Nunca percebi bem a razão de ser da designação de Assistente livre, que por esta altura me chega todos os anos enviada da FML. Imagino que a liberdade não seja minha, mesmo sendo eu o titular da dita e também não concebo, que sendo a instituição que é, me queira enviar uma mensagem subliminar de que existem outros Assistentes, por oposição à minha condição, presos. Menos ainda que me queiram incitar a ensinar Medicina de uma forma inteligente, livre das tradições de marranço e subserviência da Escola, virada para a descoberta do bem-estar dos doentes. Resta-me, assim, a certeza de que a minha liberdade será exercida numa transmissão do que sei sem vénias académicas às excelências professorais. Pelo que vejo à volta, é grande privilégio!
Há ainda uma outra hipótese para a etimologia do adjectivo, bem mais prosaica, mas não necessariamente menos viável: livre... de encargos. Para uma instituição incapaz de gerar receitas e de baixos recursos que pensa poder fazer a sua missão em regime de low cost, é bem possível que seja este o contexto. Estranho é que os alunos não reivindiquem também a sua qualidade correspondente de alunos livres... do pagamento de propinas para suportar os custos dos pobres Professores aprisionados (a tradições e vénias obsoletas).
Livre é quem, simplesmente, tem o poder de desprezar a força dos poderes.
Embalado sigo no que me ressoa em fundo:
Chi son? Sono un poeta.
Che cosa faccio? Scrivo.
E come vivo? Vivo.
Alguns vejo eu mortos e outros a morrer todos os dias.
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