Tem dias em que gosto de ficar a olhar para o tempo a passar, a vê-lo escorrer nas lembranças de outros momentos. Sair daqui, ainda que ficando e olhar os intervalos do pesadelo, na certeza de que não pode persistir eternamente, porque, como diz o povo, não há mal que sempre dure. É o meu estado de guerrilheiro sentado na montanha à procura do horizonte, maior nestes dias de céu azul de muito frio.
E ficar aqui, só, a ver as palavras que não chegam, assim, serenamente, tendo afinal um livro para escrever e muitos outros para ler, mas só pelo prazer da contradição, não o fazer. A areia vai descendo na ampulheta na impossível contagem dos grãos de areia. E eles caem, decididos, sem parar nunca. De repente, nem me sobressalto, por ter passado mais uma semana. A dúvida que me assalta é a dimensão da duna que ainda não caiu pelo estreito.
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