terça-feira, novembro 29, 2011

Fim do mundo e jantar de curso

O Expresso tem esta vantagem, é inspirador.
1. Na última edição Miguel Sousa Tavares, comunica-nos que esta Era acabou. Segundo ele, acabou a era em que havia solidariedade entre as pessoas e agora é cada um por si conforme exemplifica com o seu exemplo pessoal. Ele previu o fim das garantias de vida estável, da organização das sociedades. Às vezes, têm-se filhos para isto (Sousa Tavares pai e a mãe Sophia devem estar aos tombos nas tumbas).
Segundo este autor, o caminho será a existência de 10 milhões de indivíduos que fazem comentários na televisão e conseguem vender livros através da notoriedade que isso lhes confere. Nada de aturar patrões incompetentes. Ausência de organização social, já. «O mundo confortável que nos prometeram e em que quisemos acreditar acabou». Está decretado o fim do mundo! Mas o fim do mundo, como, aliás, reconhece para o fim do artigo teve que ver com algumas perversões dos «piratas do subprime americano, da bolha imobiliária espanhola ou do sistema bancário irlandês» e «não podemos continuar a tolerar o dumping social e fiscal e o crime das offshores». Afinal «há aqui alguém que apostou e está a ganhar com a ruína dos pobres e a liquidação do euro e da própria ideia de Europa».
Se calhar, então, mas não o refere o iluminado, a solução não é o fim do mundo que anuncia necessário, destruindo a organização social e a solidariedade, mas tão só «reinventar um caminho novo» em que a complexidade e atribulação consiste na supressão das perversões, das bolhas e do sistema bancário. Depois disso e  do fim das virtualidades, voltaremos à realidade e tranquilidade da vida com novos valores e sem ser necessário acabarmos com o mundo confortável em que vivíamos.
2. No jornal de Economia, publicado por um distinto Professor de Economia da Stern School of Business, vem outra peça iluminada, em que resumidamente se explica que isto dos jantares de curso em que a conta é dividida por todos independentemente do que cada um bebe, consiste numa «divergência fatal entre o custo real e o custo enfrentado pelo decisor relevante». Isto para nos explicar com a metáfora que no Euro não é tolerável que os países possam ser solidários entre si e haja uns que gastam e outros que produzem. Mas produzem para quem gastar? Ou quem beneficia com os gastos?
Acho que neste jantar de curso da Europa, o problema que não está bem percebido é que o jantar foi servido para todos no restaurante alemão, que criou um clima de festa mal regulada, incentivando o consumo da cerveja e, só  no fim, decidiu apresentar a conta. Entretanto vendeu a cerveja. E se, com a irreverência estudantil, dissermos, não pagamos!? Vão continuar a produzir cerveja para deitar ao Reno?Conseguem sobreviver sem os beberrões?

1 comentário:

RC disse...

Confesso que desisti de ouvir este senhor.