segunda-feira, maio 23, 2011

Lá há aquele tempo que começa logo bem cedo antes do calor chegar e que dura como as pilhas do anúncio. Depois há o calor e a urgência de recolher ou da sesta e finalmente o dia recomeça já perto de acabar antes do mergulho final do sol, antes da ascensão da lua. Ali há tudo, com momentos e com cheiros com chilrear de pássaros e com silêncios como nas interpretações da Maria João Pires. Naquele sítio, nunca um dia é igual a outro, mesmo tendo ciclos de chegada e de partida, Nunca a rotina, que destrói o tempo daqui. Lá há momentos sempre irrepetíveis, únicos que se agarram à memória renovando-a. Aí percebo que a Vida é uma sucessão de momentos, não de rotinas geradoras de demências, os contornos são nítidos e não esfumados por uma mistura de cores sem sentido, redutora, aquilo que resulta da mistura ao acaso na paleta, a cor de merda.

sexta-feira, maio 20, 2011

A biblioteca em fogo


E agora que os estou a transplantar das urnas escondidas, onde os tinha enterrado há espera de melhores dias, e finalmente os levo para o novo local de vida, constato o tempo todo que perdi no adiamento da sua leitura e, por instantes, vem à ideia o risco de já não haver tempo para a tarefa de os consumir. Passamos demasiado tempo distraídos, convencidos, que o tempo não é urgente, que vai existir sempre até que um dia, de repente, percebermos a sua finitude. Há cada vez mais esse risco, à medida que o tempo passa. Ainda só uma constatação da razão, felizmente, sem a sensação dessa realidade. Mas só imaginar, já é suficientemente angustiante. É necessário, cada vez mais a cada dia que passa, caber no tempo. É imperioso e urgente ganhar o tempo, não perdendo nem um milésimo de segundo do seu escoar.

quinta-feira, maio 19, 2011

Fs

Depois de ver mais um debate:
O grande problema é a necessidade de encontrar uma solução global para 10 milhões numa terra onde há 10 milhões de soluções para a resolução de cada caso pessoal. Uma nação é muito mais que um somatório de indivíduos ou de seitas, é uma construção coletiva e solidária. E há anos que se anda a matar a solidariedade como valor.
Já nem se estranha que os telejornais abram e se demorem na visão da euforia do FCP (uma nação! li num cartaz...) . A isso se está reduzido, ontem, Fátima, hoje o Futebol, sempre, o mesmo Fado.
Há uma urgência de Fuga

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Leituras e traduções

1. Elogios dos Soares (os grandes ratos) a Portas. Tradução: quanto mais votarem nele, menos votos tem o Coelho, logo mais possibilidades terá o Grande Líder de continuar a ser o mais votado.
2. Diz o Grande Líder que o PR tem de escolher o partido mais votado para chefiar o governo . Tradução: só assim consegue ser PM e depois logo se vê... Talvez o Portas venha a «sacrificar-se» uma vez mais pela Nação como acabou recentemente de fazer ao apoiar o pacto com o «Triunvirato».
3. Coelho só será PM, se for o mais votado. Tradução: (Deve ser um bom jogador de poker este Coelho). Bluff absoluto! Se  querem um governo à direita, concentrem os votos no PSD. É a única forma de este se distanciar do PS e reforçar a sua legitimidade como partido maioritário de Governo. Depois dará uns lugarzitos ao Portas.
4. É possível um governo maioritário PSD/CDS, diz Portas. Tradução: Já desistiu de ser PM e  o seu objetivo é levar o maior número de ministros para o governo.
Eles não dizem, mas pensam (ou será que só calculam?).
E o Povo, pá? não entra na equação?

quarta-feira, maio 18, 2011

Dois consensos e incongruências

É curioso observar sta consensualidade relativamente ao futuro programa de governo escrito pelo FMI e Cia. São provavelmente mais de 80 % dos portugueses que vão apoiar nas urnas tal coisa. Presumivelmente, 6 meses depois de o futuro governo ter tomado posse, todos terão vtado nos restantes 20%. Pobre democracia de voto secreto!
Aliás, gerou-se outro consenso: a grande maioria das pessoas já percebeu que os portugueses andaram a gastar mais do que produziam e que, não restam dúvidas, eles (os outros) terão de produzir mais e gastar menos. Só que isso se aplica ao todo, mas não às partes, a cada um, porque, cada um, considera que produz o máximo e consome o mínimo possível. A culpa é deles (dos outros), como habitualmente. Ou seja, este é um país onde o todo não é a soma das partes.

domingo, maio 15, 2011

Coelho fica à porta

Cuidado com eles que não têm o ar agressivo e aguerrido dos lobos ou de outros predadores, mas, bem vistos os efeitos não deixam de ser igualmente destrutivos, ainda que tenham aquele ar dócil e fofinho que pode encantar até as crianças. Quem os vir sempre cautelosos e tímidos não lhes imagina a argúcia e a capacidade de ultrapassar obstáculos e destruir a produção. Atacam geralmente durante o escuro, trabalhando afincadamente pelos seu objetivos perversos.
Este foi um fim-de-semana em que iniciei a luta contra o coelho, mostrando-lhe que, no quadrado se não entra sem autorização, que este espaço é para desenvolver e obter os frutos do trabalho e não para entregar a parasitas manhosos.
Aqui o coelho fica de fora.