quinta-feira, janeiro 31, 2008

Anti-Marketing

Afinal começa a notar-se uma unanimidade sobre a correcção da anterior política de saúde. Até a nova Ministra, diz que é para continuar. É como se o importante não fosse o conteúdo, mas o embrulho em que está contido. A satisfação do consumidor depende dessas coisas também. Mas que dependa fundamentalmente do marketing, já me parece menos prudente. O que nos alimenta é o embrulhado, a embalagem deitamo-la fora.
Ainda me lembro da reeleição do Imperador, certamente, um dos exemplos de que o marketing funciona. Alguns erros históricos de consequências graves têm a marca do marketing. É assim desde Hitler. Vai sendo tempo de olhar para além do pacote, é mais informativo o que se aprende com o que se observa no pós-venda do que com o que se vê exposto na montra.

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Espumas das ondas

Foi você que pediu um Ministro? Uma dose dupla servida a quente para acalmar a fúria da(nadia). Sim, que o importante é a Saúde, pois a Cultura não interessa aos danados. Mais cem dias de benefício da dúvida ou início de linchamento desde já? Os meios de informação, parece que ainda não chegaram a um consenso.
Certos fenómenos demoram bem mais do que cem dias a serem entendidos ou nunca o serão sequer. Alguns persistem, outros nem nos lembramos dias depois, tal a espuma da sua (in)consistência. Persistirá a Reforma iniciada ou teremos de passar por mais uma fase de contra-reforma que se evaporará como acontece a todas as espumas? É que certas coisas têm soluções técnicas, que vão além do sentir do coração dos poetas. Até agora, nunca se discutiu o erro de CC, sempre se tem ficado pela crítica do mal que parece o que fez, sem uma análise séria e profunda do que isso foi.

terça-feira, janeiro 29, 2008

Passagem

Há um frio imenso escorrendo das paredes despidas. A passagem das horas arrasta-se até aquele instante derradeiro em que o instrumento de transporte volta a posição inicial para que, de novo, lhe sejam colocadas duas tábuas novas em cima. Em busca do próximo candidato entre todas as testemunhas possíveis. Fica na memória o instante de brancura estrevisto pela agitaçao da cortina azul escura. Como uma impressão nos velhos filmes de fotografia.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

Ponto final

"Morrer é duro. Sempre senti que a única recompensa dos mortos é não morrer nunca mais".
- Nietzsche

quinta-feira, janeiro 24, 2008

Visões e achamentos

Que opinião tem das urgências em Portugal? O que pensa da política para a Saúde que está a ser seguida pelo ministro Correia de Campos, relativamente a estes serviços? Que soluções poderiam ser usadas?

Estas são perguntas do sítio da Visão de hoje. Fico muito curioso com as respostas que por lá aparecerão. No país do acho, é desta informação que precisamos. Precisamos basicamente de ir deitando, um após outro, ministros abaixo. É assim que se gera valor para a Impresa e companhias afins. Quando temos um problema, nada melhor do que ir perguntar à ignorância como se resolve. Assim se tem feito e os resultados são estes que se vêem.
Aqui se regista o comentário que para lá enviei:
As urgências são o espelho da falência do sistema de cuidados de saúde primários. Estes por sua vez falham, porque têm poucos médicos e frequentemente médicos pouco preparados, mas falham ainda muito mais porque tem sido desacreditados de forma crónica e sistemática por sucessivos Governos, que sempre têm olhado para a resolução dos problemas do acesso à saúde, como um caso de hospitais. É este modelo de que são responsáveis todos os Partidos e também médicos e não só, que tem de ser posto em causa: teremos de ter mais médicos de família que médicos hospitalares, teremos de ter acesso facilitado ao nosso médico. Se isso não existir, continuaremos a ter serviços de urgência onde se fazem consultas que não são de urgência, onde não existem médicos a menos, mas doentes a mais. E não há volta a dar-lhe.
O Ministro CC sabe do assunto e iniciou o tratamento criando USFs para descomprimir a procura de consultas nos Serviços de Urgência e tenta racionalizar o acesso âs urgências. Será que o fez de uma forma bem calendarizada? Mas o caminho, não parece longe do correcto, apesar da sua falta de paciência para explicar a coisa. A dúvida que me resta nesta ânsia de substituições ministeriais é saber até que ponto algum mau feitio não será preferível a alguma simpática ignorância de outros.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Bloco de notas

Não demitas um Ministro, sem indicares quem o deve substituir. (Bloco dos conselhos)

terça-feira, janeiro 22, 2008

Grand casino

Na base está o princípio elementar de não viver acima das posses. Ter o que se pode na altura em que se tem a capacidade para o ter. O cartão de crédito funciona como facilitador de pagamento diferido e com algum jeito ainda dá nem que seja 1% a 3% de descontos nas compras, não me interessando o que o emissor ganha na loja, para mim, fica,efectivamente mais barato. Chega-me. Esta estratégia, meio salazarenta, será?, levaria possivelmente à ruína de todo o sistema capitalista, que, como agora se está a começar a perceber, funciona num gigantesco sistema de Dona Branca. Antecipar para hoje, o que se vai poder ter amanhã é uma promessa do marketing que suporta o sistema, é artifício manhoso de futuro incerto ou se calhar de presente falido. As dúvidas são muitas, excepto para os economistas, que como qualquer médico anatomo-patologista, sabe tudo, só que demasiado tarde. Eles tudo explicam, ainda que, muitas vezes, com os mesmos argumentos consigam explicar a subida e a descida (sem esboçarem qualquer vergonha nem sorriso), refugiando-se sempre nas expectativas do mercado, mostrando à saciedade que, neste sistema, se vive num mundo de esperanças muito mais do que de realidades. Como num casino. E entidades reguladoras, tão criticadas recentemente por outros motivos, esquecem os alertas quando permitem que se anunciem créditos por telefone sem avisos à navegação. Tudo a bem do sistema, mas quem sabe, se esta libertinagem de leme não acabará por afundar esta realidade virtual em que o sistema está a viver há já muito tempo. Tempos de esperança para ressuscitar outros valores?

segunda-feira, janeiro 21, 2008

A subtil pressão

Não nego que me dá um certo prazer mórbido ver a falsa deferência, quantas vezes até disfarçada de amizade, com que vêm falar connosco. Por trás do tratamento de excelência, está, obviamente, sempre a necessidade de aumentar as vendas. Essa é a única realidade do jogo, tudo o resto tresanda a cursos de formação de como lhes dar a volta. Estou convencido que falta a grande parte dos médicos este mínimo de lucidez. Na verdade,a ingenuidade é coisa que não falta por aí.
Então quando nos enviam uma jovem delegada convidar-nos para almoçar, a coisa é garantida, é a ilustração final de que não há almoços grátis. Por cinismo que me diverte, aceito sempre, sabendo ao que vou. O ambiente não será mau, a comida pelo menos razoável, o vinho que a acompanha de qualidade. Depois dos agradecimentos sobre o tempo que nos roubam, aprendidos nos tais cursilhos, lá vamos nós ao que interessa. A questão desta vez, no meio de alguns comentários à dita má governação ministerial, era tentar perceber se a administração do hospital nos andava a pressionar para prescrevermos menos de alguns fármacos. É que o número de ampolas tinha baixado muito! Com paciência, expliquei que não, que sempre me senti com toda a liberdade de prescrever o que me apetecesse e que sempre o fiz, obviamente, preocupado com as necessidades dos doentes e os custos dos fármacos, na minha posição de duplo agente neste negócio: compete-me dar o melhor ao doente, mas não posso deixar de pensar nos interesses de quem paga a conta.
Depois do almoço, apesar do shiraz, pensava para comigo, que nesta actividade, quem, na verdade, me tem pressionado, subtilmente, são sempre os mesmos. Mais uma vez, almocei de borla!

sábado, janeiro 05, 2008

A primeira semana

A sabedoria das gentes há muito que ensina que quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Não sei até que ponto um país que nasceu de uma briga familiar, poderá alguma vez tomar um rumo feliz, mas a verdade é que me sinto a viver num país torto. E isso nem teria grande importância se a sensação de malformação não fosse mais generalizada: mais do que estar num país torto, estou num mundo também torcido. Só que, com o mal dos outros pode a gente bem, e daí a importância do país que sendo amarrecado, acaba por nos moer o juízo de uma forma muito particular.
É curiosa esta discussão sobre os vencimentos dos nossos gestores de topo suscitada pelo discurso de ano novo do Sr. Silva, como dizia o outro. Ficaram perturbados alguns dos seus amigos, porque afinal também não foi para ouvir destas que nele votaram e, sabiamente, vão dizendo que não seria pelos tais gestores ganharem menos que o salário mínimo seria mais alto, numa lógica de que quando o barco está a afundar-se, o que é preciso é fugir com o salva-vidas empurrando pela borda fora os mais «inaptos». Está realmente muito torto este rectângulo. Não sei, mas gostava de saber, quantos vivem com a reforma mínima, quantos têm o ordenado mínimo, quantos estão reformados por doença e continuam a fazer o que dantes faziam noutros sítios (curados?), quantos têm reformas milionárias, quantos gestores ganham o euromilhões todos os anos. Não sei, mas gostava de saber os rastos da promiscuidade dos líderes que saltam do público para o privado e perceber a razão do escândalo de se ganhar milionariamente no público quando se transitou do privado para o público e se pôs um bocadinho de mais moralidade dos impostos. Até me parecia ser bastante saudável arranjar mais alguns desses, que conhecendo as manhas dos privados, pudessem ser mais eficazes no seu controlo. Não sei, mas gostaria de ver bem esclarecidas as vantagens de pagar menos impostos e ter de pagar mais às seguradoras pela Saúde, mais às escolas privadas pela Educação, mais às Brisas pelas Estradas, mais aos advogados privados pela Justiça e assim por diante. Nunca achei que o problema fosse pagar mais ou menos impostos, a questão é saber como é usado o que se paga. Há ainda o traumatismo recente de uma história de descontrolo dos gastos do Estado e ainda não se percebeu que, desde há mais de 30 anos, se não controlamos as despesas, a culpa é, essencialmente, nossa. Há mais mundos para além dos irmãos metralha rosa-laranja! Já vejo, com muito mais dificuldade, que possamos alguma vez controlar os esbanjamentos e eventuais jogadas dos Millenniums e seguradoras afins. E, como está aí a vir à tona, a coisa parece mais escura do que as T-shirts do Joe B., não parecendo tal rapaziada ser flor que se cheire. Também não sei se a solução da Rosa maçónica será a melhor para a coisa, pois, assim de repente, parece que quem ganha com mais esta transição do publico para o privado será afinal e, uma vez mais, o privado. São os accionistas do Millennium que vão, obviamente, ganhar com o valor dos conhecimentos sobre o concorrente público, que os transferidos possuem. Estranho, assim, a preocupação (sentida?) dos irmanados Lopes e Menezes. Será que criticam pelos riscos de prejuízo do público ou foi só para arranjarem capital para justificar um bom emprego a um dos seus na CGD? Anda a coisa assim bem torta, com rumores de outros gestores que também poderão ir de hospitais públicos, gerir alguns privados num projecto estratégico que tem, exclusivamente, a lógica da personagem da Soraia Chaves: o dinheiro. Que importarão as ideias e a decência se a prostituição rende mais? Nestes tempos de tortura, haverá ainda alguém que resista, alguém que diga não? Não sei, mas gostava de saber. A solidão, pelo menos, amargura.
Resta-me o alienante, mas saboroso, escape do sorriso.

quarta-feira, janeiro 02, 2008

:)

Não tenho memória de ver tanta gente dizer bem dos serviços de saúde. Basta que se feche uma urgência e logo se assiste à gratidão e satisfação da população. «Hospitais muito bem equipados, pessoal do melhor,enfim, serviços que satisfazem todas as expectativas de segurança» desta gente.
Mas se nós podemos não ter pachorra, há um que tem de a ter toda, o senhor ministro.

Outra boa neste início do ano foi a «boca» do senhor Presidente sobre os vencimentos dos gestores. Um destes dias comentará as reformas milionárias de outros. Ou não?

terça-feira, janeiro 01, 2008

Bom dia

Bom dia vezes 366, que isto do crédito das 6 horas em cada um dos três últimos anos tem algum dia de ser pago. É este ano, chamado de bissexto. Por ter dois 6?
E assim rende muito mais, um dia de cada vez é muito mais que um ano inteiro.
Quem devia saber isto e não sabe é o CC, que em vez de fechar tudo o que devia fechar num só dia, vai fechando aos poucos, para ser notícia, pelos piores motivos, todos os dias.