sexta-feira, dezembro 14, 2007

Normas

Repetem-me, até à exaustão, nestas aulas que qualidade é satisfação do cliente. Curiosamente, pouco se pergunta ao cliente como quer ser satisfeito. Em vez disso, alguém disfarçado de deus vai estabelecendo normas (vendidas a peso de ouro), que um exército de auditores irão depois verificar e declarar a conformidade das acções. Assim se assegura a segurança e a qualidade, se criam manuais de procedimentos volumosos para autómatos executarem a voz de Deus. Aos poucos, por esta via, deixaremos de comer pataniscas, beberemos o café em copos de plástico, proibem-nos os produtos da horta, vai-se o queijo da serra e, ainda acabamos todos a cantar o hino de mão no peito como oração da manhã. Toda a autenticidade da diferença desaparecerá numa imposição eugénica que fará Hitler parecer um anjo. Por este caminho, em vez de uma vida, temos um dia-a-dia de morte certa e segura de acordo com a Norma. É para isso que andamos aqui? Qual o gozo do colesterol normal à custa de só se comer queijo fresco?

2 comentários:

Anónimo disse...

o cliente opina, alias um dos requisitos que entra para a avaliação e revisão do desempenho do sistema de gestão da qualidade é precisamente a "satisfação do cliente". o que muitas vezes acontece e tenho reparado é que o cliente não está muito para ai virado, preencher questionários? responder a entrevistas? resolver os problemas? não o que é bom é dizer mal e não me chatear mais com o assunto... é mais fácil, n? uma vez que a legislação não funciona neste pais, ninguem cumpre nada e como somos obrigados a transcrever as directivas para o direito nacional dentro os prazos, elas são transcritas mas ninguem as aplica, ai os SGQ são uteis porque obrigam a evidenciar o cumprimento legal.

Em relação a comida a situação muda de figura e ai concordo ctg, os tais iluminados que escreveram essas normas devem ser daqueles especimes que so comem alface biológica e que não nasceram em Portugal e portanto não sabem o que é bom. Claro q como o tuga adopta todas as normas do "estrangeiro" e n tem sentido critico e levam tudo a letra, dá asneira e andam a proibir coisas sem sentido... qual é o problema dos restaurantes guardarem sopa de um dia para o outro? não é o que todos fazemos em casa? qual é o problema de comer bolas de berlim na praia? não as compramos e levamos na mesma e estão as mesmas horas ao sol? haja paciencia p aturar essa gente maniaca!!! o mais ridiculo é que os auditores que fazer levantam essas NC muitas vezes não concordam com elas (conehço alguns, que auditam os restaurantes onde proibiram coisas e que vão lá comer na boa), mas se a norma o diz toca de escrever relatórios a proibir tudo :(

Anónimo disse...

E mais toca a assinar:
To: Ministério da Economia e Inovação da Republica Portuguesa
A A.S.A.E., Autoridade de Segurança Alimentar e Económica tem vindo a impor sobre a restauração portuguesa um conjunto de regras e obrigações que em nada favorecem o povo português, pondo inclusivamente em causa valores culturais da nossa sociedade. Sob a bandeira da higiene e da segurança e escondidas atrás de supostas regras comunitárias (que não parecem estar em vigor em mais nenhum país da União Europeia), a A.S.A.E. instaurou um conjunto de medidas que vão desde a proibição da venda de produtos alimentares não empacotados, à proibição da utilização de chávenas de porcelana para chás e cafés, ou de copos de vidro para outras bebidas. De acordo com estes regulamentos todos os alimentos devem estar empacotados e etiquetados com prazos de validade, mesmo os preparados no próprio local de venda e as bebidas deverão ser servidas em copos de plástico.
Além dos duvidosos e obsessivos principios higiénicos em que estas medidas se inserem, estas são de um cariz claramente anti-ambiental, estando em causa um drámatico aumento da produção de lixo, essencialmente plástico, um material resultante da refinação do petróleo. Em vez de uma política dos três R(reduzir, reutilizar, reciclar), temos aqui uma política do desperdício e da total falta de consciência ambiental.
Depois há naturalmente a questão cultural. Como nos podem exigir que bebamos café em copos de plástico, como podem impedir a venda de bolas de Berlim nas praias, ou proibir que os cafés vendam produtos de fabrico próprio não empacotados? Os cafés sabem sempre melhor numa chávena e os produtos acabados de fazer, que tantas vezes chamamos "frescos", são aqueles que nos atraem aos locais onde são feitos?
Contra a subserviência ao monopolio dos plásticos e do petróleo e a favor da tradições do bem comer e bem beber portuguesas, assinamos esta petição. Não podemos permitir que estraguem aquilo que de melhor existe no nosso país e, de certa forma, aquilo que faz de todos nós portugueses.
Não à implementação das novas medidas de higiene alimentar da A.S.A.E., já!
http://www.petitiononline.com/naoasae/petition.html