domingo, junho 19, 2005

Mais um fim-de-semana

Têm corrido cheios, os dias, impondo a ausência do texto diário, que ficou registado numas notas manuscritas que agora transcrevo.

16 e 17 de Junho
Mais um curso de pós-graduação nesta terra dos cursinhos e eu sempre com esta impressão de representação nestas coisas. Uns a fazerem o papel de ensinadores, outros de ensinados. No final, alguém arrecada e outros, os mesmos de sempre, pagam a conta. Durante o ano, só nesta área, haverá mais de dez coisas como esta. Todas passando ao lado do controlo de qualidade e eficácia. Para o ano haverá mais de acordo com as necessidades de Tesouraria e independentemente das necessidades de formação.
Entretanto, continuar-se-ão a pedir ecografias da tiróide para tratar as dores de pescoço, densitometrias ósseas para justificar a prescrição do alendronato, muitos exames e mais exames auxiliares para aumentar o défice na saúde. E já agora, aumentar também a prescrição das estatinas para chegarmos todos dementes aos 100 anos... Se calhar.


18 de Junho

A capa da Única é um vómito ao nível da Agit-Prop de direita mais miserável que conceber se possa. Ao mesmo tempo, é mais um sinal da justeza da luta e do caminho traçado por Álvaro Cunhal. Realmente, ele incomodava-os. Por isso, tentando minimizar o susto de quarta-feira, tentam anunciar que a luta acabou e exclamam que desapareceu o último grande estalinista do Ocidente. Na verdade, depois de quarta-feira, parece-me mais claro que a luta não findou e que, pelo contrário, continua. Foi isso o que ouviram. Foi isso que os abanou. Não é retórica, aquilo que andou na rua foi Gente, não era imagem de qualquer coisa a que se convenciona chamar pessoas. Ainda não chegámos ao fim da história. Possivelmente, percebemos na quarta-feira, que o caminho é longo mas que há «amanhãs que cantam» e homens novos para o fazer. As bandeiras que eu vi tinham um vermelho, aqui e além, comido do sol, mas eram bandeiras inteiras, não esfarrapadas como sugere o desenho de António. São bandeiras estimadas, cuidadas, até com algum ponto que o tempo exigiu. São bandeiras de gente que existe, que não apareceu agora de repente, que lutou e fez escola. São de gente que persiste, que resiste. Não são espuma, mas a onda. Olhe que não, António, o Álvaro não foi nada aquele furioso que saiu no seu desenho.

19 de Junho
No país dos Monteirinhos ficaram todos muito contentinhos (ele incluído) porque, finalmente, além de acabar a corrida no lugar do costume, terminou nesse lugar menos os que desistiram para evitar que algum desses tivesse desistido de vez. O Senhor Presidente lamentará não poder dar-lhe a comenda no próximo 10 de Junho.

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