Há os momentos em que se sente que é urgente voltar a fazer os dias caberem nas 24 horas a que têm direito e não os esticar noite dentro. Ou foi o tempo ou somos nós que mudámos, mas já nada é a mesma coisa que era dantes, onde o tempo seguia a dar voltinhas no relógio e não aos solavancos do quartzo e não era interrompido a todo o instante pelo bip da mensagem, pela vibração da chamada pelos alertas dos mails que chegaram. Deve ser, em parte, isso que nos vai esticando os dias para além do seu fim e nos escoa o tempo de viver.Estamos nos instantes dos sobressaltos, mas perdemos o tempo que tínhamos. Somos de outro tempo, o dos sem-tempo.
Pronto, a mensagem que era de hoje, passou o tempo e entrou pelo amanhã. Já passam oito minutos da meia noite do dia de ontem...
sexta-feira, março 30, 2012
terça-feira, março 13, 2012
Da curta eternidade
Valerá ocultar o prazer do momento com a realidade? Sim, resta-me uma ideia vaga de ser atirado ao ar, de andar às cavalitas, até de ter umas jardineiras cinzentas, lembro-me do sabor das iscas e do cheiro na cozinha, do desfazer do baço, do molho espesso nas batatas cozidas ao sábado. E dos trigos comidos nas férias do verão com esse supremo recheio de broa de milho. Eram carinhos das avós que ainda estão aqui à custa dessas significâncias. Na pressa do tempo pouco irá sobrar delas depois que um dia este texto não tenha significado algum para quem o ler. Agora, ainda é possível detetar-lhes o cheiro e a textura com que envolviam, o sorriso apoiante que sempre as avós têm. É assim, a nossa eternidade não dura mais de uma ou duas gerações, porque eternidade verdadeira é o ser que fica nas lembranças, mas estas duram enquanto nós duramos. Iludidos há os que pensam que a propriedade, o ter, nos eterniza.
Não há pois, o direito de desperdiçar um sorriso, um olhar cúmplice, um sugerir de caminho. É por eles que duramos mais uns curtos anos, mas sobretudo gozamos uns eternos momentos. Eternidade haverá para os que nos deleitam com a arte que produzem e pouco mais. Nunca para os poderosos e os políticos que ficam de nome pregado numa tabuleta em início de rua, onde todos os que passam lêem o nome e desconhecem em absoluto o gajo que se chamava daquela forma. Nem ao trabalho se dão de ir ver na wikipedia. Essa eternidade poderia ser antes um número ou uma letra se as ruas não fossem mais de 23.
Não há pois, o direito de desperdiçar um sorriso, um olhar cúmplice, um sugerir de caminho. É por eles que duramos mais uns curtos anos, mas sobretudo gozamos uns eternos momentos. Eternidade haverá para os que nos deleitam com a arte que produzem e pouco mais. Nunca para os poderosos e os políticos que ficam de nome pregado numa tabuleta em início de rua, onde todos os que passam lêem o nome e desconhecem em absoluto o gajo que se chamava daquela forma. Nem ao trabalho se dão de ir ver na wikipedia. Essa eternidade poderia ser antes um número ou uma letra se as ruas não fossem mais de 23.
(In) Seguro
É pobre a política feita a la carte, segundo um manual de procedimentos que lá nos seus pontos diz, diariamente crie um facto político, vá aqui e faça um comentário, noutro dirá, crie estados gerais, roteiros, presidências abertas, coisas, para manter de orelhas arrebitadas os órgãos de informação, comente tudo, apareça, só assim conseguirá chegar aos milhares de amigos no facebook, que lhe darão a notoriedade de ser considerado conhecido pelos seus vizinho e eleitores potenciais. Ou não, porque essa é a via de ser conhecido como «político» e isso é uma das despromoções maiores que se pode fazer a alguém. Mas, na verdade, um político by the book, é isso mesmo é um gajo com quem não se devem fazer negócios sob risco de ruína, porque ninguém corre mais depressa das facilidades totais futuras às impossibilidades reais do presente.
sexta-feira, março 09, 2012
A pressa da história
É mais uma peça da coerência do sujeito. A falta de maneiras vem de longe e não só das crises bulímicas do bolo-rei. Esse é o seu fio condutor de ação, truques sucessivos desde aquele dia em que foi fazer a rodagem ao carrito.Esse foi o truque nº 1.
A História, felizmente, continuará a ser feita pelos historiadores, distantes que estejam os factos e as análises possam ser feitas sem a paixão da proximidade do instante. Mas a baixa política está ao alcance de qualquer medíocre e, neste caso, há algo de inquietante. Só o receio de perda de memória poderá explicar que um sebastianista escondido no nevoeiro que que ele próprio criou com seus tabús e alheamento de leituras de jornais, sinta a urgência de revelar agora aquilo que no futuro receie não poder dizer. Possivelmente, só isso justificará tão lamentável texto.
É um texto de livro de memórias a escrever daqui a muitos anos. Só que, dito agora, tem o sabor de outras urgências, como escutas, reformas que não garantem o pagamento das contas, interrupções de férias por causa dos Açores e desculpas para não participar em funerais devido a férias inadiáveis com os netos. Delírios, avarezas. É triste agora saber que representa um Estado, mas, na verdade, desde o primeiro instante sempre foi triste. Estava nas entrelinhas que não souberam ler. A História registará este equívoco.
A História, felizmente, continuará a ser feita pelos historiadores, distantes que estejam os factos e as análises possam ser feitas sem a paixão da proximidade do instante. Mas a baixa política está ao alcance de qualquer medíocre e, neste caso, há algo de inquietante. Só o receio de perda de memória poderá explicar que um sebastianista escondido no nevoeiro que que ele próprio criou com seus tabús e alheamento de leituras de jornais, sinta a urgência de revelar agora aquilo que no futuro receie não poder dizer. Possivelmente, só isso justificará tão lamentável texto.
É um texto de livro de memórias a escrever daqui a muitos anos. Só que, dito agora, tem o sabor de outras urgências, como escutas, reformas que não garantem o pagamento das contas, interrupções de férias por causa dos Açores e desculpas para não participar em funerais devido a férias inadiáveis com os netos. Delírios, avarezas. É triste agora saber que representa um Estado, mas, na verdade, desde o primeiro instante sempre foi triste. Estava nas entrelinhas que não souberam ler. A História registará este equívoco.
domingo, março 04, 2012
Afinal a diferença é mínima!
"Está provado que o aumento em 1% da taxa de desemprego faz subir em 0,8% a taxa de suicídios e 0,8% a de homicídios. O desemprego leva ao suicídio e a matar outras pessoas". Mas, também é verdade, continuou, que as mortes por acidentes de viação descem 1,4%," circula-se menos porque há menos dinheiro para a gasolina", ironizou. "Se fizermos as contas e quisermos ser cínicos podemos chegar à conclusão que a coisa fica quase ela por ela", concluiu Marmot.
Michael Marmot (Professor de Epidemiologia)
A diferença é mínima, 0,2%. Façam favor de continuar.
Michael Marmot (Professor de Epidemiologia)
A diferença é mínima, 0,2%. Façam favor de continuar.
sábado, março 03, 2012
sexta-feira, março 02, 2012
O quadro mais caro
Possuir a coisa ou partilhá-la com lucro secundário? Manifestar o poder que é ter. Como ter uma casa, ou ter uma casa onde viver. O importante, na verdade, é apenas estar abrigado. Mas, uma parte substancial da «crise» veio da «necessidade» de ter e na da função de «estar protegido». Quem fez a necessidade? Quem não avisou? Quem desregulou? Finalmente, quem vai pagar? Talvez os jogadores de cartas dos jardins.
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