sexta-feira, novembro 16, 2007

Revisão da semana

Mergulha-se na urgência do tempo, quando, finalmente, se percebem os seus limites. Apetece então, saborear os instantes, usá-los de uma forma selvagem, possuí-los na totalidade. Tal desfrute conduz, no entanto, à falta do tempo para aqui vir fazer o registo. É essa, possivelmente, a causa dos intervalos cada vez maiores entre os posts. Depois, um dia, surge um instante, em que se faz uma revisão breve, em forma de vertigem, como a paisagem que se escoa na janela do Alfa pendular e sai à maneira de registo uma enumeração de instantes.
1. A semana decorre numa sucessão de Domingos. É o gozo de estar de férias de uma forma diferente, iniciada por um Congresso sobre obesidade, onde, como é hábito, na quarta-feira seguinte tudo será como era na sexta-feira anterior. Para quem pode usar o Hotel foi agradável e a relação custo-benefício simpática… Cada vez mais a lucidez me impele a considerar estas reuniões como recreios, por vezes, de duvidoso merecimento, e, seguramente, de utilidade questionável. Como «louco manso, tentando antecipar algum futuro», lá fui dizendo que a obesidade é problema sem solução enquanto se não alterarem as suas causas. Outros preferem as corridinhas e marchas folclóricas ou a promoção do exercício, como se ainda restasse energia depois da sobrevivência do quotidiano. A prevenção não são consumos de sapatilhas de marca, mas muito mais, o combate ao consumo. Loucuras…
2. O êxito fabrica-se e antes que não exista é preciso afirmá-lo até que a voz lhes doa. Por mim, continuarei a fugir do auto-elogio, deixando, assim, aos outros apenas o esquecimento da obra. De outra forma, é demasiado deselegante para alguns padrões.
3. Tem sido enriquecedor o contacto com os Serviços da Segurança Social. Há um buraco imenso entre os dois lados da secretária. Do lado de lá, a frustração do contacto com a incompreensão da iletracia. Em português tentam comunicar, mas ao receptor não chega a mensagem simples, porque a distância é um oceano pacífico e de bons costumes. Ali ainda vejo a obediência do «porque eles é que podem». E pela quarta vez, irão buscar o papel que ainda falta, balbuciando que «são todos o mesmo». É urgente, pôr ali gente a traduzir conceitos e a adaptar serviços, na mudança que é possível.
4. Lá longe um rei mandou calar um presidente eleito. Só que o democrata é o rei, assim reza a Santa Madre Imprensa. Mas por mais que queiram o tal do Presidente não se cala e ainda lhes poupou a lembrança da varíola.
5. Por cá e a acabar a semana mais uma reunião corporativa em que, pasme-se, alguém pede à mítica Ordem autorização para fazer comunicações aos farmacêuticos sobre douta coisa que é isso da insulinoterapia. Passamos do cómico ao trágico quando se sugere que tal ciência se não passe, que a ela só os sábios endocrinologistas devem ter acesso. Investe então o louco farto de Idades Médias renascidas e a coisa acaba por poder ser feita nos moldes que o prelector considere serem os mais convenientes. Às vezes me amofino.
6. Na semana em que os diabéticos já são mais de um milhão, o poder, perante tanto voto potencial, decide oferecer insulina lenta e bombas infusoras à legião dos comilões. Bem vistas as coisas, a medida tem justiça enquanto atinja aqueles que realmente são vítimas da comida tóxica a que têm acesso. Menos justa será para outros que têm toda a possibilidade de optar e não o fazendo por facilitismo e negligência, vêem ao bolso de todos sacar os fundos que os tratam das consequências do vício. Esta é uma medida igualitária que tem pouco de equidade e menos de justiça distributiva. Aplicar-se-ia talvez neste consumo o princípio da proporção do pagamento em função do rendimento para dar mais responsabilidade e tornar a questão mais justa. Um milhão e meio de idosos com carências não retribuídas terão de levantar a voz e acenar com os votos, reivindicando a sua parte do bolo. Mas a sua fragilidade pouco lhes permite e o disparate continua.

1 comentário:

Anónimo disse...

se o baldanço ao blog for sinónimo de andar a viver mais os instantes com a família acho optimo e desculpo a falta de leitura qme tens proporcionado... fica aqui o conselho: aproveita ao máximo porque a família é o melhor que temos!!!

Beijos!!! (sdds)