sexta-feira, maio 20, 2011

A biblioteca em fogo


E agora que os estou a transplantar das urnas escondidas, onde os tinha enterrado há espera de melhores dias, e finalmente os levo para o novo local de vida, constato o tempo todo que perdi no adiamento da sua leitura e, por instantes, vem à ideia o risco de já não haver tempo para a tarefa de os consumir. Passamos demasiado tempo distraídos, convencidos, que o tempo não é urgente, que vai existir sempre até que um dia, de repente, percebermos a sua finitude. Há cada vez mais esse risco, à medida que o tempo passa. Ainda só uma constatação da razão, felizmente, sem a sensação dessa realidade. Mas só imaginar, já é suficientemente angustiante. É necessário, cada vez mais a cada dia que passa, caber no tempo. É imperioso e urgente ganhar o tempo, não perdendo nem um milésimo de segundo do seu escoar.

1 comentário:

RC disse...

O tempo não nos pode vencer. Belo texto.
Se não for incómodo, será mais um, que faço questão de colocar, um destes dias em, "Quanto tempo tem o tempo?"