sexta-feira, dezembro 16, 2011

eMundo

Em poucos dias dois episódios no fundo semelhantes. Primeiro, a conversa de José Sócrates, agora a posição de Pedro Nuno Santos. Semelhantes, não pelo conteúdo ou importância das posições (e pessoalmente, sempre detestei discursos politicamente corretos, unanimistas, de ir com as outras), mas nas circunstâncias em que foram proferidos. Trata-se de reuniões de grupo em que os ouvintes se supõe estarem do mesmo lado do orador, em que deveria, por isso, haver alguma parcimónia na divulgação e solidariedade na posição. Mas, quer num caso quer no outro, não foi isso que aconteceu e, quem deveria ser aliado, traiu quem falou, deu armas ao inimigo ou como também se dizia, bufou. Para os mais novos chibou.
Pode isto acontecer apenas pela vontade incontrolável de ser repórter, dar a notícia, pôr no youtube, criar som e ficar com a alegria incontida de ter causado uma onda no pântano. Pode a coisa ser mais nojenta e imunda e haver infiltrados, verdadeiros bufos entre a assistência nestas reuniões, prenunciadora de um regresso a algum passado e nesse caso é ainda mais preocupante. Mas de uma maneira ou de outra, a consequência poderá ser o fim da liberdade de expressão, a auto-censura do que dizemos, porque temos de desconfiar dos parceiros que julgamos serem nossos camaradas. E vamos dizer com cuidado, o que tira necessariamente algum grau de veracidade ao que dizemos. Todos vamos ficar a saber menos do que poderíamos saber nas conversas de amigos. Pode sempre haver um telemóvel de câmara ligada neste eMundo.

Sem comentários: