terça-feira, janeiro 22, 2008
Grand casino
Na base está o princípio elementar de não viver acima das posses. Ter o que se pode na altura em que se tem a capacidade para o ter. O cartão de crédito funciona como facilitador de pagamento diferido e com algum jeito ainda dá nem que seja 1% a 3% de descontos nas compras, não me interessando o que o emissor ganha na loja, para mim, fica,efectivamente mais barato. Chega-me. Esta estratégia, meio salazarenta, será?, levaria possivelmente à ruína de todo o sistema capitalista, que, como agora se está a começar a perceber, funciona num gigantesco sistema de Dona Branca. Antecipar para hoje, o que se vai poder ter amanhã é uma promessa do marketing que suporta o sistema, é artifício manhoso de futuro incerto ou se calhar de presente falido. As dúvidas são muitas, excepto para os economistas, que como qualquer médico anatomo-patologista, sabe tudo, só que demasiado tarde. Eles tudo explicam, ainda que, muitas vezes, com os mesmos argumentos consigam explicar a subida e a descida (sem esboçarem qualquer vergonha nem sorriso), refugiando-se sempre nas expectativas do mercado, mostrando à saciedade que, neste sistema, se vive num mundo de esperanças muito mais do que de realidades. Como num casino. E entidades reguladoras, tão criticadas recentemente por outros motivos, esquecem os alertas quando permitem que se anunciem créditos por telefone sem avisos à navegação. Tudo a bem do sistema, mas quem sabe, se esta libertinagem de leme não acabará por afundar esta realidade virtual em que o sistema está a viver há já muito tempo. Tempos de esperança para ressuscitar outros valores?
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