quarta-feira, outubro 26, 2011
A causa das coisas
Perante o Porsche estacionado à porta do Hospital do Divino Espírito Santo, interroguei-me sobre a razão das opções das pessoas relativamente às coisas. Afinal porquê um carro de corridas numa ilha tão pequena? A coisa pode ser um sonho, um projecto de vida, mas continua a ter algo de muito absurdo.
terça-feira, outubro 25, 2011
Relvas daninhas
No fundo, o chato é que nos chamem estúpidos enquanto fazemos aquela tarefa difícil que agora anda aí em voga de «apertarmos o cinto e baixarmos as calças ao mesmo tempo», tentando assumir a posição dos alemães quando perderam a guerra ou de outros quando se viram para Meca.
Vem isto a propósito daquele insulto à nossa inteligência feito pelo defesa direito (nº 2, não é?) do governo, quando explicou (sem se rir) que em países de economias mais avançadas que a nossa não havia subsídios de férias nem de Natal. Realmente, sempre achei que não era a forma mais correta de os empregadores retribuírem o trabalho, porque mais não era do que reterem uma parte do salário durante uns meses para só o pagarem ao 6º mês, com o fito de que fosse gasto de imediato, ou seja, de alguma forma voltar a quem o pagou.
Uma melhor alternativa (muito melhor, mesmo) era o pagamento do salário anual em Janeiro! Só um pagamento por ano correspondendo à totalidade do que era pago antes do roubo de 14% agora instituído.
Vem isto a propósito daquele insulto à nossa inteligência feito pelo defesa direito (nº 2, não é?) do governo, quando explicou (sem se rir) que em países de economias mais avançadas que a nossa não havia subsídios de férias nem de Natal. Realmente, sempre achei que não era a forma mais correta de os empregadores retribuírem o trabalho, porque mais não era do que reterem uma parte do salário durante uns meses para só o pagarem ao 6º mês, com o fito de que fosse gasto de imediato, ou seja, de alguma forma voltar a quem o pagou.
Uma melhor alternativa (muito melhor, mesmo) era o pagamento do salário anual em Janeiro! Só um pagamento por ano correspondendo à totalidade do que era pago antes do roubo de 14% agora instituído.
quarta-feira, outubro 19, 2011
Memória recente
Começa a ser necessário rever a Constituição, não tanto para introduzir limitações ao défice, mas para criar uma espécie de contrato em que fique estabelecido que o Presidente tenha de demitir obrigatoriamente os governantes que fizerem este tipo de discursos antes de serem eleitos e reneguem tudo o que disseram depois na governação:
É preciso assumir responsabilidades. E se depois de eleitos encontrarem um mundo que não conheciam, o que têm que fazer é ir de novo a jogo e prometerem o que, informados, achem que podem cumprir, porque assim, como este faz, é mesmo muito feio.
É preciso assumir responsabilidades. E se depois de eleitos encontrarem um mundo que não conheciam, o que têm que fazer é ir de novo a jogo e prometerem o que, informados, achem que podem cumprir, porque assim, como este faz, é mesmo muito feio.
terça-feira, outubro 18, 2011
Carta ao futuro
Olá Tomás,
deixa que te escreva estas palavras, mesmo que ainda as não possas ler. Mas ali, no meio daquele quarteirão de Gente, percebi que ainda há uma possibilidade, mesmo pequenina, de o mundo não ser só aquilo que os novatos aiatolás do liberalismo instalados recentemente no poder querem fazer dele. Sim, era só um quarteirão de Gente, mas já noutros tempos foi assim. Esta Gente sempre foi uma minoria, mas escreve-se com maiúscula. Foram eles também, que há mais de 30 anos, mudaram num dia de Abril um país ainda bem mais triste do que este que estamos a viver. Foram eles, afinal, que que se lembraram de começar a dar escola aos analfabetos, saúde aos doentes e vida aos reformados. Graças a eles foram criadas as conquistas que os jovens aiatolás agora liquidam como os subsídios de férias e de Natal. Foi um tal Vasco, que fazia discursos emocionados em Almada. Talvez, se tudo correr bem, um dia na Escola te venham a falar do tal sujeito. Pelo menos, passou-me isso pela cabeça, quando vi os sorrisos tímidos dos roubados da esperança, dispostos nos passeios feitos margens do rio vermelho que avançava. Aceitavam, sem recusa, os autocolantes e havia neles algum olhar agradecido, quase raiando a inveja de a sua timidez os não fazer saltar, desde já, para a torrente. Mas sabes, nenhum rio é grande quando nasce, é preciso tempo para engrossar e, no fim, não há mais barragens que o possam deter.
Vamos ter que alimentar este rio e chamar de novo ao percurso todos aqueles que não vi hoje por lá. Tive saudades de muitos que conheci em tempos, mas que hoje deviam estar a trabalhar enfiados nos seus consultórios privados e lá não foram. Mas também são Gente de confiança e vão aparecer noutros dias. Podes estar certo que isso vai acontecer e o rio vai ser mar, porque afinal não podes nascer numa terra sem esperança e sem futuro. Tu e os teus amigos merecem que o rio cresça. Vamos fazer por isso e gritar bem alto, porque todos sabemos que «quanto mais calados, mais roubados»
deixa que te escreva estas palavras, mesmo que ainda as não possas ler. Mas ali, no meio daquele quarteirão de Gente, percebi que ainda há uma possibilidade, mesmo pequenina, de o mundo não ser só aquilo que os novatos aiatolás do liberalismo instalados recentemente no poder querem fazer dele. Sim, era só um quarteirão de Gente, mas já noutros tempos foi assim. Esta Gente sempre foi uma minoria, mas escreve-se com maiúscula. Foram eles também, que há mais de 30 anos, mudaram num dia de Abril um país ainda bem mais triste do que este que estamos a viver. Foram eles, afinal, que que se lembraram de começar a dar escola aos analfabetos, saúde aos doentes e vida aos reformados. Graças a eles foram criadas as conquistas que os jovens aiatolás agora liquidam como os subsídios de férias e de Natal. Foi um tal Vasco, que fazia discursos emocionados em Almada. Talvez, se tudo correr bem, um dia na Escola te venham a falar do tal sujeito. Pelo menos, passou-me isso pela cabeça, quando vi os sorrisos tímidos dos roubados da esperança, dispostos nos passeios feitos margens do rio vermelho que avançava. Aceitavam, sem recusa, os autocolantes e havia neles algum olhar agradecido, quase raiando a inveja de a sua timidez os não fazer saltar, desde já, para a torrente. Mas sabes, nenhum rio é grande quando nasce, é preciso tempo para engrossar e, no fim, não há mais barragens que o possam deter.
Vamos ter que alimentar este rio e chamar de novo ao percurso todos aqueles que não vi hoje por lá. Tive saudades de muitos que conheci em tempos, mas que hoje deviam estar a trabalhar enfiados nos seus consultórios privados e lá não foram. Mas também são Gente de confiança e vão aparecer noutros dias. Podes estar certo que isso vai acontecer e o rio vai ser mar, porque afinal não podes nascer numa terra sem esperança e sem futuro. Tu e os teus amigos merecem que o rio cresça. Vamos fazer por isso e gritar bem alto, porque todos sabemos que «quanto mais calados, mais roubados»
domingo, outubro 16, 2011
quinta-feira, outubro 13, 2011
Cuidado
Sintam-se aliviados vocês os trabalhadores privados, mas aproveitem para ler:
Na Alemanha,
Primeiro vieram buscar os comunistas, e eu não disse nada porque não era comunista.
Depois vieram pelos judeus, e eu não disse nada porque não era judeu.
Depois vieram pelos sindicalistas, e eu não disse nada porque não era sindicalista.
Depois vieram pelos católicos, e eu não disse nada porque era protestante.
Depois vieram por mim e, nessa altura, já não havia ninguém para erguer a voz.
PASTOR MARTIN NIEMOLLER
(Sobrevivente do Holocausto)
Guerra aos cidadãos de segunda
Os funcionários públicos e pensionistas não irão perder os subsídios de férias e de Natal. Vão ter reduzidos os seus vencimentos nos dois próximos anos em 14,3%!! Não contando com o agravamento de impostos... Abatidos os funcionários públicos, irão emergir como cogumelos os empreendedores....Ou não!!
Como Sócrates, Passos Coelho usa estes cidadãos de segunda como escudo. Até quando a resiliência?
Como Sócrates, Passos Coelho usa estes cidadãos de segunda como escudo. Até quando a resiliência?
Saúde para todos
Existem três tipos de sábios, os cadentes, os de sempre, e
os emergentes. Na verdade, dos primeiro há apenas um (Medina Carreira), os de
sempre são os de sempre (basta ligar a SIC e ouvi-los comentar sempre na mesma
direção) e agora há um sábio emergente (António Barreto). Este sábio emergente deu
recentemente uma entrevista ao Expresso onde despeja a sua ciência sobre Saúde
e o serviço nacional e conclui uma coisa simples: não temos dinheiro para
manter um serviço universal e gratuito. Vai daí a solução, os ricos (a definir)
que a paguem! Sendo o dinheiro um bem escasso, não é necessariamente um bem
inexistente. Existe, importa saber como melhor se pode usar.
O problema da saúde não é económico, é político. E a
questão básica no pagamento dos seus custos é decidir quem deve suportá-los: os
doentes ou todos os cidadãos, solidariamente. Num Estado solidário, parte-se do
princípio político (porque a política tem princípios ao contrário da economia
onde só existem fins) de que aos doentes não deve ser acrescentado o ónus de uma
situação que não escolheram voluntariamente e, portanto, a eles não deve ser
aplicado o princípio do utilizador pagador. É uma questão de justiça e por isso
se lhes dá o direito de, na situação de doença, não terem ainda a segunda
desvantagem de ter que pagar os seus custos. Partindo deste princípio de
solidariedade em que ao Estado cabe assegurar de forma gratuita a saúde dos
seus cidadãos, onde se pode encontrar o dinheiro para pagar as despesas da
saúde? O Estado só tem uma fonte de recursos, os impostos. Portanto, é aí que terá
de recorrer para se suportar os custos da saúde universal e gratuita. Obviamente,
que se não deve gastar sem controlo e que é fundamental criar regras de
controlo das despesas (ser eficiente), mas isso não significa que se corrompa o
princípio básico de que não devem ser os doentes os castigados com o pagamento
de uma situação que não desejaram. Nem os ricos merecem o duplo castigo de
estar doentes e ser penalizados com os custos do seu tratamento! Mais sentido
fará, se houver vontade política de respeitar o tal princípio, que se aumentem
os impostos para se gerar a receita que permita garantir a saúde a todos (por
exemplo criando um imposto dedicado). Com o reforço da eficiência e eventual
aumento de receita fiscal (se necessário) é possível ter o dinheiro que o sábio
diz não haver. Pelo menos é isto que pensa um não sábio, que não preside a
nenhuma Fundação e não descarrega sabedoria do alto de uma torre das Amoreiras.
Eu apenas sei o que é o azar de ter uma doença, porque lido com essa realidade
todos os dias.
quinta-feira, outubro 06, 2011
Steve Jobs (1955-2011)
É verdade: não tenho nem nunca tive um iPod, um iPhone ou um iPad.
Constatei hoje isso. Sobrevivi. Como foi possível?
Constatei hoje isso. Sobrevivi. Como foi possível?
terça-feira, outubro 04, 2011
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