Sedutor é o discurso do poder, ainda que infundamentado ou irreflectido. Em certas ocasiões, gera-se, nem se sabe lá muito bem a razão, um consenso que desperta os ouvidos mais para a correcção do discurso que para o seu conteúdo. Quem discursa assemelha-se aos jogadores de xadrez que se entusiasmam com a sua combinação de lances, certamente interessantes, mas que não abrangem todas as respostas possíveis. O resultado é a derota surpreendente numa altura em que estava armado um jogo lindo. Se não fosse aquela resposta!
A diabetes é aquela doença de que padecem cada vez mais doentes. Uns estudos mostraram que o bom controlo da doença (ter o açúcar no sangue em níveis mais perto do normal) melhora as complicações ou chega mesmo a evitá-las. Daí a busca do controlo perdido, uma odisseia em que se empenham médicos e doentes, para que os vendedores de drogas gozem o filme. Nessa busca de níveis baixos, muitas vezes, exagera-se e o doente tem hipoglicemias. Isso pode fazer com que, se for a conduzir, por exemplo, perdndo os sentidos, tenha um acidente que o maltrate a ele e a quem com ele se cruze naquele instante. Daí a ideia de limitar a capacidade de conduzir a estes doentes. Um curioso parecer, encostado a um discurso do poder, proclama que pode guiar quem tiver um bom controlo da doença. À primeira vista, parece correcto. Bom controlo, melhor! Pois é, mas não, bom controlo é maior risco daquilo que poderá impedir um diabético de conduzir, é maior risco de hipoglicemia. Mais curiosa ainda a proposta de que o atestar do bom controlo tenha de ser feito por um especialista. Na verdade bom controlo com vista à prevenção do risco é não ter hipoglicemias, sobretudos, as que se não sentem. Um segredo que só os próprios doentes poderão identificar. Ou seja só eles poderão atestar se andam ou não bem controlados. E já agora, será que os diabéticos têm risco acrescido de acidentes? Alguém expedito responde com um, claro que sim! Há sempre pessoas que raramente têm dúvidas...
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