. Repensá-lo ´mantendo sempre a necessidade da solidariedade, que implica que sejam os saudáveis a pagar a doença aos doentes. Assim e de repente, tudo parece consensual, mas, ainda assim, é importante que se pense na obrigatoriedade de medidas para promover a saúde, quer a nível geral, quer a nível individual. Quando se desce dos princípios gerais ao exercício da sua aplicação prática, rapidamente a unanimidade se perde. Se nas metas sobressai o consenso, não deixamos de saber que se uns defendem que as casas de banho do hospital não têm de ser diferentes para doentes e médicos, todas têm de ter qualidade elevada, outros defendem que os médicos não deverão, quando se dirigem aos seus consultórios, passar por entre os doentes sujeitando-se dessa forma ao escrutínio da hora a que chegam e deveriam ter uma entrada exclusiva.
Percebo, que não pode haver a ilusão de equidade no consumo de um bem, quando o fosso da desigualdade se alarga em tudo o resto, mas é no campo das decisões concretas e não no campo dos princípios que é preciso intervir de modo a atenuar o que é gritante.
Esta é a dimensão da intervenção geral.
Mas num mundo de importância relativamente crescente do problema das doenças crónicas, embora as mais das vezes determinadas por estratégias erradas da evolução das sociedades, não deve e não pode ser esquecida a responsabilidade individual e dos comportamentos de riscos auto-assumidos. E aqui, a atenuação das diferenças e o objectivo da equidade, poderá ter de passar por um tratamento diferente em termos de comparticipação pessoal nos custos colectivos, isto é, quem se auto-inflige os problemas, deverá ter de ser responsabilizado, em função das suas posses, pelo custo derivado do problema. Haverá que definir situações em que, sendo sabido que as complicações são maioritariamente determinadas por comportamnetos errados e conscientes, não sejam aqueles que pautam a sua vida pelos comportamentos adequados que vão pagar a conta. Serão por isso razoáveis, por exemplo, o aumento do imposto no tabaco, o aumento das multas por excesso de velocidade. Noutro campo, como o da nutrição, tratando-se de uma actividade imprescindível à vida, parece-me já razoável que as consequências sejam tratadas com os meios adequados e os custos suportados de forma diferenciada, pagando os que podem, deixando-se a gratuitidade para os que têm na obesidade e na diabetes um fardo a que não se podem eximir devido às circunstâncias da sociedade em que estão inseridos. E não deve, claramente, esquecer-se a taxação da indústria alimentar produtora dos produtos tóxicos, criando, necessariamente, mecanismos reguladores que impeçam a reflexão desse aumento no custo dos produtos.
Este debate do mundo real, das coisas tangíveis, é o parente pobre das discussões, havendo sempre uma tendência ao privilégio do abstracto e mais consensual. Até porque divergir e assumir a fractura é sempre mais incómodo e todos achamos que devemos obter o máximo com o mínimo do esforço.
quinta-feira, fevereiro 05, 2009
Intoxicados
Mas não deixa de ser comovente, assistir a esta imperiosa nacionalização do prejuízo, depois de tanta reclamação nos anos do PREC, de privatização do que, então nacionalizado, dava lucro.
Bom, mas parece que os lucros continuam... Vá lá entender-se isto.