quarta-feira, setembro 26, 2007

Menino guerreiro

Às vezes é de onde menos se espera que elas surgem. O menino guerreiro acaba de dar um exemplo de comportamento cívico. Durante uma entrevista foi interrompido porque estava a chegar o super Zé e não foi de meias medidas, saíu dos estúdio acabando com a entrevista. Realmente, não há pachorra para tanta idiotice editorial e só é pena que esta atitude venha a ser completamente arrasada pelos donos da verdade no dia seguinte por ter partido de um special one tão frágil e atacável.

terça-feira, setembro 25, 2007

Regresso a casa

Decidi calar-me sobre o resto da viagem, simplesmente, por estar farto e cansado. Depois tenho sempre aquela sensação desagradável do regresso. O que gostava era de ficar e sacar de lá aqueles de quem gosto.
É realmente doloroso ver alguém defender o senhor Treinador a quem a pátria tanto deve e chega a ser supresa ver o senhor engenheiro a ser melhor fora do que dentro. É sempre comovente, ver propor nas Nações Unidas a sua defesa e a abolição globalizada da pena de morte. E se ele ficasse por lá em vez de voltar para fazer propostas internas de continuar a acabar com tudo o que é nosso?
É também comovente a solidariedade com a selecção de rugby. Perdem tudo, mas são simpáticos. Estranhamente ainda se apoia gente assim e há sorrisos solidários, apesar de toda a propaganda do vencer de qualquer forma, a todo o custo, com todo o sacrifício pateta.

quinta-feira, setembro 20, 2007

À volta da Ronda



Início de dia terminado em ases, muitas ases. Tantas que me afugentaram, empurrando-me até ao Rijks. Ok, Rembrandt é um mestre, sabe manejar a luz de forma quase perfeita, mas o que pinta? Burgueses, tira fotografias antes de tempo ou nem isso. Que fotografia não é o registo do instante, mas a sua provocação e o resultado deve ser a reflexão sobre o registo provocado. A arte tem a necessidade de transmitir mais alguma coisa além do fotojornalismo. A própria Ronda é grande pela inovação do instantâneo,do movimento intrínseco das personagens, antes da fotografia. Mas fica-se por aí. Falta-lhe a mensagem, aquilo que nos acrescenta alguma coisa depois do instante do ver. Sem isso, é um mero exercício de habilidade.
A entrada devia ter desconto, Vermeer foi passear para Tóquio. Aí já é povo que trabalha. O quadro em passeio fica também na galeria pessoal.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Duas coisas boas

Comecei bem o dia com Drugs for diabetes: are we getting value for Money? No! Transparência e limpeza: o objectivo das companhias farmacêuticas é fazer dinheiro. O resto são malabarismos.
Pude depois ir ao Begijnhof, aquele cantinho único desta cidade, sempre difícil de encontrar. Mas as coisas únicas são difíceis, só que valem todo o esforço.
Duas coisas boas num dia de anúncio de mais nuvens. Aproveitar enquanto o sol dura.

terça-feira, setembro 18, 2007

Andando...


Ainda mal refeito das referência ao progresso dos holandeses na área dos costumes depois do passeio pós-prandial do jantar ao Red District, onde, sobretudo as mulheres, acharam o máximo a ideia de elas pagarem impostos e terem cartão de sanidade, fui, debaixo de chuva forte, fazer como os holandeses, apanhar o eléctrico para ir até ao emprego. A alternativa seria ir de bicicleta, mas não tenho a perícia deles, que conduzem pasteleiras com uma mão no guiador, outra no guarda-chuva e vão fazendo tangentes em percursos de chicana por entre turistas distraídos e molhados.
A Feira da Diabetes é das maiores onde estive. Nem falta um lago e relva artificial. Tem malabaristas e outros artistas sempre em movimento. Aqui e além, de microfone em punho, alguém grita como numa das Feiras de província. Mas aqui não se dá nada ao preço da chuva, nem se entregam dez items pelo preço de um. Aqui dá-se tudo, depois do bilhete e do hotel, dão-se muitas canetas na esperança que escrevam as palavras mágicas nas receitas, aquelas que estão por todo o lado, mostrando a inovação. E é um corrupio de caça aos sacos para levarem toda a tralha em promoção. Fazem fila para a prendinha e; daí a pouco, andam vergados de sacada cheia. Nos intervalos da feira, passa a ciência, para mim, por vezes, demasiado científica.
De tal forma que foi uma boa opção, depois do sol aparecer, apanhar o eléctrico de volta e deixar-me ir até ao Museu Van Gogh.
A ideia básica era rever os Comedores de Batatas, um dos quadros da minha galeria seleccionada. Ver de novo, aqueles trabalhadores rurais, em fim de dia, serenamente desfrutando aquilo que criaram. Não me parecem cansados, mas tranquilos, que é assim que fica quem usa o produto do seu trabalho. Estarão felizes na sua rudeza, não exalam bom cheiro, mas o trabalho no campo não deve pintar-se com perfume (diz-me o autor no audiotour). Nem de propósito para ilustrar a minha escapadela ao trabalho por troca com o prazer, fiquei ali em frente da «Natureza morta com Bíblia» no contraste entre o dever apregoado no livro dos livros e a «Joie de vivre» de Zola. E que bem que sabe a vida no momento, sem ser adiada! Quinze anos depois, os quadros encolheram ou será que a surpresa da primeira visão, torna maior o que vemos? Mesmo mais pequeno, ficou mais belo e há coisas que se não compram ao metro quadrado.
Assim refeito, foi possível suportar uma conversa sobre hemoglobina glicosilada ou média da glicemia, que mais parece uma pescada de rabo na boca, sem se perceber onde começa e acaba, tão circular é o discurso.
Perante a reafirmação ao jantar da nacional-admiração-saloia da liberdade de costumes, não me contive na evocação do Império Romano. Progresso é outra coisa, não?

segunda-feira, setembro 17, 2007

Boa!

Eu já tinha arregaçado as mangas e de gravata nunca estou. Sou um precursor na luta contra a infecção!
E agora será que alguns deixarão de ver doentes para poderem andar de gravata?

Buying sickness (mas não compro tudo o que me vendem)

Na mesa-de-cabeceira, um bilhete, cientificamente baseado em investigações citadas, avisava-me que a roupa de cama de alta qualidade prolonga o período de sono em 53 minutos. Não tive oportunidade de entrar neste estudo e, por isso, a média foi sobreavaliada. Realmente, os lençóis são de boa qualidade e o colchão não fica atrás, mas a mim o que me prolonga o sono são outros pormenores, que aqui não tenho… Por isso, às 7 da manhã já estava bem desperto.
Pela janela confirmei o boletim meteorológico que tinha lido no weather report da BBC: chuva a molhar tolos, céu cinzento, quase a prolongar a noite dando a sensação de que o dia ainda não nasceu. Assim vivem grande parte do ano, coitadinhos.
Depois foi sofrer o simpósio «From diabetes management to cardiovascular event prevention», realizado na Convention Factory, uma antiga fábrica onde já se produziu e agora se consomem conceitos para ajudar a consumir coisas feitas pela aldeia global fora. Aqui vim encontrar Sir Alberti e, coincidência, o Dr. Bryan Brewer, que na minha ignorância, me tinha sido apresentado no livro do Cassels como o vendedor de estatinas para todos, cientista com ligações financeiras a oito farmacêuticas. Agora mudou (ou terá ampliado?) o âmbito da actuação e apareceu a dizer qualquer coisa do género o rimonabant corrige praticamente todos os factores de risco cardiometabólico e quase mo apresenta como excelente hipoglicemiante oral. Num dos gráficos mostra como depois de usado, os ácidos gordos vão abaixo, a adiponectina sobe, os lípidos melhoram, a obesidade visceral quase desaparece. Ficam tão corrigidos os doentes, que se deprimem cinco vezes mais do que os que tomam placebo. Who cares? Nesta coisa está obviamente coligado com mais uma mão cheia de sumidades. Não pude deixar de reparar que o triângulo da terapêutica da diabetes que o Eurico Lisboa nos ensinava (dieta, exercício físico, medicamentos), se transforma agora num ponto. Ficou sem base nem altura, perdeu a área, mas ampliou a geração do valor: drogas e insulina, porque o estilo de vida não se contesta, nem modifica ou citando um dos peritos que citava Mark Twain, «quando penso em exercício, o melhor é sentar-me e esperar que passe». Não esquecendo obviamente de tomar a pílula e uma injecçãozita de insulina, já agora, para continuar a sebar durante muitos anos. E a esta missa, assistiram mais de 2000, na maioria crentes, aqui trazidos, passeados e alimentados pela Sanofi Aventis.
Valeu a volta para apreciar a inclinação dos prédios da terra. Alguns muito mais vergados do que em Pisa. Fiquei ontem a saber que estão assentes em estacas sobre o mar e que o vaivém das águas tem destas consequências. Mas até agora nenhum caiu, ao que me tranquilizam. Tanto mais que estou a escrever isto num deles que já leva quase 400 anos de pé e também está meio tombado. É um pouco perverso, mas até me dá algum gozo estar aqui, debaixo do mesmo tecto que o Dr. Brewer, sem ter tido a necessidade de fazer quase nada por isso. E ele...

domingo, setembro 16, 2007

Amesterdão como Titel

Engraçado tenho um layout todo a falar holandês!
O grupo tem tanto de estranho como de grande. A Diabetes é transversal e faz trazer aqui um batalhão de possíveis clínicos gerais, a fazer fé no meu desconhecimento da maior parte das caras.
Amesterdão às onze da noite é uma cidade fantasma. Devem estar todos na caminha ou no Red District. Após algumas instruções sobre como se chega ao Centro de Congressos, que parece ficar a uns cinco quilómetros, e mais alguns dados sobre hábitos da cidade ou a origem, na Feira da Ladra, das suas 600000 bicicletas para os seus 750000 habitantes, da informação sobre os horários desfasados de funcionamento da cidade, começando às 6, 7, 8 e 9 da manhã e com trabalho ou não aos fins-de-semana, semana de 4 dias para as mulheres que rodam no levar das crianças às escolas em bicicletas com avançado tipo carroça do avesso (o tirante vai atrás), chegámos ao Hotel Pulitzer na beira do canal.
Agrada-me que fique no centro, perto da Dam e até que o Centro de congressos fique lá longe. Nestes dias era o que estava a precisar.
Ainda assim, amanhã, terei de fazer o frete de ir ao Simpósio da casa, com saída daqui às 8 da manhã…

sábado, setembro 15, 2007

Crescimento

Realmente, passar de um a cinco passos, é progredir quinhentos por cento!
Da mesma forma que os vencedores me não movem, se calhar por estar a ficar velho, começo a sentir o encanto estético da fragilidade. A superação da tarefa impossível ontem é bem mais bela que o record conseguido com esgar de sofrimento. Uma tem um sinal de esperança lá metido, a outra o peso da dor dos derrotados, que nisto das vitórias, a de um, é sempre feita das derrotas de muitos mais.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Manipulação (de punho cerrado)

Como se vê na imagem, Scolari não «tocou nem um cabelinho do rapaz». Vê-se igualmente um cidadão de boca aberta, possivelmente, a dizer Oh, Felipe, que maneira estranha você tem de abrir os braços. Cuidado que podem levar a mal!

Não tenho grande admiração por vencedores crónicos e até reservo alguma ternura pelos perdedores. Mas quando os vencedores crónicos usam estratégias de fuga em frente para a sua sanha triunfante, aí quase que perco a paciência e, da falta de admiração, passo ao desprezo. É que também não gosto nada que me tomem por idiota.
O Felipe até pode ser boa pessoa, mas então é o Scolari que é uma besta. Vice-versa também serve. Mas, considerando que é a primeira que está certa, estou a assistir a um espectáculo triste de branqueamento da besta. O Felipe estava triste, o Scolari estava furibundo. Aliás, acho que só um tipo assim se rala com os cumprimentos à família. Um tipo triste acaba por lamentar, ter pena de quem os profere e deseja-lhe melhores dias. Só que, naquele momento, o Scolari deu um empurrão ao Felipe que deve ter caído de cu no chão e ficou sozinho em cena. Até me pareceu ver o Felipe a ir-se embora e foi nesse momento que, subitamente, o Scolari começou a correr para dentro do campo e numa forma estranha de abrir os braços (quem abre os braços levantando apenas um e, por sinal, de punho cerrado?)chegou à cara do cara. Convencido que ninguém teria visto (!!!) o Scolari negou tudo, manifestou ter sido roubado, insinuou coisas sobre o homem de preto. É um hábito deste ganhador (que tem ganho, mas não tem feito ganhar assim tanto) dizer umas coisas que pode, mais tarde, dizer que não disse (há tempos dizia que havia uns adversários que corriam muito...), só que, desta vez, o vídeo tramou-o. E eis que, no dia seguinte, o Felipe (ou terá sido o Scolari) montou uma operação de desculpas, claramente para se tentar safar, para ver se consegue uma pena mais pequenita. Scolari a corar ao sol para ficar mais branqueado.
Que ele o faça, até entendo. É o Scolari a fazer de Felipe e a fazer-nos de parvos. Mas isso também tem sido uma constante da sua carreira por cá. Basta lembrarmo-nos das bandeirinhas nas janelas para vermos o jeito que ele têm para manipular. Nota-se que não me entusiasma o vencedor. Aliás, em toda a estadia, apenas uma coisa apreciei neste líder, a sua atitude face aos jornalistas ao, repetidamente, lhes não dar confiança, não governando pela imagem. Os pobres construtores de imagens não tiveram alternativa perante os resultados. Agora, perante a oportunidade de clarificarem algumas coisas, cedem, branqueiam. Como as vedetas que falham golos de baliza aberta. Em nome de que Deus?

quinta-feira, setembro 13, 2007

Alta tensão

1. A chafurdice continua. É francamente de mau gosto que se publiquem extractos de diários privados. Pela simples razão de que o são. Porque, por agora, os factos lá descritos apenas são possibilidades remotas de qualquer coisa ou mesmo de coisa nenhuma. Possivelmente, até os culpados terão o direito a terem o seu recanto de desabafo, sem possibilidade de divulgação não autorizada. Seguramente, mais, quem o poderá não ser. A mim não me interessam estes noticiários. São muito maus exemplos de informação. Há tensão no ar.
2. Scolari mostrou ontem que ataca bem com a esquerda. Não fosse a esquiva pronta do jovem e quase teríamos KO. O herói da bandeirinha na janela, da equipa Portugal, da unidade nacional, revelou o seu sul-americanismo. Anda tensa esta gente.

terça-feira, setembro 11, 2007

Propriedade vs usofruto


Não lhes basta serem cúmplices a maior parte do tempo, uivarem quando não estão um com o outro. Tal é a unidade que chegam a não comer quando separados. Bem nutridos, de barriga cheia, de onde lhes vem a necessidade de afirmarem um ao outro a propriedade das batatas fritas, a ponto de se morderem na disputa? Há coisas que não entendo nos cães, como há outras que os homens não entendem em mim.
A incerteza do futuro e o medo toldam-nos a racionalidade, tornam-nos místicos. Foram, se calhar, estes medos e as fés associadas, que há seis anos fizeram cair torres. São eles que continuam a chacina actual.

domingo, setembro 09, 2007

Gone with the wind

Ei-los que partiram, incomodados com o ambiente, renegando as promessas, aproveitando as oportunidades de um sistema judicial evoluído. E provavelmente fizeram bem, antes que o povinho assanhado lhes causasse dano. É que este pacato povinho muda facilmente de opinião e os santos de ontem, podem muito bem tornar-se diabos hoje. Depois é um pouco imprevisível e gosta de fazer os esconjuros usando as suas técnicas. O que ainda me surpreende é ver como a Aldeia reage e de lés-a-lés os telejornais se enchem de peritos a discutir o que não sabem. O livro continua aberto, mas temos de nos contentar com a passagem natural das páginas. Geralmente, o mistério só se resolve nas últimas páginas. Pelo meio suspeita-se de muita gente e todos os suspeitos estavam, afinal, inocentes.
A mim bastava-me que informassem a população que não se devem deixar crianças sozinhas enquanto se vai jantar, que isso é uma atitude negligente. Ele há coisas que acontecem. Depois poderiam, quando chegassem à última página do livro, contar-me o epílogo. Chegava. Ficava informado. Assim, não informam, especulam, confundem, baralham, ajudam a desviar a atenção de outros problemas maiores. Mas, afinal, é para isso que lhes pagam.

sábado, setembro 08, 2007

Torre Bela

Escondido, quase clandestino, a Torre Bela foi hoje mostrada a mais 5 pessoas. Tive a sorte de estar entre elas. Pude ver (recordar-me) que era a esperança que gerava os sorrisos e os cânticos, não a eficiência, propalada pelo ódio. Na mudança para a eficiência é fundamental não comprometer a esperança e, aos muitos, pouco interesse terá a eficiência criada, só para uns poucos.

Ladrões da esperança

A habituação acaba por levar à normalidade. Começa a ser tão constante a divulgação da tragédia, que ela se torna cada vez mais normal, quase necessária ao bem(?)-estar. Uma boa notícia não deixa de ser vista com desconfiança, ou, se o não for, pelo menos com a impressão da sua inutilidade. É o que se chama uma não-notícia. Apenas a calamidade é notícia, porque a isso nos habituámos(aram). A imposição do instante real, apaga o sonho do projecto e ficamos sem rumo. Sem objectivos não se anda ou limitamo-nos a ir andando, que é a forma mais absoluta de estarmos para(lisa)dos, isto é, para destruição (lise).
Tive a sorte de passar por períodos de grande sonho. O sonho da Igualdade (iniciado em França no século XVIII, aprofundado em 1917 e ainda presente pelos anos 60-70 fora num período de adolescência privilegiada) e o da Liberdade (entreaberto em Abril de 74). Nos anos 60 era um puto rodeado de esperanças, que culminaram no proibido proibir de 68. E os telejornais, cheios das realizações do Regime, ainda assim, eram optimistas. Aos medos que havia, resistíamos, por haver valores mais importantes que tudo, até do que a vida. Se nos mandavam para uma guerra idiota, emigrávamos, fintando os lobos, mas não encarneirávamos. Se nos tentavam calar, gritávamos. Mas resistia-se sempre.
São diferentes os tempos de agora. Passámos a viver a um prazo muito curto e sem garantias (tradicionalmente endividados), com o problema de termos de sobreviver cada vez mais tempo e ficámos cercados pelo Medo. Os medos do Bin Laden, das mudanças climáticas, dos assaltos aos Bancos, dos roubos por esticão, dos engarrafamentos do tráfego, das subidas das taxas de juro, dos malefícios do tabaco, enchem as notícias de agora. O curioso é que a maioria desses perigos nem nos diz respeito directamente. Por que nos avisam tanto e enchem os nossos tempos com notícias destes medos? Com tanto medo instantâneo, conseguiram roubar-nos o tempo da esperança e, na verdade, quando alguém é vítima de um roubo, o produto aproveita a outro-alguém, ao ladrão. A habilidade é que, para cúmulo, este ladrão nos é apresentado como amigo (por exemplo, os nossos amigos Bancos, que tão generoso empréstimos nos fazem). Ficamos roubados e agradecidos por sobrevivermos o instante, cheios de medo da morte, não percebendo o nosso papel de mortos-sobreviventes. Manipulados, deixámos de ser responsáveis. Sem Deus, deixámos de nos temermos e perdemos o remorso. Quem apenas tem como desígnio sobreviver, quem vive numa guerra permanente, não se importa com a forma como resolve cada momento do conflito, qualquer habilidade serve para ir em frente e o erro ou o golpe, perdida a responsabilidade e o remorso, só existe quando tem consequências, quando se é descoberto. E, mesmo nessas circunstâncias, muitas vezes pode ser um mal que vem por bem. Até a privação da liberdade (isso existe para os oprimidos permanentes?)pode ser a criação de um espaço para a escrita de um livro que logo se transforma em best-seller pela história éxtraordinária que pode contar. Tem é de ter tragédia e manha.
Chegámos assim aos super-heróis e celebridades. Aos que têm uma história para contar.
Sem esperança, atingimos o absurdo.

quinta-feira, setembro 06, 2007

Nessun dorma


Como habitualmente, é este o dia em que se revê a obra até à exaustão. A Antena 2 debitou-o a toda a hora numa tentativa de afirmar a imortalidade na obra que fica gravada. É a memória útil o que fizémos ou vai além disso? Mais vida útil no sentir dos momentos, que na obra que fica exposta?

domingo, setembro 02, 2007

FDS


E o vento leste foi-se. Hoje voltou a haver orvalho nas teias. Com altos e baixos, uns dias de cores quentes, outros de frias. É mesmo assim, um dia de cada vez.

sábado, setembro 01, 2007

Mais vento leste


E assim terminou mais um dia de vento leste. Depois do polvo na Cabana e de uma passagem breve para a visão de janelas com vasos de sardinheiras em Óbidos.