quarta-feira, agosto 25, 2010
Guerra
A vida é, muitas vezes, a consequência de um instante em que se tropeça e todo o percurso teria sido diferente se o escolho tivesse sido outro. Umas vezes escolhe-se o caminho, outras nos é imposto e o resto é sobrevivência. Pode mesmo fazer-se toda a vida e a própria eternidade com origem num stresse pós-traumático que se entranha em tudo o que se é. Pode muito bem passar-se de psiquiatra banal ou mesmo catedrático de Psiquiatria, que nestas coisas a genética tem sempre uma palavra, a quase prémio Nobel porque em, certo momento, se esteve nos limites da sobrevivência e rodeado de morte. A vida, depois disso, exige uma catarse do medo que se engoliu e explode-se em catadupas de livros, numa sobrevivência que dói a quem lê e possivelmente alivia quem escreve. Não interessa que seja arrogante e imagine o mundo centrado em si próprio, porque quando se olha mais ao perto, sente-se o imenso sofrimento de arrastar, a vida toda, o peso dos medos passados. Poderá mesmo acontecer que nalgum momento se seja traído pelo delírio, mas o que se lê no episódio recente sobre as revelações de A Lobo Antunes sobre a guerra colonial não merecerá nunca que lhe vão ao focinho. Das duas uma, ou é delírio e terá de haver condescendência para com o delirante, ou é real e então importa ser impiedoso com a realidade passada. Será que temos de sobreviver na dúvida?
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