Não seria de esperar que alguma vez o PR criticasse o génio, que foi buscar em tempos a Madrid: Jardim Gonçalves, um quase salvador da pátria. Parece que ainda agora merece andar guardado e viajar em jacto privado tudo pago pelos accionistas do BCP, o banco modelo que tanto tem produzido para bem de todos nós. Estes visionários têm de ser bem protegidos.
Outros que tanto e tão depressa fizeram avançar o liberalismo recentemente são condenados a penas impossíveis por muitos esquemas piramidais que inventem. A morte será ainda o limite mais democrático e igualitário para todos, embora neste caso pudesse ser adiada para manter o símbolo bem vivo durante muitos e muitos anos. Mas seria também importante e da mais elementar justiça que os que lhe estiveram mais próximos não beneficiassem de alguma forma com o crime. Até para que ele visse alguma da ruína que induziu, mas sobretudo para que outros investidores e criativos da gestão se inibam de ser tão geniais.
Importante também seria que tivesse sido condenado a não escrever as memórias ou a qualquer outra forma de transformar a desgraça em benefício. Mas isso também seria pedir demais a um sistema que, na verdade, até lhe reconhece alguns méritos. E, qual hidra, o sistema mantém-se...
segunda-feira, junho 29, 2009
domingo, junho 28, 2009
Enxerto de passado recente
Não me enganava no último post. À chegada a questão magna era a ida de Obama com a Michele ao teatro em véspera de falência da GM, como se um luto resolvesse alguma coisa do que o liberalismo desenfreado dos agora críticos tinha determinado. É uma estratégia bem conhecida que lembra o caso BPN: também aí se tenta tapar a asneira dos fraudulentos com a falta de eficácia do regulador, como se o ladrão pudesse ser perdoado porque o polícia não previne o crime. Dentro quase do registo conhecido de que roubar só é crime quando se é apanhado, no mais é iniciativa privada de boa qualidade e geradora de valor para a organização.
Mas estava de férias e estas coisas tinham de ser relativizadas.
Chegar à noite a Washington e ir para o hotel pode não ser fácil, quando apenas se dispõe de uma orientação Googlearth do trajecto a partir do aeroporto: o rent a car fica afastado e tudo fica modificado no plano. Vai-se então, à maneira antiga, de estação de serviço em estação de serviço sendo-se (des)orientado pelos residentes. Mas acabamos sempre por chegar ao destino.
O dia seguinte acordou pardacento e chuviscoso, mas foi mau tempo de pouca dura. Logo à saída de DC, o sol já brilhava e a jornada foi longa, à volta de 1000 km num dia é obra, sobretudo quando se decide intervalar a I-95 e ir mais à beira mar. São umas 3 vias duplas costa abaixo, quase paralelas, numa abundância de estradas que ainda agora se contestam como investimento lá do outro lado, onde por acaso, nascemos. Por aqui andaram escravos em tempos que foram, hoje persistem outros um pouco menos, mas não é este o padrão de gente americana que encontramos nas fitas do Império. As casas frágeis prontas à renovação no próximo tornado. Nas pessoas raras que se encontram, lá estava uma que sabe associar o nome de Ronaldo a Portugal. Este país reduzido a isto... Bom mesmo é sentir a ausência e a insignificância de MMG, Sócrates e outros tão importantes na pequenez do além-mar.
Já bem no escuro, entrámos, finalmente, no passado de Savannah.
No dia seguinte começámos a perceber que esta é uma terra passada renovada, um quadrado de ruas e praças encostado ao rio. A rua empedrada à beira-rio de onde já saíram os eléctricos que aí deixaram as linhas e por onde agora passam autocarros em forma de eléctricos. O calor húmido no limite do tolerável, a convidar sempre a entrar nas lojas. Vamos seguindo as sugestões e entrando nas casas-museus, onde os guias nos vão contando sempre as histórias curiosas de vidas que nos esqueceremos muito em breve, ficando a lembrança da prosperidade de outros tempos alicerçada no import-export do algodão e no trabalho escravo. Dos fracos não reza a história ou quando muito ficam imagens que a evocam ao mesmo tempo vão perdendo significado com o decorrer dos anos.
Sabe bem o refresco das praças arborizadas, onde agora descansam os descendentes dos que outrora fizeram a cidade e daqui a uns anos lembrar-me-ei da comida do sul na mesa colectiva no Wilkis, à porta do qual pela uma da tarde se forma fila na Jones St e, enquanto s espera, se vai assistindo à saída dos que, mais ou menos barrigudos, nos incitam a não desistir de esperar. Vale a pena, dizem. Mais logo seremos nós também a dizê-lo.
E há algum mistério, histórias de fantasmas e uma estranha calmaria à noite, onde parece que a cidade fecha pelas 10 pm. Arriscámos o jazz do Jazzed como nos recomendaram, mas apenas nos serviram folk a acompanhar as tapas, que justificam a deslocação se nos esquecermos da música.
De Savannhah ficará também a recordação da câmara fotográfica esquecida no Dot, o transporte público para turistas, que funciona a partir das 10 am. Circula pela zona histórica (Historic District) da cidade parando aqui e além. Depois de sair, senti a falta da Canon para registar o Market e lá fui a correr atrás do Dot, animado pelas paragens frequentes nos sinais vermelhos. Só que a cada arranque no verde, me faltava a força nas pernas, que logo ressurgia no vermelho seguinte. Percebi nesse exercício que a força está, certamente, mais na cabeça do que nas pernas. E finalmente, a história acabou bem. Ao fim de mais um circuito pela cidade, pude ver a câmara deixada no segundo banco do Dot. Recuperação com palmas dos turistas em circuito. Mais do que a perda da máquina que me acompanha desde a Nova Zelândia, era o trabalho de quase um dia que se perdia.
Ao fim de 2 dias, já pouco há a fazer na cidade além de perceber que é bem maior do que o turista vê no centro histórico e como turista bem orientado pelos Lonely Planets fomos até Tybee (que significa sal na língua original) e hoje é acumulação de praia e hotel com um jetty a lembrar-nos outras paragens e companhias de viagem. Os mundos vão sendo todos muito semelhantes, muitas vezes a diferença dos instantes são os amigos com quem os percorremos.
De Savannhah até Orlando é um tempo de ligação que se poderia bem melhor fazer por translocação futurista. Nada a registar, excepto a visão das nuvens carregadas à entrada do estado do sol e a confirmação da chuva na chegada a Orlando. Por Orlando passámos também, vendo ao longe mais uma das skylines sempre idênticas desta terra. Finalmente, o Grand Vaccances Hilton, confortável e igual a tantos outros locais de repouso pseudo-sofisticados. Repouso na véspera da ida às brincadeiras de infância que sabem ainda bem nos tempos de agora. O mundo do senhor Walt é isso mesmo, sendo agora possível perceber que Paris e quejandos são amostras para abrir o apetite à casa mãe. Há para todos os gostos, mar, futuro e magia servidos sempre da mesma forma descontraída, organizada e obrigatoriamente feliz. Um dia só nos permitiu optar pela Magia e lá andamos entre a Branca de Neve e o Peter Pan, por montanhas russas tenebrosas e salpicos de água refrescantes. A paisagem humana é aqui diferente de Paris: os americanos mascaram-se dos heróis para virem ao Reino da Magia e deslocam-se aqui para celebrar os mais variados eventos. Irritação só mesmo à saída. Ao dirigir-mo-nos para o barco que nos havia de levar ao monorail e como gente normal ensaiámos uma passagem sobre uma corrente que nos evitava mais um precurso de uma centena de metros. Logo uma senhora rosnou um sonante there is a reason for the chain!! Ela acredita que há, porque alguém lhe disse que havia. Mas ela não sabia nem desta razão nem de todas as razões que lhe dizem que há para não fazer as mais variadas coisas. Deve ser fácil governar uma gente assim, que nunca pergunta o porquê das correntes e das cadeias. Gente que parte para guerras em locais que desconhece e tolera Guantanamos porque mais do que o temor a uma divindade, aceitam os dogmas dos governantes sem pestanejar e afirmar convictos, afinal, que há uma razão para as correntes e cadeias. Ninguém lhe spergunte qual, porque não sabem. Pior, nem entendem o significado da pergunta. Aliás, quem a fizer deve ser ou talibã ou no mínimo comunista.
Depois do incidente não o céu, mas as nuvens caíram-nos em cima da cabeça e do corpo todo. Era o prenúncio do clima dos dias seguintes.
No dia seguinte, o time-sharing roubou-nos a manhã antes de seguirmos mais para o sul. O suficiente para inviabilizar a visita ao Kennedy Space Center. Da porta ainda avistámos foguetões e o space shuttle. Fica para a próxima na esperança de ter sido a única perda do dia.
Pelo sul abaixo, há um contínuo de praias mais ou menos privadas, com casas particulares sobre a areia e impossibilidade do comum dos mortais chegar à água. Numa tentativa desesperada passámos pela Fonte da Juventude em St Augustine. A água bebemos, mas os resultados devem ser os que teve o inicial descobridor e cada vez mais os senior moments se irão apoderando mais e mais de nós. Houve também o insólito de na beira da estrada se encontrar um casino com mais de 200 slot machines, gerido por uma confissão religiosa, da miríade de organizações destas que vamos encontrando a cada momento. Uma crise de fé geradora de muitas fés, ao que parece de duvidosa ética. Miami é quase no fim da estrada.
As sugestões dos livros de viagens resultam algumas vezes. Ficámos ao sul, em Coral Gables, algo que lembra Estoril-Cascais, num hotel velho e charmoso,cheio de história e encantos múltiplos. Do 10º andar do Biltmore avistamos a grandeza do campo de Golfe e um céu de chumbo quase a cair de novo. Soubémos no dia seguinte, que em Miami Norte os carros nadaram na enxurrada. Tudo acontece em meia hora, a chuva desaba e logo seca, religiosamente ao fim da tarde.
Na manhã seguinte, já voltou o céu absolutamente azul e o calor húmido. Antes que chuva volte, fomos a Key Largo e resistimos aos perto de 200 quilómetros de estrada sobre ilhas que leva a Key West, quase junto a Cuba. Era um desperdício de tempo de viagem na incerteza de haver uma balsa para rumarmos à Ilha...
Ficámos pelo mergulho a ver peixinhos, experimentando eu a angústia da desorientação e o sabor áspero da água na garganta. Alguém me fez sem barbatanas.
Miami depois foi a visão da praia, de uma costa estragada por grandes hotéis e finalmente com a descoberta de um resto de passado na zona Art Deco, obviamente só na arquitectura. De resto é a Ocean Drive para comer e a Collins para vestir. Nos pisos de cima das duas, descansa-se nas camas dos hotéis. É curioso que nesta ânsia de conservação politicamente correcta, acaba-se quase sempre por destruir as especificidades dos locais e torná-los iguais a tantos outros noutros sítios. Há alguma globalização na afirmação da originalidade local.
Mais própria a skyline que brota da Downtown e Little Habana onde se encontram cubanos desgostosos com a realidade da Ilha, aparentemente não muito bem de vida, perdidos na cidade de acolhimento. Em vários casos nem integrados na língua, apenas entendendo o castelhano.
Um último dia para sobreviver aos mosquitos do Jardim Botânico e passar por Vizcaya a contemplar glórias e passados de bem estar.
Antes do regresso a Washington, a experiência de um aeroporto onde se faz check-in na rua.
Em Washington já o tempo é de trabalho e menos de passeio. A cidade está mais aberta que há uns anos e por todo o lado há a glorificação de Obama. Ainda assim, Georgetown permitiu bons momentos de passeio e a passagem pelos memoriais não deixou de causar a estranheza da sua existência. Nomeadamente, não consigo perceber qual a glória dos americanos que morreram no Vietname. They never forget o quê? O erro de uma guerra onde se meteram contra o sentido da história? A sua derrota inglória? Provavelmente esqueceram ou pelo menos não aprenderam grande coisa com a história e lá vão saltando de Iraque em Afeganistão na construção de novos memoriais. Até quando?
E basta de intromissão do passado recente no presente.
Mas estava de férias e estas coisas tinham de ser relativizadas.
Chegar à noite a Washington e ir para o hotel pode não ser fácil, quando apenas se dispõe de uma orientação Googlearth do trajecto a partir do aeroporto: o rent a car fica afastado e tudo fica modificado no plano. Vai-se então, à maneira antiga, de estação de serviço em estação de serviço sendo-se (des)orientado pelos residentes. Mas acabamos sempre por chegar ao destino.
O dia seguinte acordou pardacento e chuviscoso, mas foi mau tempo de pouca dura. Logo à saída de DC, o sol já brilhava e a jornada foi longa, à volta de 1000 km num dia é obra, sobretudo quando se decide intervalar a I-95 e ir mais à beira mar. São umas 3 vias duplas costa abaixo, quase paralelas, numa abundância de estradas que ainda agora se contestam como investimento lá do outro lado, onde por acaso, nascemos. Por aqui andaram escravos em tempos que foram, hoje persistem outros um pouco menos, mas não é este o padrão de gente americana que encontramos nas fitas do Império. As casas frágeis prontas à renovação no próximo tornado. Nas pessoas raras que se encontram, lá estava uma que sabe associar o nome de Ronaldo a Portugal. Este país reduzido a isto... Bom mesmo é sentir a ausência e a insignificância de MMG, Sócrates e outros tão importantes na pequenez do além-mar.
Já bem no escuro, entrámos, finalmente, no passado de Savannah.
No dia seguinte começámos a perceber que esta é uma terra passada renovada, um quadrado de ruas e praças encostado ao rio. A rua empedrada à beira-rio de onde já saíram os eléctricos que aí deixaram as linhas e por onde agora passam autocarros em forma de eléctricos. O calor húmido no limite do tolerável, a convidar sempre a entrar nas lojas. Vamos seguindo as sugestões e entrando nas casas-museus, onde os guias nos vão contando sempre as histórias curiosas de vidas que nos esqueceremos muito em breve, ficando a lembrança da prosperidade de outros tempos alicerçada no import-export do algodão e no trabalho escravo. Dos fracos não reza a história ou quando muito ficam imagens que a evocam ao mesmo tempo vão perdendo significado com o decorrer dos anos.
Sabe bem o refresco das praças arborizadas, onde agora descansam os descendentes dos que outrora fizeram a cidade e daqui a uns anos lembrar-me-ei da comida do sul na mesa colectiva no Wilkis, à porta do qual pela uma da tarde se forma fila na Jones St e, enquanto s espera, se vai assistindo à saída dos que, mais ou menos barrigudos, nos incitam a não desistir de esperar. Vale a pena, dizem. Mais logo seremos nós também a dizê-lo.
E há algum mistério, histórias de fantasmas e uma estranha calmaria à noite, onde parece que a cidade fecha pelas 10 pm. Arriscámos o jazz do Jazzed como nos recomendaram, mas apenas nos serviram folk a acompanhar as tapas, que justificam a deslocação se nos esquecermos da música.
De Savannhah ficará também a recordação da câmara fotográfica esquecida no Dot, o transporte público para turistas, que funciona a partir das 10 am. Circula pela zona histórica (Historic District) da cidade parando aqui e além. Depois de sair, senti a falta da Canon para registar o Market e lá fui a correr atrás do Dot, animado pelas paragens frequentes nos sinais vermelhos. Só que a cada arranque no verde, me faltava a força nas pernas, que logo ressurgia no vermelho seguinte. Percebi nesse exercício que a força está, certamente, mais na cabeça do que nas pernas. E finalmente, a história acabou bem. Ao fim de mais um circuito pela cidade, pude ver a câmara deixada no segundo banco do Dot. Recuperação com palmas dos turistas em circuito. Mais do que a perda da máquina que me acompanha desde a Nova Zelândia, era o trabalho de quase um dia que se perdia.
Ao fim de 2 dias, já pouco há a fazer na cidade além de perceber que é bem maior do que o turista vê no centro histórico e como turista bem orientado pelos Lonely Planets fomos até Tybee (que significa sal na língua original) e hoje é acumulação de praia e hotel com um jetty a lembrar-nos outras paragens e companhias de viagem. Os mundos vão sendo todos muito semelhantes, muitas vezes a diferença dos instantes são os amigos com quem os percorremos.
De Savannhah até Orlando é um tempo de ligação que se poderia bem melhor fazer por translocação futurista. Nada a registar, excepto a visão das nuvens carregadas à entrada do estado do sol e a confirmação da chuva na chegada a Orlando. Por Orlando passámos também, vendo ao longe mais uma das skylines sempre idênticas desta terra. Finalmente, o Grand Vaccances Hilton, confortável e igual a tantos outros locais de repouso pseudo-sofisticados. Repouso na véspera da ida às brincadeiras de infância que sabem ainda bem nos tempos de agora. O mundo do senhor Walt é isso mesmo, sendo agora possível perceber que Paris e quejandos são amostras para abrir o apetite à casa mãe. Há para todos os gostos, mar, futuro e magia servidos sempre da mesma forma descontraída, organizada e obrigatoriamente feliz. Um dia só nos permitiu optar pela Magia e lá andamos entre a Branca de Neve e o Peter Pan, por montanhas russas tenebrosas e salpicos de água refrescantes. A paisagem humana é aqui diferente de Paris: os americanos mascaram-se dos heróis para virem ao Reino da Magia e deslocam-se aqui para celebrar os mais variados eventos. Irritação só mesmo à saída. Ao dirigir-mo-nos para o barco que nos havia de levar ao monorail e como gente normal ensaiámos uma passagem sobre uma corrente que nos evitava mais um precurso de uma centena de metros. Logo uma senhora rosnou um sonante there is a reason for the chain!! Ela acredita que há, porque alguém lhe disse que havia. Mas ela não sabia nem desta razão nem de todas as razões que lhe dizem que há para não fazer as mais variadas coisas. Deve ser fácil governar uma gente assim, que nunca pergunta o porquê das correntes e das cadeias. Gente que parte para guerras em locais que desconhece e tolera Guantanamos porque mais do que o temor a uma divindade, aceitam os dogmas dos governantes sem pestanejar e afirmar convictos, afinal, que há uma razão para as correntes e cadeias. Ninguém lhe spergunte qual, porque não sabem. Pior, nem entendem o significado da pergunta. Aliás, quem a fizer deve ser ou talibã ou no mínimo comunista.
Depois do incidente não o céu, mas as nuvens caíram-nos em cima da cabeça e do corpo todo. Era o prenúncio do clima dos dias seguintes.
No dia seguinte, o time-sharing roubou-nos a manhã antes de seguirmos mais para o sul. O suficiente para inviabilizar a visita ao Kennedy Space Center. Da porta ainda avistámos foguetões e o space shuttle. Fica para a próxima na esperança de ter sido a única perda do dia.
Pelo sul abaixo, há um contínuo de praias mais ou menos privadas, com casas particulares sobre a areia e impossibilidade do comum dos mortais chegar à água. Numa tentativa desesperada passámos pela Fonte da Juventude em St Augustine. A água bebemos, mas os resultados devem ser os que teve o inicial descobridor e cada vez mais os senior moments se irão apoderando mais e mais de nós. Houve também o insólito de na beira da estrada se encontrar um casino com mais de 200 slot machines, gerido por uma confissão religiosa, da miríade de organizações destas que vamos encontrando a cada momento. Uma crise de fé geradora de muitas fés, ao que parece de duvidosa ética. Miami é quase no fim da estrada.
As sugestões dos livros de viagens resultam algumas vezes. Ficámos ao sul, em Coral Gables, algo que lembra Estoril-Cascais, num hotel velho e charmoso,cheio de história e encantos múltiplos. Do 10º andar do Biltmore avistamos a grandeza do campo de Golfe e um céu de chumbo quase a cair de novo. Soubémos no dia seguinte, que em Miami Norte os carros nadaram na enxurrada. Tudo acontece em meia hora, a chuva desaba e logo seca, religiosamente ao fim da tarde.
Na manhã seguinte, já voltou o céu absolutamente azul e o calor húmido. Antes que chuva volte, fomos a Key Largo e resistimos aos perto de 200 quilómetros de estrada sobre ilhas que leva a Key West, quase junto a Cuba. Era um desperdício de tempo de viagem na incerteza de haver uma balsa para rumarmos à Ilha...
Ficámos pelo mergulho a ver peixinhos, experimentando eu a angústia da desorientação e o sabor áspero da água na garganta. Alguém me fez sem barbatanas.
Miami depois foi a visão da praia, de uma costa estragada por grandes hotéis e finalmente com a descoberta de um resto de passado na zona Art Deco, obviamente só na arquitectura. De resto é a Ocean Drive para comer e a Collins para vestir. Nos pisos de cima das duas, descansa-se nas camas dos hotéis. É curioso que nesta ânsia de conservação politicamente correcta, acaba-se quase sempre por destruir as especificidades dos locais e torná-los iguais a tantos outros noutros sítios. Há alguma globalização na afirmação da originalidade local.
Mais própria a skyline que brota da Downtown e Little Habana onde se encontram cubanos desgostosos com a realidade da Ilha, aparentemente não muito bem de vida, perdidos na cidade de acolhimento. Em vários casos nem integrados na língua, apenas entendendo o castelhano.
Um último dia para sobreviver aos mosquitos do Jardim Botânico e passar por Vizcaya a contemplar glórias e passados de bem estar.
Antes do regresso a Washington, a experiência de um aeroporto onde se faz check-in na rua.
Em Washington já o tempo é de trabalho e menos de passeio. A cidade está mais aberta que há uns anos e por todo o lado há a glorificação de Obama. Ainda assim, Georgetown permitiu bons momentos de passeio e a passagem pelos memoriais não deixou de causar a estranheza da sua existência. Nomeadamente, não consigo perceber qual a glória dos americanos que morreram no Vietname. They never forget o quê? O erro de uma guerra onde se meteram contra o sentido da história? A sua derrota inglória? Provavelmente esqueceram ou pelo menos não aprenderam grande coisa com a história e lá vão saltando de Iraque em Afeganistão na construção de novos memoriais. Até quando?
E basta de intromissão do passado recente no presente.
sexta-feira, junho 19, 2009
Uma semana de volta
Ao fim de uma semana, quase me retiram a rotina da iminência do furacão. Esta terra está estagnada, um pantanal com os mesmos bichos de sempre.
Há uns meninos eufóricos com a vitória que parece nem eles saberem muito bem como aconteceu. São as mais gozadas, mas também as, possivelmente, menos repetíveis. A ver se vai. A política é imagem e a grande discussão actual é se um animal feroz se está a converter em português suave. Do que fez e não fez, nada se diz, até porque, se fosse dizer-se ver-se-ia que os que se propõem fazer daqui em diante, afinal, teriam feito de forma semelhante aquilo que foi feito pelos incapazes de fazer. Um eterno alterne da mesma coisa com moscas diferentes, sempre e só.
Para animar a coisa há momentos de suspense à maneira de J E Moniz. Ao fim do dia, de gravata vermelha e papel vermelho na mão deixou o país azul. Afinal não é candidato a presidente do Benfica. Ficou tudo como dantes: Moniz em banho-maria (ou será em banho-(com) a Manuela?). Já espero pela sexta-feira em que ela o vai desancar em público: então você afinal é como os outros, diz que avança e pára a meio sem consumar o acto! Impotente! (Mais um pico de audiência)
Mas o mais sintomático deste país sem viabilidade são coisas como a discussão das obras públicas ou as provas dos alunos. Na primeira há uma divergência fundamental, uns acham que o investimento público é negativo porque limita o esbanjamento privado e se deveriam apoiar os pequenos e médios empresários que tantas provas têm dado (provas ou votos?) e outros o contrário. Há 30 anos vivi num país que os governos anteriores não hipotecaram, num país grande que demorava muitas horas a ir de ponta a ponta. Era um país lento onde não se tinha feito investimento público. Sempre me pareceu melhor que tivessem investido, dando-nos vida apesar das dívidas.
As provas dos alunos são de uma óbvia facilidade (para mostrar melhor resultados na Europa!) e os pequenos ainda assim chumbam ou nem têm notas por aí além. Criticam então os professores a facilidade dos exames. Deveriam ser de maior complexidade, levando a razias mais abundantes. Perante isto, interrogo-me que andarão os professores a fazer, que os alunos nem provas simples resolvem a 100%. Para que lhes pagam ao fim do mês, se não conseguem transmitir o conhecimento? Ou será que o mal de toda a facilidade dos exames é desincentivar os pais a pagarem explicações particulares, porque as notas estão garantidas?
Há uns meninos eufóricos com a vitória que parece nem eles saberem muito bem como aconteceu. São as mais gozadas, mas também as, possivelmente, menos repetíveis. A ver se vai. A política é imagem e a grande discussão actual é se um animal feroz se está a converter em português suave. Do que fez e não fez, nada se diz, até porque, se fosse dizer-se ver-se-ia que os que se propõem fazer daqui em diante, afinal, teriam feito de forma semelhante aquilo que foi feito pelos incapazes de fazer. Um eterno alterne da mesma coisa com moscas diferentes, sempre e só.
Para animar a coisa há momentos de suspense à maneira de J E Moniz. Ao fim do dia, de gravata vermelha e papel vermelho na mão deixou o país azul. Afinal não é candidato a presidente do Benfica. Ficou tudo como dantes: Moniz em banho-maria (ou será em banho-(com) a Manuela?). Já espero pela sexta-feira em que ela o vai desancar em público: então você afinal é como os outros, diz que avança e pára a meio sem consumar o acto! Impotente! (Mais um pico de audiência)
Mas o mais sintomático deste país sem viabilidade são coisas como a discussão das obras públicas ou as provas dos alunos. Na primeira há uma divergência fundamental, uns acham que o investimento público é negativo porque limita o esbanjamento privado e se deveriam apoiar os pequenos e médios empresários que tantas provas têm dado (provas ou votos?) e outros o contrário. Há 30 anos vivi num país que os governos anteriores não hipotecaram, num país grande que demorava muitas horas a ir de ponta a ponta. Era um país lento onde não se tinha feito investimento público. Sempre me pareceu melhor que tivessem investido, dando-nos vida apesar das dívidas.
As provas dos alunos são de uma óbvia facilidade (para mostrar melhor resultados na Europa!) e os pequenos ainda assim chumbam ou nem têm notas por aí além. Criticam então os professores a facilidade dos exames. Deveriam ser de maior complexidade, levando a razias mais abundantes. Perante isto, interrogo-me que andarão os professores a fazer, que os alunos nem provas simples resolvem a 100%. Para que lhes pagam ao fim do mês, se não conseguem transmitir o conhecimento? Ou será que o mal de toda a facilidade dos exames é desincentivar os pais a pagarem explicações particulares, porque as notas estão garantidas?
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