sábado, novembro 17, 2007

Vila Franca

Vila Franca de Xira sem tourada tem mais encanto. Pelo menos, eu prefiro-a com o museu recém-inaugurado (azar que o Presidente da fita tenha sido o Senhor que é, o que não deixa de destoar na parede da casa) onde se relembra o neo-realismo português da pintura ao cinema com literatura pelo meio.
Tenho vindo a perceber que nos fazemos dos quinze aos vintes. Por aí já estamos completos. Foi exactamente nessa altura que contactei e me enchi de Soeiro Pereira Gomes, Redol, Gomes Ferreira e me embalava o Acordai do Lopes Graça. Hoje percebi o quanto esta gente me fez também. Quer se queira quer não, há por aqui uma superioridade moral, que se não deve menosprezar. Foi uma altura em que se agiu, não por necessidade ou pelo desprezível cálculo, mas tão só pelo dever de agir. Nenhum incómodo impediu alguns da acção e a história foi-se fazendo como foi necessário.
Em dia de sorte, ainda pude desfrutar de uma conferência de Rui Vieira Nery sobre o neo-realismo na música e, na discussão, veio à baila o fado, que afinal, pasmei!, foi durante tempos canção do povo e de resistência. Por exemplo, «Não entres na igreja, cavador/é falsa a religião dessa canalha/os santos são de pau e sem valor/só deves dar valor a quem trabalha».
O Museu foi o motivo da deslocação, mas outro há para lá voltar: o Recanto do Ti Pedro, onde a começar nos perguntou se já tínhamos escolhido, para logo continuar a dizer se sabíamos escolher! Logo ali se viu que não estavamos numa correcta casa de pasto, mas muito mais que isso. Mesmo não estando nada arrependido da escolha feita, que incluiu uns deliciosos feijões «sezudos», para a próxima será o Senhor Pedro Miguel Gil a servir-me do que entender (só exigindo que venham também os tais feijões).

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