sábado, novembro 23, 2013

Factos e irrealidade

Estar na ação e ver o relato da ação permite ver a inconsistência do jornalismo e como propaga a mentira e não mostra a verdade. A preguiça sintética leva a pescar sons fora do contexto e repeti-los faz nascer uma verdade que afinal é mentira. Reduz-se, assim, a força da intervenção ao sabor de interesses ocultos (lembrei-me outra vez de Um inimigo do povo). É notável, que não tenha visto nenhuma fotografia do público que assistiu à sessão, que até cantou um hino nacional vibrante (à maneira da seleção de rugby). Publicadas só as das personalidades, num pudor injustificável, pois, os que ali foram são gente que dá a cara. Será porque a imagem da Aula Magna cheia a abarrotar, dava uma imagem pouco tranquila a quem a visse?

sexta-feira, novembro 22, 2013

Seguramente inseguro

Há um país que espera, indeciso na volta a dar. Agora que se entendeu que o caminho seguido foi repetidamente ilegal (anticonstitucional)e para nada serviu, tendo a dívida a corrigir aumentado ainda mais, há um grito de esperança e um silêncio doloroso. «Viva a República!!» gritou enérgico o velho senhor a quem tudo isto deve doer horrores, mas a mensagem, vinda da fragilidade, embora desperte ternura, condescendência, já não desencadeia a ação necessária, porque o caminho para manter viva a República está mergulhado em denso nevoeiro. Naquela sala (Aula Magna da Reitoria) havia muita ideia (não era um rebanho trazido em camionetas), muito desejo de que os desvarios tenham um fim. Mas nem sempre as ideias contêm em si as soluções necessárias que impedem os naufrágios, sendo preciso um rumo definido que não se vê. Até porque muitos foram os que souberam por que ficaram em casa. São os que podendo agarrar o leme manterão o barco no mesmo destino fatal. Há uma urgência de isso ser percebido, para que o poder que está agora a ser mal usado, não continue a ser desperdiçado por outros diferentes, mas afinal iguais. Está na hora de escolher alternativas que até podem passar por negócios entre os que ali estavam, para que os que mandam agora e os que taticamente ali não foram não possam mais ser o poder que desgoverna. O problema são as unidades táticas, sem programa e não se perceber que às vezes, em vez de estar mal acompanhado, mais vale estar só (ou mudar de companhia). Há que empreender, ousar, perceber que a consistência com razão sempre triunfará, ainda que, conjunturalmente, possa parecer débil. De forma esclarecida perceber que Seguro não é seguro nem muito diferente dos passos que se têm dado. Há, por isso, um esclarecimento necessário.

quinta-feira, novembro 14, 2013

Um inimigo do povo

Da inutilidade da verdade real face à verdade publicada, porque é esta que define o gosto das maiorias que preferem, quantas vezes vezes acreditar na mentira desde que lhes seja mais bem vendida. A maioria de ignorantes mandando na democracia que, dizem, é o mais perfeito dos regimes, ainda que imperfeito, quando, na verdade,são minorias esclarecidas e possuidoras da verdade quem deveria conduzir os processos. Um país é como uma empresa, dizem, mas não lhes passa pela cabeça pôr a votos o conselho de administração.É esta a triste impossibilidade de melhores dias, por todos os bloqueios existentes. Mas na verdade, «o homem mais forte do mundo é o que está mais só» e «é possível a minoria ter razão e a maioria está sempre errada». O resto é arte de demagogos, organizadores da carneirada dos consensos nacionais. No contexto atual dificilmente seria mais adequado arranjar um texto melhor que este Ibsen «Um inimigo do povo», que os amigos do povo(teatro a 5€ à quarta-feira!!) da Comuna têm em cena no teatro da Praça de Espanha.

terça-feira, novembro 12, 2013

Passagem

Provavelmente a morte será das poucas coisas que acontece aleatoriamente, mas sempre se sente nos funerais a que vamos que a senhora escolhe sempre aqueles a que não deveria dar prioridade, quando afinal andam por aí tantos a fazer menos falta. Mas, possivelmente, a sensação é explicável porque não vamos aos dos outros.

segunda-feira, novembro 11, 2013

Sinais

Dois dias depois, uma nota breve. É óbvio que o desvario de Cardozo não tem perdão, mas, entretanto, criou-se uma unanimidade à volta do homem, porque ele faz golos. Os fins a justificarem os meios. Não era assim dantes. Até no futebol a nova moral vai triunfando.

domingo, novembro 10, 2013

Gato com rabo de fora

Mais um sábio a avisar-nos que é urgente acabar com a democracia. Nada de eleições ou auscultações perigosas à vontade dos cidadãos. Ok, pode haver eleições, mas nos próximos anos quer ganhem uns quer os outros, a política deve ser a mesma. Isto seria profundamente anti-democrático e intelectualmente desonesto não fosse ser verdade tendo em conta os protagonistas que se querem chamar de os partidos do arco da governação. Com efeito e na verdade, PS ou PSD/CDS são uma e a mesma coisa quando se trata de resultados práticos e só por razões táticas e esperança de uma maioria absoluta (para garantir os lugares dos amigos) o PS Seguro não vai ao beija mão do atual governo. Mas que raio, as opções não terminam aqui. Há outras diferentes. O problema é que tantos ainda não tenham percebido que o alterne de todos estes anos é uma e a mesma coisa.Mas esta ideia da possibilidade de acordo e mesmo a incapacidade de não perceber a teimosia o que prova é isso mesmo: só as moscas mudam! Esta proposta de união é gato com rabo de fora.

sábado, novembro 09, 2013

Desonestidade

Anualmente querem chatear-me num fim de semana com isto do ranking das escolas. As notícias são todos os anos iguais. As escolas privadas tiveram melhores resultados que as públicas. A escola Nossa senhora de qualquer coisa foi a melhor, a escola c+s de um qualquer barreiro a pior de todas. Mesmo percebendo a miserável fraude, todos os telejornais e jornais realçam os rankings e abrem com o óbvio do ensino privado ter melhores resultados que o público e o subentendido de como seria otimo acabar com o público para gastar menos ao Orçamento do estado. Antes porém, há uma prova que tem que ser feita a bem da verdade: por exemplo, no próximo ano, o Estado contrata todos os professores da escola top e coloca-os a dar aulas na pior de todas e vice-versa. Aguardem-se os resultados. Então perceberemos que a mestria desses mestres não transforma a realidade com a facilidade que nos impingem. O resto é desonestidade intelectual.

quinta-feira, novembro 07, 2013

Público e privado

A última semana foi fértil em acontecimentos que fui registando para reflexão futura que agora expresso (como semanário...). 1. O presidente do futebol fez uns comentários divertidos acerca do Cristiano Ronaldo e disse aquilo que alguns não gostam de ouvir: o Messi é o melhor! Num país pobre de ser melhor, a coisa não caiu bem e até o conselho de ministros manifestou a indignação. Ainda há pormenores que unem a populaça com o governo. PC deve estar grato ao senhor. Quando se ocupam lugares públicos perde-se em liberdade o que se ganha em visibilidade. A um líder não é permitido emitir a sua opinião, mas apenas a que é politicamente correta. Ou seja mentir de forma consensual em público, não manifestando a sua verdadeira opinião privada. Sinais do constrangimento das liberdades. Prefere-se a mentira em público à verdade privada. 2. Um ilustre casal está zangado. Que teremos nós a ver com isso? Casais desavindos ainda são notícia, não pela discórdia existente, mas pelo que ajudam uma imprensa moribunda a vender papel. E foi curioso ver como alguns pudicamente referiram os factos, manifestando a preocupação de não invadir a privacidade, mas falando deles apenas porque são públicos. Públicos porque são colunáveis os seu protagonistas, mas na forma tão privados como as zangas de qualquer Maria e qualquer José, que ficam no domínio estritamente privado e se manifestam por números de mulheres mortas por violência doméstica, publicados de quando em quando. Possivelmente é mais relevante a morte pública do que uns estalos privados. Mas enfim o critério contabilístico sobrepõe-se ao jornalístico e assim vamos... 3. Público e privado é também disso que trata o celebrado guião do Estado, que o PP escreveu numa viagem entre duas feiras. Cada um escreve como sabe e com a força que lhe permitem é possível elaborar-se sobre o que nos apetece. Mais estranho é a discussão que se segue, em que um bando de colaboracionistas quer impôr a coisa escrita como verdade final. Estão lá os títulos dos capítulos e a conclusão, quer-se agora ajuda para que se escrevam os textos em conjunto. Procura-se a união nacional que outros já impuseram e Cavaco há tempos tentou, esquecendo-se que nisto do Estado há um maior e outro menor (como no fado) e que o tom é que muda a música, não sendo possível escrever a mesma pauta, para ambos em simultâneo, sem que a coisa fique irremediavelmente desafinada. Nos Estados como nos casais não há consenso quando as realidades objetivas são antagónicas e mesmo que corram paralelas nunca se encontrarão (até por imperativo geométrico). Esta tentativa de pôr tudo a falar a uma só voz não é própria de gente livre e pensante, mas de mentecaptos formatados numa mesma cartilha aceite de forma acéfala. É a luta de classes, estúpidos!