Mas que sentido faz tornar a viagem mais londa e duradoura, quando o veículo em que se viaja tem vidros opacos e não deixa perceber a paisagem? Que vida é esta sem o contacto e a interpretação?
São coisas assim que vêem à ideia quando se percorre uma enfermaria de Medicina.
quarta-feira, fevereiro 23, 2011
domingo, fevereiro 20, 2011
Alguma matemática da felicidade
Na minha maneira simples de olhar as coisas, deixo de parte as intrincadas discussões psicológicas. Este Cisne Negro, basta-me pela denúncia (eventualmente involuntária, mas ainda assim presente) de um mundo de sofrimento dos que visam a perfeição e sofrem por não conseguirem ser a vedeta da companhia. Muito mais gratificante é caminhar ao lado, quando não mesmo empurrar para a frente, os que nos acompanham a jornada.`´E na lembrança deles que se pode sobreviver. Há, necessariamente um horizonte temporal e finito a curto prazo. Sempre. E a humanidade não se justifica pelos seus outliers, mas sim pela sua média. Mantê-la de forma sustentada é promover os dois desvios-padrões acima e abaixo do percentil 50. O resto é infelicidade.
terça-feira, fevereiro 15, 2011
Objectivos
Há muitas maneiras de subir uma montanha. Pode ir-se devagar olhando as flores em volta, as formas das pedras em que nos projectamos vendo cabeças e cães, acompanhando a marcha dos que vão connosco, mostrando uns aos outros o caminho e as descobertas e ser esse o objectivo da caminhada comum ou, por outro lado, olhar para o contorno lá em cima e imaginar que quando lá chegarmos teremos atingido a visão suprema do mundo. Os que assim caminham seguem apressados, perdendo as emoções da paisagem ao passarem por ela, correm, deixam os companheiros progressivamente para trás até deixarem de os ver e chegam ao cimo em primeiro lugar e sozinhos conquistam o seu objectivo da descoberta imaginada. Quantas vezes se não instala nesse instante a decepção, porque afinal não era ali o topo do mundo e lá chegados apenas há mais um vale e um contorno de outra montanha mais além? Valeu a pena ter perdido a paisagem e ter saído do passeio colectivo? Instalada a frustração há quem reaja correndo, alienado, de novo pela próxima montanha acima para chegar ao mesmo resultado e continue mais e mais, em busca de uma ilusão. Sozinhos.
Afinal o Everest está só ao alcance de uma minoria muito escassa e, mesmo esses, quantas vezes regressam sem se lembrar do que viram deixando a bandeira como prova sem nada terem provado além da provação da dor por que passaram.
Isto de trabalhar por objectivos tem que se lhe diga.
Afinal o Everest está só ao alcance de uma minoria muito escassa e, mesmo esses, quantas vezes regressam sem se lembrar do que viram deixando a bandeira como prova sem nada terem provado além da provação da dor por que passaram.
Isto de trabalhar por objectivos tem que se lhe diga.
domingo, fevereiro 13, 2011
Se tu queres um amigo, cativa-me!
A amizade parece ser agora uma espécie de doença infecto-contagiosa. A cada dia surgem mais propostas de amigos, desconhecidos, que são afinal amigos de algum dos nossos amigos. Se és amigo do meu amigo, meu amigo serás. Basta um contacto breve, ocasional, por interposto parceiro e zás, mais um amigo. Como a transmissão do vírus da sida. A amizade está a ficar doentia e infecciosa.
Peço aqui desculpa de não aceitar todos os convites do Livro das Caras, mas não acho que não devo reduzir a amizade à patologia.
Peço aqui desculpa de não aceitar todos os convites do Livro das Caras, mas não acho que não devo reduzir a amizade à patologia.
sexta-feira, fevereiro 11, 2011
A praça ta a rir
Muito superficial é o entendimento que atribui a mesma significância a praças e mercados. Bastará andar por estes dias atento às notícias para se perceber a grande diferença em que se nos mostram os mercadores nervosos, com gente ansiosa, cercada de monitores coloridos e cheios de gráficos que vão sendo gerados por algo oculto, poderoso e invisível, onde a esperança morreu no sentimento de que a história só se repete em cada dia e as praças pujantes de gente, com olhos de esperança, de peito aberto, certos de que o futuro existe e tem de se diferente, de certeza. Vai ser diferente, porque o presente não é mais suportável!
Nos mercados arrasta-se o presente e o passado moribundos, nas praças constrói-se o futuro, os novos tempos.
Na praça Tharir, ao fim de 18 dias, há uma multidão que venceu. A praça inteira canta, dança tá a rir. É o momento de festejar e deve ser também o começo da prudência, que nestas coisas, mostra a História que, o monstro tem várias vidas e quase sempre renasce passado algum tempo.
quarta-feira, fevereiro 09, 2011
Sem rede
No meio do tempo em que pouco acontece, surge por vezes um estremecimento que convida à paragem. Mediaticamente é dos instantes em que se convidam professores especalistas a comentar o acontecimento, se entrevistam populares emocionados e se fazem mais uns lamentos. Depois de uns dias tudo vai passar e continuar a estar como estava. Sem importância, porque nos habituámos a apenas vlorizar o instante das surpresas!
Que parvos que somos!!!
Somos parvos porque andamos a maior parte do tempo com falta de tempo na lufa-lufa da geração de valor para os poucos que todo o tempo têm e nos esquecemos de desfrutar o nosso tempo e depois, como não bastasse o desperdício, vem o tempo que não tem fim, o da solidão da sobrevivência sem esperança nem objectivo em que se somam aos dias outros dias. É a altura em que os milhares de amigos do facebook se sumem e pouco mais se soma à vida, porque no tempo que se perdeu a adicionar amigos que mal conhecemos, fomos ficando vazios dos amigos reais, dos que têm físico e alma. Anda-se nas nuvens numa sociedade sem rede, num exercício de equilibrismo, começamdo a perceber-se que as redes sociais irão ser completamente inúteis na altura do trambolhão. Esta terra não está feita para velhos. Aceita-se como um fado a que se não pode fugir, que um qualquer poder não bem percebido, meio oculto e inevitável, nos comande e nos deixe ficar fechados, literalmente mortos, durante anos, no prolongamento de uma vida que já há muito estava morta.
Parvos que somos, quando não reivindicamos a nós próprios uma vida diferente da morte. De que se está à espera?
Que parvos que somos!!!
Somos parvos porque andamos a maior parte do tempo com falta de tempo na lufa-lufa da geração de valor para os poucos que todo o tempo têm e nos esquecemos de desfrutar o nosso tempo e depois, como não bastasse o desperdício, vem o tempo que não tem fim, o da solidão da sobrevivência sem esperança nem objectivo em que se somam aos dias outros dias. É a altura em que os milhares de amigos do facebook se sumem e pouco mais se soma à vida, porque no tempo que se perdeu a adicionar amigos que mal conhecemos, fomos ficando vazios dos amigos reais, dos que têm físico e alma. Anda-se nas nuvens numa sociedade sem rede, num exercício de equilibrismo, começamdo a perceber-se que as redes sociais irão ser completamente inúteis na altura do trambolhão. Esta terra não está feita para velhos. Aceita-se como um fado a que se não pode fugir, que um qualquer poder não bem percebido, meio oculto e inevitável, nos comande e nos deixe ficar fechados, literalmente mortos, durante anos, no prolongamento de uma vida que já há muito estava morta.
Parvos que somos, quando não reivindicamos a nós próprios uma vida diferente da morte. De que se está à espera?
quinta-feira, fevereiro 03, 2011
Lyrics
Porque o som dificulta a percepção do conteúdo, aqui fica a ajuda:
Sou da geração sem remuneração
E não me incomoda esta condição
Que parva que eu sou
Porque isto está mal e vai continuar
Já é uma sorte eu poder estagiar
Que parva que eu sou
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar
Sou da geração "casinha dos pais"
Se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, maridos, estou sempre a adiar
E ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar
Sou da geração "vou queixar-me pra quê?"
Há alguém bem pior do que eu na TV
Que parva que eu sou
Sou da geração "eu já não posso mais!"
Que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar
quarta-feira, fevereiro 02, 2011
Renascimento
Ainda a manhã ia saindo do escuro da noite e veio-me à memória uma das antigas músicas, onde afinal eram as palavras o importante:
Num registo pessimista que me persegue os dias, na desesperança de ver uma juventude acomodada, cheia de fado e conformada, logo pensei nas diferenças entre a música que vivi e a música que agora se vive, onde as palavras minimalizaram e a música embruteceu as cabeças sacudidas até à exaustão impulsionadas por múltiplos shots em fim de noite madrugada adiante.
Mas já ao fim da tarde deparei com isto
e surpreendi-me e ri. Parece que ainda há esperança de que os conteúdos se sobreponham à alienação do já não posso. Agora, sim, vamos dar a volta a isto! Música de intervenção outra vez. Boa!
Num registo pessimista que me persegue os dias, na desesperança de ver uma juventude acomodada, cheia de fado e conformada, logo pensei nas diferenças entre a música que vivi e a música que agora se vive, onde as palavras minimalizaram e a música embruteceu as cabeças sacudidas até à exaustão impulsionadas por múltiplos shots em fim de noite madrugada adiante.
Mas já ao fim da tarde deparei com isto
e surpreendi-me e ri. Parece que ainda há esperança de que os conteúdos se sobreponham à alienação do já não posso. Agora, sim, vamos dar a volta a isto! Música de intervenção outra vez. Boa!
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