“O senhor almirante Sarmento Rodrigues quis que eu dissesse algumas palavras. Ei-las. Tenho quase todos os livros que ele escreveu, todos eles com amigas dedicatórias, também um pequeno folheto que ele publicou sobre o canário encarnado porque ele preocupou-se imenso em conseguir um canário que não fosse da cor habitual e de vez em quando lamentava-se de não conseguir obter aquele canário que ele tanto desejaria possuir. E agora mais um simples episódio para juntar àqueles que eu ouvi aqui citar. Ele era muito meu amigo. E uma vez resolveu dar, dar-me dois periquitos, os melhores periquitos que tinha na sua colecção. Cheguei a casa com eles muito contente, mas em casa não receberam bem os periquitos. Resultado: tive de dar que os dar. Um deles sei a quem o dei. Tá aqui presente a pessoa: o almirante Noronha Andrade. Mas não lhe disse nada que me tinha desfeito dos canários (uma voz: dos periquitos), dos periquitos digo. E mais tarde, uns anos depois ele diz-me assim: então o senhor deu os melhores periquitos que eu tinha e que eu lhe tinha dado com tanto gosto? É verdade, dei porque não os podia ter em casa, mas não lhe disse nada para não o desgostar. Afinal de contas houve alguém que deu com a língua nos dentes e você ficou zangado comigo. Zangado não fiquei porque sou muito seu amigo.”
A História não se repete? É procurar as diferenças!
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