terça-feira, abril 16, 2013

Por menos se assassinou um rei

Quando Mário Soares dá uma entrevista ou escreve um artigo num semanário fica sempre a dúvida se a demência não será mais tranquila que a lucidez. Um lúcido perceberá sempre as respostas mais ou menos sussurradas dos comentadores inúteis opinativos que dizem invariavelmente algo semelhante a «deixem falar o velho». Curiosamente, essas doutas opiniões, queiram ou não, têm uma dívida para com os criticados como Álvaro Cunhal ou Mário Soares. Foi essa gente que ignorava os mercados que nos governam que permitiu a libertação da palavra. Um, visionário, não se cansou de alertar contra os riscos daquilo que hoje se percebe ser uma real dificuldade, outro que nos levou para ela, mas ambos gente que sabia pensar pela sua cabeça e que procurou que todos pudessem pensar pela sua própria cabeça.
Mas pensar não é fácil ao contrário do que se procura hoje no mercado...

terça-feira, abril 09, 2013

Just say no!

Um ministro das finanças ocupado a autorizar a compra do papel higiénico é a realidade a que esta coisa chegou. Já houve outro que também era muito poupadinho e gostava de mandar nos seus colegas de ministério. O resultado acabou num abril de há uns anos.
E os sinais são preocupantes quando, por exemplo, começa a fazer escola uma coisa abjeta chamada arco da governação. É como se alguém tivesse decidido que só há um caminho, que o resto é desprezível. Mas aqui a culpa não é deles, é dos que se abstêm, é dos que não pensam, dos que não ousam, dos que ficam a ver o dia seguinte a falar do dia anterior, esmiuçando todos os lances até à exaustão, dos que contemplam a vida dos outros e das outras e se esquecem de ver as suas, dos impotentes e descrentes. E afinal, até há bons conselheiros, prémios Nobel e tudo, que nos dizem para dizermos uma coisa assim tão simples:


segunda-feira, abril 08, 2013

É a natureza do trabalho, estúpidos!

Dizem eles que se ganha mais no público que no privado.

Público e privado
Eugénio Rosa fez contas com base em dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) de 2005. Estes indicavam um rendimento médio anual de 9335 euros para os trabalhadores com o ensino básico: 1.º ciclo (antiga primária), 2.º e 3º ciclos, de 16 743 para os que têm o ensino secundário e de 28 538 para quem possui o ensino superior.
Habilitações
A maioria dos trabalhadores do sector privado (72,5%) tinha, em 2005, o ensino básico, e apenas 11% possuíam o ensino superior. Já a maioria dos funcionários da administração pública tinha mais habilitações que escolaridade básica. E 44% concluíram uma formação de nível superior.

 Comentários para quê? É a natureza do trabalho, estúpidos! Portanto será bom não comparar o incomparável e achar que algumas «garantias» de emprego nas funções públicas mais não são que compensações idênticas às que ocorrem em funções privadas, tipo automóvel da empresa, telemóvel, computador, cartão de crédito, etc.

domingo, abril 07, 2013

Governo anti-social

Só porque, alguns como eu, continuam com a bênção do trabalho, se explica ter eu estado a passar ao lado destes tempos estimulantes. Passo ao lado, mas vivo, mesmo no silêncio desde há quase 15 dias que estão a  mudar o mundo, pelo menos este pequenino onde nos movemos, mas se calhar transcendendo-o.
Neste tempo aconteceu o confisco em Chipre e pus-me a fazer contas: 100000/485= 206. 206 meses são 17 anos. Portanto, um tipo com o salário mínimo acumula ao fim de 17 anos os tais 100000 euros para depositar. Só precisa de andar nu, dormir na rua e não comer durante todo esse tempo...mais nada
Deve ser por isso que mais de 98% dos depósitos bancários em Portugal estão abaixo de 100000 euros. O que eu não sabia, é que os outros pouco mais de 1% dos depósitos, representam mais de 40% do dinheiro depositado. E os donos andaram bem vestidos, dormiram em casas de milhões e comeram do bom, além do resto...tudo. Devia ser um trabalho estimulante fazer o estudo de como se entra nesse grupo dos pouco mais de1% e ver que ligações poderiam existir com toda esta conversa do défice e desgraças do Estado ingovernável. Já agora, perceber quantos eram funcionários públicos ou seja a causa de todas as maldições.
Pelo caminho, cortou-se o Relvas por gostar mais de falar do que escrever. Parece que o senhor afinal cometeu um pequeno erro e fez uma oral que deveria ter sido escrita. Gostei particularmente de um título de um jornal: Relvas acaba o curso no Governo.
E o fim de semana foi uma enchente de conteúdos. O Tribunal Constitucional decidiu e já sabemos que quando os juízes decidem, está decidido. Sabemos nós, mas alguns não! A Leal ao Passos ficou perplexa e o dito pôs o ministério a fazer horas extra ao sábado à tarde, após o que, pediu audiência de urgência ao patrão. É curioso, como estas coisas são, pois a urgência afinal não decorreu da reunião extraordinária como o prova a primeira página do Expresso, onde, já pela manhã,  ficávamos a saber que  o Governo pedia a tal reunião urgente ao Presidente. O bom patrão, confirmou o emprego aos rapazes. Finalmente, o rapazola capataz, veio chispar durante a tarde de domingo (antes do Benfica estar a jogar ou ninguém o ouviria) contra os juízes, que, a partir de agora, vão ser (com o Sócrates e,claro, os funcionários públicos) a causa de todas as misérias do mundo. É o normal funcionamento das instituições democráticas, isto é, PR e Governo, que o resto são forças de bloqueio de democraticidade duvidosa bem dispensáveis, tivéssemos nós outra Constituição. Para já ficamos a saber, que se não levamos de uma forma, apanhamos doutra, porque esta rapaziada salvadora tem esta vocação anti-social e, enquanto andarem à solta, os distúrbios irão continuar.