Um destes dias voltarei a ver telejornais, mas só depois de todos os fogos terem sido apagados e de as lágrimas do país profundo deixarem de ser exaustivamente exibidas. Da última vez estive quase vinte minutos a fazer zapping sem êxito.
Prefiro olhar para tras das imagens e tentar ver, sem acreditar que a imagem é o objecto. Procurar a realidade por detrás da coisa mostrada é um exercício a que nos vamos desabituando, uma tendência, mais uma, a que preciso de resistir. Tentar perceber se as pessoas realmente organizam reuniões médicas pelos motivos que mostram fazê-lo ou procurar, além das imagens que mostram, os motores que realmente as fazem agir. Acreditam mesmo que a ciência médica portuguesa fica mais prestigiada quando se organiza em Portugal uma reunião internacional ou é uma coisa que acham ser bonita de dizer? Por exemplo, nem por um momento lhes passará pela ideia que esse prestígio pode estar muito mais em mostrar o trabalho desenvolvido, em reuniões feitas noutros locais? Acreditam mesmo na importância da divulgação da reunião junto dos media ou quererão, em alternativa, meramente aparecer nos media para colher outro tipo de resultados? Dentro de uma organização de uma destas reuniões fica-me um sentimento de vazio, de inutilidade de ali estar, eu que não tenho qualquer benefício que justifique qualquer investimento sensível. Estou-me assumidamente nas tintas. Mas lá que se aprende muito nestas coisas, lá isso aprende! Ficamos de olhos mais abertos e com potência de raios X.
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