Como diria o outro que se lixe a experiência, envelhecer, realmente, é mas é ter dor nas articulações... e não só.
Afinal, pouco se faz para estar velho. A não ser insistir em estar vivo.
terça-feira, julho 31, 2012
sexta-feira, julho 27, 2012
Tudo explicado
Afinal havia uma explicação para as dúvidas de como sobreviver com uma reforma de apenas 10000 euros/mês. É que ainda há sogros bons de genros empreendedores de risco.
quinta-feira, julho 26, 2012
À deriva
Cada burro sua sentença, cada economista a sua verdade, mas o que é facto é que alguns podem expôr mais facilmente a sua que outros, ainda que, a história mostre, que muitas vezes era mentira a verdade exposta. Salva-se o euro, salva-se o dólar ou afunda-se tudo sem exceção, o que é facto é que nada é certo nem previsível, porque se está num mundo de fantasia, onde no final, ficará melhor quem tiver mais sorte. Não há qualquer meritocracia, nem estratégias superiores a outras, podendo todas as apostas ser válidas como no Euromilhões antes de saírem as bolas e a se estrelas. Para já, a sorte sai triunfante e como única hipótese desta ausência de estratégia e de ciência.
Verdade é que o gelo na Gronelândia derrete. Para azar dos ursos que ficam à deriva?
Verdade é que o gelo na Gronelândia derrete. Para azar dos ursos que ficam à deriva?
quarta-feira, julho 25, 2012
Apoiado!
De noite todos os gatos são pardos e depois de mortos todos os famosos, magníficos. Há uma tendência doentia para enaltecer as virtudes e ir a correr buscar o pano para limpar a porcaria. Como representantes do povo português, têm uma responsabilidade maior de não irem facilmente com as outras e ainda bem que assim o fizeram. De outra forma teria também sido mal representado.
No dia a dia vamos fazendo a nossa história ou até talvez seja o que fazemos que nos faz. Não vale a pena tentar apagar nada, porque o que somos é a soma de todas as coisas por que passamos. Estamos bem, estamos mal, ao que fizemos o devemos. E não vale retirar os erros das fotografias, a sua ausência só os torna mais evidentes e importantes no buraco que resta. Apesar de Salazar ser o «melhor político de sempre», quem ativamente com ele colaborou não me merece também admiração. Obrigado a quem resiste ao fácil e respeita a verdade da História!
domingo, julho 22, 2012
Doutores, professores e impostores
Uma leitura breve dos títulos dos diretores de serviço do hospital, permite constatar uma profusão de professores que não havia ainda recentemente. Até acho que a designação de Professor não terá, nas circunstâncias em que grande parte delas são obtidas, qualquer significado específico tradutor de competência especial, mas não deixa de ser curioso que, a partir de certa altura, tudo tenha passado a Professor, com Doutor por extenso e logo traduzido muitas vezes para PhD o que é outra coisa ainda mais fina. Depois do acontecido recentemente ao Sr. Relvas, imagino que o processo terá sido idêntico: tiveram equivalência, isto é, os cargos ocupados pela influência política muitas vezes deram-lhes equivalência curricular.
Quem não quer ser monge, não lhes veste o hábito. Afinal, em Bolonha, o melhor ainda será o esparguete.
Quem não quer ser monge, não lhes veste o hábito. Afinal, em Bolonha, o melhor ainda será o esparguete.
terça-feira, julho 17, 2012
História
Ali no meio do mundo ergue frágil os ramos ressequidos. A árvore velha e seca tem um encanto especial mesmo agora que mais não é que poleiro de cegonhas a ver o pôr do sol. Mas é muito mais que isso, é a sombra que foi durante muitos anos, o abrigo dos ninhos da passarada que por lá passou, até os ramos que cedeu às fogueiras que aqueceram os pastores nas noites frias. Tudo isso ela é, porque se é sempre a história do que se foi, independentemente da fragilidade aparente em que se possa estar. Há um encanto especial nas árvores que morrem de pé.
Ainda assim a história do que se foi é infinitamente mais consistente do que o futuro que talvez se venha a ser.
Ainda assim a história do que se foi é infinitamente mais consistente do que o futuro que talvez se venha a ser.
domingo, julho 15, 2012
Troica desavinda
Passos afirma que pagam todos. No dia seguinte, convida Seguro a fazer parte da solução. Seguro, diz que não é governo, eles que desembrulhem a situação. Portas, fica inseguro e contraria Passos: Esses malandros dos funcionários públicos... que é lá isso de comparar esses calanzeiros com trabalhadores do setor privado?
A troica estremece... insegura, vai a passo e as portas vão-se fechando.
Relvas emigrou em busca do conhecimento permanente e Cavaco foi de férias (definitivamente?)
Que futuro para esta troica em que apostaram 80% dos cidadãos deste país? Todos a contar não espingardas, mas votos. Quanto custa (votos) a sobretaxa, eis a questão.
Finalmente, temos o Bispo Marcelo a nomear ministros na homilia dominical e Jardim a reivindicar quatro cursos superiores com base na sua experiência de vida, isto é, de governo da Madeira. Pede para ser licenciado em Veterinária (o conceito em que tem os madeirenses!!), Biologia (a propósito da sua sobrevivência de dinossauro?), Informática (habilidades com as folhas de cálculo das finanças da Madeira?) e Astronomia (um político de outro mundo!) .
A troica estremece... insegura, vai a passo e as portas vão-se fechando.
Relvas emigrou em busca do conhecimento permanente e Cavaco foi de férias (definitivamente?)
Que futuro para esta troica em que apostaram 80% dos cidadãos deste país? Todos a contar não espingardas, mas votos. Quanto custa (votos) a sobretaxa, eis a questão.
Finalmente, temos o Bispo Marcelo a nomear ministros na homilia dominical e Jardim a reivindicar quatro cursos superiores com base na sua experiência de vida, isto é, de governo da Madeira. Pede para ser licenciado em Veterinária (o conceito em que tem os madeirenses!!), Biologia (a propósito da sua sobrevivência de dinossauro?), Informática (habilidades com as folhas de cálculo das finanças da Madeira?) e Astronomia (um político de outro mundo!) .
sexta-feira, julho 13, 2012
A mesma luta
A consulta de hoje foi a confirmação de que a luta é realmente comum. Finalmente, manifestam-se fartos. Fartos de andarem 200 km para virem fazer análises ao hospital. Fartos de não terem transportes. Fartos de não terem médicos de família. Fartos de pagarem consultas. Fartos de lhes terem acabado com as isenções. Fartos... dizem, os senhores fizeram muito bem!
Parece, finalmente, que o adversário está bem identificado. Falta encostá-lo às cordas, derrotá-lo, deitá-lo ao tapete. Mas já não falta tudo.
Parece, finalmente, que o adversário está bem identificado. Falta encostá-lo às cordas, derrotá-lo, deitá-lo ao tapete. Mas já não falta tudo.
segunda-feira, julho 09, 2012
População e médicos, a mesma luta
A resistência à tentação corporativa é agora mais importante do que nunca. É preciso ter abertura de espírito para emendar erros e definir uma estratégia clara de que o pretendido é criar melhor saúde para a população e ao mais baixo custo. A especificidade desta área é que não tem que haver conflitualidade de interesses entre doentes e prestadores, devendo ambos concorrer, num sistema eficiente, no mesmo sentido.
Isso implica, antes do mais, ter em conta a mudança da epidemiologia da saúde e a verificação da importância crescente das doenças crónicas, onde como hoje mais uma vez foi salientado, os cuidados devem ser centrados no doente. Isto é, são eles que devem passar a ser os proprietários dos médicos e não estes que têm os seus doentes. De uma vez por todas, a abominável expressão «o meu doente» deve desaparecer da linguagem dos médicos. São os médicos das várias especialidades, com conhecimentos diversos, que devem procurar entreajudar-se e criar um processo de atuação que resolva o problema do doente específico. É fundamental acabar com doenças bonitas e feias, é imprescindível que quem não sabe resolver, saiba pedir ajuda aos colegas e não tente substituir-se a eles. A comunicação e a transparência de dados e resultados é absolutamente fundamental neste processo.
Da parte dos governos, espera-se a responsabilização para assumir este processo e não a desresponsabilização, a cedência de competências do Estado e mesmo o contributo para a criação de negócios que só beneficiarão alguns e implicarão a criação de cuidados mais caros para o contribuinte pelos impostos ou pelos seguros que terão que contratar.
Não será mais possível manter cuidados em que não há integração entre os cuidados primários e os hospitalares e dentro dos hospitais entre os seus «serviços». O doente no centro da questão é o fim de toda esta estrutura organizativa que serve apenas os prestadores ao dar-lhes títulos para uso individual nas placas dos consultórios e pouco mais.
Organizar um Serviço Nacional de Saúde articulado envolvendo os vários níveis com o apoio das novas tecnologias e uma planificação global de cuidados é o caminho, mostrando com clareza que a Saúde não é um negócio que possa ser deixado à solta nos jogos do mercado. Quem quiser investir a nível privado que o faça, mas por sua conta e risco. Separem-se as águas e haja concorrência, não subsidiação direta ou indireta dos privados pelo sistema público. Não se subfinancie cronicamente o público, para afirmar o seu custo excessivo. Comparem-se custos de sistemas diferentes como vários modelos europeus e os americanos e vejam-se os resultados. Depois faça-se uma escolha esclarecida.
Nisto tudo tem que se fazer uma opção clara: a saúde deve ser paga pelos doentes ou por todos, por estarmos solidariamente empenhados na sua promoção? Há muito se percebeu que ter uma população saudável é um ativo da sociedade e não necessariamente uma despesa. Avance-se pela via certa ou desperdice-se o dinheiro dos contribuintes. Mas não se peça aos médicos que, no curto prazo, não aproveitem as oportunidades que a ineficiência cria.
Um sistema capaz, competente e eficiente será necessariamente um que procura ter nas suas fileiras os melhores médicos e enfermeiros. Procurar mão-de-obra barata numa situação destas apenas terá um resultado, diversão da qualidade para fora do sistema público, deterioração do funcionamento do setor público, ruína deste setor a curto-prazo e pujança crescente do anémico setor privado. Mas isso vai trazer custos muito elevados para a população. Esta é a realidade que alia conjunturalmente prestadores de cuidados e doentes do mesmo lado do combate. Assim o consigam perceber.
Isso implica, antes do mais, ter em conta a mudança da epidemiologia da saúde e a verificação da importância crescente das doenças crónicas, onde como hoje mais uma vez foi salientado, os cuidados devem ser centrados no doente. Isto é, são eles que devem passar a ser os proprietários dos médicos e não estes que têm os seus doentes. De uma vez por todas, a abominável expressão «o meu doente» deve desaparecer da linguagem dos médicos. São os médicos das várias especialidades, com conhecimentos diversos, que devem procurar entreajudar-se e criar um processo de atuação que resolva o problema do doente específico. É fundamental acabar com doenças bonitas e feias, é imprescindível que quem não sabe resolver, saiba pedir ajuda aos colegas e não tente substituir-se a eles. A comunicação e a transparência de dados e resultados é absolutamente fundamental neste processo.
Da parte dos governos, espera-se a responsabilização para assumir este processo e não a desresponsabilização, a cedência de competências do Estado e mesmo o contributo para a criação de negócios que só beneficiarão alguns e implicarão a criação de cuidados mais caros para o contribuinte pelos impostos ou pelos seguros que terão que contratar.
Não será mais possível manter cuidados em que não há integração entre os cuidados primários e os hospitalares e dentro dos hospitais entre os seus «serviços». O doente no centro da questão é o fim de toda esta estrutura organizativa que serve apenas os prestadores ao dar-lhes títulos para uso individual nas placas dos consultórios e pouco mais.
Organizar um Serviço Nacional de Saúde articulado envolvendo os vários níveis com o apoio das novas tecnologias e uma planificação global de cuidados é o caminho, mostrando com clareza que a Saúde não é um negócio que possa ser deixado à solta nos jogos do mercado. Quem quiser investir a nível privado que o faça, mas por sua conta e risco. Separem-se as águas e haja concorrência, não subsidiação direta ou indireta dos privados pelo sistema público. Não se subfinancie cronicamente o público, para afirmar o seu custo excessivo. Comparem-se custos de sistemas diferentes como vários modelos europeus e os americanos e vejam-se os resultados. Depois faça-se uma escolha esclarecida.
Nisto tudo tem que se fazer uma opção clara: a saúde deve ser paga pelos doentes ou por todos, por estarmos solidariamente empenhados na sua promoção? Há muito se percebeu que ter uma população saudável é um ativo da sociedade e não necessariamente uma despesa. Avance-se pela via certa ou desperdice-se o dinheiro dos contribuintes. Mas não se peça aos médicos que, no curto prazo, não aproveitem as oportunidades que a ineficiência cria.
Um sistema capaz, competente e eficiente será necessariamente um que procura ter nas suas fileiras os melhores médicos e enfermeiros. Procurar mão-de-obra barata numa situação destas apenas terá um resultado, diversão da qualidade para fora do sistema público, deterioração do funcionamento do setor público, ruína deste setor a curto-prazo e pujança crescente do anémico setor privado. Mas isso vai trazer custos muito elevados para a população. Esta é a realidade que alia conjunturalmente prestadores de cuidados e doentes do mesmo lado do combate. Assim o consigam perceber.
sexta-feira, julho 06, 2012
Enfrasquilhado
Os jotinhas depois de crescido têm a escola toda. Um diz que ainda não leu o acórdão (isto é ainda não falou com o jota máximo nem com o Gaspar) o outro começa por dizer que o TC reconheceu a validade de sacrifícios extraordinários aplicados (como quem diz se me apetecer ainda levam mais). Uma ameaçazita dá sempre jeito para perturbar o inimigo, mas depois tem de cair na realidade e resta-lhe a vendetta (pois, à italiana que isto é mesmo assim): alargar a toda a gente.
Ele alargar a todos até alargaria, que a raiva foi imensa com a decisão. O problema é que o alargamento durante n anos vai colidir com coisas importantes como as eleições. O rapazola desta vez não irá fazer o que lhe apetece. Vai uma aposta?
E depois as brechas já começaram a aparecer. Está mesmo enfrasquilhado!
Ele alargar a todos até alargaria, que a raiva foi imensa com a decisão. O problema é que o alargamento durante n anos vai colidir com coisas importantes como as eleições. O rapazola desta vez não irá fazer o que lhe apetece. Vai uma aposta?
E depois as brechas já começaram a aparecer. Está mesmo enfrasquilhado!
quinta-feira, julho 05, 2012
INCONSTITUCIONAL
Pois é, eu já me tinha indignado a 10 de outubro de 2010
Os funcionários públicos foram discriminados em relação à generalidade da população ou seja foi criado um imposto que apenas os afecta a eles! Ao menos os impostos eram dantes iguais para todos, mas com esta proposta do Governo a coisa mudou. O que mais revolta não é o aumento dos impostos (se vivemos acima das posses alguma vez teremos de pagar), mas esta diferenciação entre portugueses de segunda e de primeira, pois bem mais equitativo seria que tivessem aumentado os impostos da generalidade da população, conseguindo-se dessa forma, possivelmente, que o nível mais baixo de vencimento sobre o qual incidiriam os impostos fosse não 1500 € por mês, mas algo mais elevado, ou reduzir a taxa de imposto a pagar por cada nível salarial. A receita para fazer face à dita crise até seria a mesma!!! Injusto também porque, na verdade, quem vai pagar desta vez a crise é apenas um subsector, que, com alta probabilidade, não foi quem contribuiu particularmente para o défice. Não há moralidade, por isso não pagam todos e, sobretudo, não paga quem o devia fazer.
Tinha também avisado a 13 de outubro 2012.
Foi mais um erro, uma trapalhada do governo, uma obediência ao Alá que os inspira. Espalharam-se!
Andávamos a necessitar de boas notícias.
Mas tivemos mais uma novidade, um Tribunal Constitucional que aceita suspender a Constituição durante um ano!
Os funcionários públicos foram discriminados em relação à generalidade da população ou seja foi criado um imposto que apenas os afecta a eles! Ao menos os impostos eram dantes iguais para todos, mas com esta proposta do Governo a coisa mudou. O que mais revolta não é o aumento dos impostos (se vivemos acima das posses alguma vez teremos de pagar), mas esta diferenciação entre portugueses de segunda e de primeira, pois bem mais equitativo seria que tivessem aumentado os impostos da generalidade da população, conseguindo-se dessa forma, possivelmente, que o nível mais baixo de vencimento sobre o qual incidiriam os impostos fosse não 1500 € por mês, mas algo mais elevado, ou reduzir a taxa de imposto a pagar por cada nível salarial. A receita para fazer face à dita crise até seria a mesma!!! Injusto também porque, na verdade, quem vai pagar desta vez a crise é apenas um subsector, que, com alta probabilidade, não foi quem contribuiu particularmente para o défice. Não há moralidade, por isso não pagam todos e, sobretudo, não paga quem o devia fazer.
Tinha também avisado a 13 de outubro 2012.
Foi mais um erro, uma trapalhada do governo, uma obediência ao Alá que os inspira. Espalharam-se!
Andávamos a necessitar de boas notícias.
Mas tivemos mais uma novidade, um Tribunal Constitucional que aceita suspender a Constituição durante um ano!
quarta-feira, julho 04, 2012
Bosão
Aos poucos Deus encolhe, mirra, perde o emprego da construção do Universo. Fica da dimensão dos nossos medos apenas. Entre Deus e os homens há uma relação inversamente proporcional.
terça-feira, julho 03, 2012
Sem necessidade
Continua a impressionar-me o tropismo dos jornalistas pelas não notícias e a sua olímpica passagem ao lado das notícias. Um relatório recente da OCDE não merece nos nossos jornais de referência duas linhas de texto. Em vez disso, falam de futebol, de campeões europeus de atletismo e (pasme-se a sem vergonha e ignorância) de despesismo na saúde. Depois de ler esta nota da OCDE, fica apenas uma ideia na minha cabeça sobre os cortes orçamentais na saúde. Como dizia o diácono, não havia necessidade!
Ou haverá alguma necessidade também oculta no país opaco.
O empreendedorismo privado na contratação de técnicos (novos manajeiros), as parcerias público-privadas e outros empreendedores poderão ter algo que ver com isto. Denunciá-lo era, apesar de tudo, bem mais útil do que vender papel à custa da denúncia de irregularidades bem menores
Ou haverá alguma necessidade também oculta no país opaco.
O empreendedorismo privado na contratação de técnicos (novos manajeiros), as parcerias público-privadas e outros empreendedores poderão ter algo que ver com isto. Denunciá-lo era, apesar de tudo, bem mais útil do que vender papel à custa da denúncia de irregularidades bem menores
segunda-feira, julho 02, 2012
Um país opaco
No sitio da CGA.pt:
2012-05-14
Consulta do pedido de aposentação
A funcionalidade que permitia obter informação atualizada sobre a tramitação e a duração estimada do processo de aposentação em curso foi descontinuada.
E em vez da transparência exigível, da ordenação publicamente afixada dos pedidos e concessões de reforma, subitamente e sem qualquer explicação a afixação da notícia. Ninguém quer saber por que terá sido descontinuada? Eu gostava, porque a vida das pessoas deve ter um planeamento e nós pagamos impostos para sermos servidos pela administração, não para que esta crie opacidades obscuras, propiciadoras de arbitrariedades e fraudes várias, se não mesmo de corrupção.
Farto, fartíssimo da ausência de transparência, de não saber o que posso esperar para escolher informado, farto de saberes supremos e inacessíveis. Farto de boatos, de indícios, de possíveis golpes. Farto de pagar impostos para ter cada vez menos garantias na saúde, menos educação, mais atrasos nos tribunais, menos regras claras na administração. Farto da cultura de uns sábios que nos dominam com os seus poderzinhos. Farto também das notícias de corrupção dos políticos, quando ela anda em todo o lado, em tudo o que mexe e paralisa este país. Farto de jornalistas que deixam passar a vida real ao lado, para nos venderem as emoções passageiras das suas notícias sem impacto real na vida das pessoas, além da anestesia e diversão do importante que causam nas gentes.
Vivo num país opaco. Cansado.
2012-05-14
Consulta do pedido de aposentação
A funcionalidade que permitia obter informação atualizada sobre a tramitação e a duração estimada do processo de aposentação em curso foi descontinuada.
E em vez da transparência exigível, da ordenação publicamente afixada dos pedidos e concessões de reforma, subitamente e sem qualquer explicação a afixação da notícia. Ninguém quer saber por que terá sido descontinuada? Eu gostava, porque a vida das pessoas deve ter um planeamento e nós pagamos impostos para sermos servidos pela administração, não para que esta crie opacidades obscuras, propiciadoras de arbitrariedades e fraudes várias, se não mesmo de corrupção.
Farto, fartíssimo da ausência de transparência, de não saber o que posso esperar para escolher informado, farto de saberes supremos e inacessíveis. Farto de boatos, de indícios, de possíveis golpes. Farto de pagar impostos para ter cada vez menos garantias na saúde, menos educação, mais atrasos nos tribunais, menos regras claras na administração. Farto da cultura de uns sábios que nos dominam com os seus poderzinhos. Farto também das notícias de corrupção dos políticos, quando ela anda em todo o lado, em tudo o que mexe e paralisa este país. Farto de jornalistas que deixam passar a vida real ao lado, para nos venderem as emoções passageiras das suas notícias sem impacto real na vida das pessoas, além da anestesia e diversão do importante que causam nas gentes.
Vivo num país opaco. Cansado.
domingo, julho 01, 2012
Ritmo sinusal
Ir ao outro lado é começar por ter uma «colega» que protesta porque nunca mais a chamam nem lhe ligam para a vizinha (mesmo sem ela saber o telefone) e ver a diligência da assistente que ao fim de algum tempo lá lhe conseguiu contactar a irmã.
Ir ao outro lado é ser atendido no Balcão e depois de uns «exames» ouvir o colega dizer-lhe, tudo bem pode ir para casa tomar estes comprimidos (mesmo com o coração em excesso de velocidade a mais de 150). Logo a seguir (ainda há vantagens em estar nesta profissão) vem uma colega especialista que muda os planos, altera a medicação e me põe em observação .
Ir ao outro lado é ficar a olhar o gotejo da droga salvadora e tentar espreitar o seu efeito, já desconfiado do êxito pelas experiências anteriores. Enquanto as gotas caem, no grande salão branco, as conversas ocupam enfermeiros felizmente em dia de pouco trabalho. Comenta-se o corte do cabelo, as nuances que matizam o cabelo ruivo que encolheu depois do frisado e recorda-se o casório recente com marido atirado para a piscina e as fotos do corte do bolo já com ele em calças de ganga, t-shirt e havaianas e mais uns pormenores do que se (não) seguiu, mas que importa ele afinalaté nem é moço de bebedeiras, mas naquele dia (logo naquela noite) ficou em estado de disfunção. Até me pareceu que o que mais se lamentava era não ter a fotografia que queria mais tarde recordar, que aquilo de fatiar o bolo sem fato não era muito próprio.
Ir ao outro lado é, depois do falhanço das gotas, subir de nível até uma enfermaria, onde estão estacionados mais cinco «colegas», na média dos 80 anos e sentir, a par da simpatia do trato dos profissionais, o condicionamento das regras. Atado aos fios que registam o ritmo, nada de sair da cama nem para ir à casa de banho. Leio o Expresso e espreito o monitor que não desiste. Dão-me mais umas horas e comida (ao fim de quase meio dia até aquilo se come!). E mais conversas, para animar o princípio de noite, comentando a falta de futuro de alguns dos «colegas» que para ali estão, sem darem conta(será que não dão mesmo?) do espaço nem do tempo, esvaziando os edemas à custa do lasix e a «festa» do anúncio da gravidez já de 4 meses da enfermeira, e eu a pensar que estavas só mais gorda, rapariga.
Ir ao outro lado é chegar de manhã e ouvir a colega, acabada de levantar depois de uma noite santa, sentenciar, não deu, vai dormir um pouco e quando acordar estará tudo resolvido. Ok, pensei vamos lá a isso, que ainda quero ir hoje dar um mergulho. Hora e meia depois, estava regressado, espreitei o monitor e o ritmo era normal. Na pressa do regresso, um levantar mais rápido, fez que mal chegasse ao fim do corredor, os suores voltassem e depois de sentir o vento da correria feita numa cadeira, já só me lembro de ter acordado de pés no ar e cabeça para baixo, com muitas caras ansiosas lá em cima e de novo a confusão dos fios e aos poucos as notícias tranquilizadoras. Ritmo sinusal.
Ir ao outro lado, é continuar de pressão arterial baixa depois de quase 24 horas de cama e drogas, continuar com sensação de desfalecimento de cada vez que me levantava e sentir que tudo se poderia resolver com uma deslocação para obter um doce alívio. Finalmente, deixaram-me ir ao WC proibido pelos regulamentos e voltei novo.
Ir ao outro lado, foi perceber que além da técnica exemplar dos comportamentos, o mal-estar não está descrito nos livros de medicina nem nos cadernos de procedimentos. Há mais realidade para além disso.
Ir ao outro lado é ser atendido no Balcão e depois de uns «exames» ouvir o colega dizer-lhe, tudo bem pode ir para casa tomar estes comprimidos (mesmo com o coração em excesso de velocidade a mais de 150). Logo a seguir (ainda há vantagens em estar nesta profissão) vem uma colega especialista que muda os planos, altera a medicação e me põe em observação .
Ir ao outro lado é ficar a olhar o gotejo da droga salvadora e tentar espreitar o seu efeito, já desconfiado do êxito pelas experiências anteriores. Enquanto as gotas caem, no grande salão branco, as conversas ocupam enfermeiros felizmente em dia de pouco trabalho. Comenta-se o corte do cabelo, as nuances que matizam o cabelo ruivo que encolheu depois do frisado e recorda-se o casório recente com marido atirado para a piscina e as fotos do corte do bolo já com ele em calças de ganga, t-shirt e havaianas e mais uns pormenores do que se (não) seguiu, mas que importa ele afinalaté nem é moço de bebedeiras, mas naquele dia (logo naquela noite) ficou em estado de disfunção. Até me pareceu que o que mais se lamentava era não ter a fotografia que queria mais tarde recordar, que aquilo de fatiar o bolo sem fato não era muito próprio.
Ir ao outro lado é, depois do falhanço das gotas, subir de nível até uma enfermaria, onde estão estacionados mais cinco «colegas», na média dos 80 anos e sentir, a par da simpatia do trato dos profissionais, o condicionamento das regras. Atado aos fios que registam o ritmo, nada de sair da cama nem para ir à casa de banho. Leio o Expresso e espreito o monitor que não desiste. Dão-me mais umas horas e comida (ao fim de quase meio dia até aquilo se come!). E mais conversas, para animar o princípio de noite, comentando a falta de futuro de alguns dos «colegas» que para ali estão, sem darem conta(será que não dão mesmo?) do espaço nem do tempo, esvaziando os edemas à custa do lasix e a «festa» do anúncio da gravidez já de 4 meses da enfermeira, e eu a pensar que estavas só mais gorda, rapariga.
Ir ao outro lado é chegar de manhã e ouvir a colega, acabada de levantar depois de uma noite santa, sentenciar, não deu, vai dormir um pouco e quando acordar estará tudo resolvido. Ok, pensei vamos lá a isso, que ainda quero ir hoje dar um mergulho. Hora e meia depois, estava regressado, espreitei o monitor e o ritmo era normal. Na pressa do regresso, um levantar mais rápido, fez que mal chegasse ao fim do corredor, os suores voltassem e depois de sentir o vento da correria feita numa cadeira, já só me lembro de ter acordado de pés no ar e cabeça para baixo, com muitas caras ansiosas lá em cima e de novo a confusão dos fios e aos poucos as notícias tranquilizadoras. Ritmo sinusal.
Ir ao outro lado, é continuar de pressão arterial baixa depois de quase 24 horas de cama e drogas, continuar com sensação de desfalecimento de cada vez que me levantava e sentir que tudo se poderia resolver com uma deslocação para obter um doce alívio. Finalmente, deixaram-me ir ao WC proibido pelos regulamentos e voltei novo.
Ir ao outro lado, foi perceber que além da técnica exemplar dos comportamentos, o mal-estar não está descrito nos livros de medicina nem nos cadernos de procedimentos. Há mais realidade para além disso.
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