Uma das guerras para onde presumivelmente nos vão querer enviar é a guerra da destruição do Estado Social, onde o fim do Serviço Nacional de Saúde será uma batalha decisiva. Por isso aqui fica:
segunda-feira, janeiro 24, 2011
quinta-feira, janeiro 20, 2011
Loucos
Poema Pero Ya No Hay Locos de Leon Felipe
Ya no hay locos, amigos, ya no hay locos. Se murió aquel manchego, aquel estrafalario fantasma del desierto y … ni enEspaña hay locos. Todo el mundo está cuerdo, terrible, monstruosamente cuerdo.
Oíd … esto,
historiadores … filósofos … loqueros …
Franco … el sapo iscariote y ladrón en la silla del juez repartiendo castigos y premios,
en nombre de Cristo, con la efigie de Cristo prendida del pecho,
y el hombre aquí, de pie, firme, erguido, sereno,
con el pulso normal, con la lengua en silencio,
los ojos en sus cuencas y en su lugar los huesos …
El sapo iscariote y ladrón repartiendo castigos y premios …
y yo, callado, aquí, callado, impasible, cuerdo …
¡cuerdo!, sin que se me quiebre el mecanismo del cerebro.
¿Cuándo se pierde el juicio? (yo pregunto, loqueros).
¿Cuándo enloquece el hombre? ¿Cuándo, cuándo es cuando se enuncian los conceptos
absurdos y blasfemos
y se hacen unos gestos sin sentido, monstruosos y obscenos?
¿Cuándo es cuando se dice por ejemplo:
No es verdad. Dios no ha puesto
al hombre aquí, en la Tierra, bajo la luz y la ley del universo;
el hombre es un insecto
que vive en las partes pestilentes y rojas del mono y del camello?
¿Cuándo si no es ahora (yo pregunto, loqueros),
cuándo es cuando se paran los ojos y se quedan abiertos, inmensamente abiertos,
sin que puedan cerrarlos ni la llama ni el viento?
¿Cuándo es cuando se cambian las funciones del alma y los resortes del cuerpo
y en vez de llanto no hay más que risa y baba en nuestro gesto?
Si no es ahora, ahora que la justicia vale menos, infinitamente menos
que el orín de los perros;
si no es ahora, ahora que la justicia tiene menos, infinitamente menos
categoría que el estiércol;
si no es ahora … ¿cuándo se pierde el juicio?
Respondedme loqueros,
¿cuándo se quiebra y salta roto en mil pedazos el mecanismo del cerebro?
Ya no hay locos, amigos, ya no hay locos. Se murió aquel manchego,
aquel estrafalario fantasma del desierto
y … ¡Ni en España hay locos! ¡Todo el mundo está cuerdo,
terrible, monstruosamente cuerdo! …
¡Qué bien marcha el reloj! ¡Qué bien marcha el cerebro!
Este reloj …, este cerebro, tic-tac, tic-tac, tic-tac, es un reloj perfecto …,
perfecto, ¡perfecto
E no ciclo da vida se progride da hiperactividade e défice de atenção enquanto crianças, para a depressão da idade adulta e a demência na velhice. Quase todos... loucos.
quarta-feira, janeiro 19, 2011
Vender a dívida?
É seguramente mais chique e dá muito mais status. A partir de agora sugiro que se não peçam mais empréstimos aos bancos. Na verdade o que devemos fazer é vender-lhes dívida, pois o estatuto do vendedor é bem superior ao do comprador, quem vende tem a propriedade da coisa, não é um maltrapilho qualquer que precisa de comprar devido às suas necessidades. Mesmo que a propriedade seja a dívida, vender a dívida é bem melhor que pedir (horror!) um empréstimo. Nós não somos pedintes, mas proprietários... da dívida.
domingo, janeiro 16, 2011
Crise... de valores
Aos poucos desapareceram das páginas dos jornais as críticas de cinema. Em substituição, dão-nos agora a informação do número de espectadores que cada filme em exibição tem. A opinião especializada foi substituída pela opinião do consumo.
quarta-feira, janeiro 12, 2011
A dívida e as dúvidas
Implica a lucidez que se percebam coisas básicas. Por exemplo, uma máquina produz algo, gera valor, contudo, não vive. É manipulada pelo dono para executar. Viver é algo mais do que fazer coisas, produzir. Viver é entender o que se passa a nossa volta, conseguir ter opinião, fugindo a todos os potenciais manipuladores sempre prontos a fazer-nos achar alguma coisa. Ou seja, a induzir-nos na «verdade» da opinião publicada. Primeiro, dizem o que deve ser pensado, depois esperam que se palre a história dando a possibilidade histórica de se aparecer na televisão a debitar a coisa. Cinco minutos de fama. Este é o orgasmo vital de tantos a quem se pergunta nos telejornais o que acham das mais variadas coisas.
Há por hábito, até de educação, procurar o fácil e desvalorizar o rigor. Até porque o rigor exige pesquisa, dá trabalho, e o que se ensina é o êxito fácil, havendo mesmo uma cultura de eficiência que privilegia o desenrascanço e desmerece o investimento no trabalho. (É como achar normal aplicar num investimento 100 e retirar 240, sem nada ter sido acrescentado além da habilidade da escolha). E a vida está actualmente cheia de uma complexidade crescente, agravada pela vertigem que nos é imposta, pela avalanche exponencial do crescimento do conhecimento, que torna cada vez mais difícil a compreensão do mundo. O desenrascanço, negando o esforço, leva ao refúgio no grupo para o qual emocionalmente somos atraídos, o que garante a comodidade de sabermos que outros estão connosco, mas não a razão das opções feitas. Esta tendência tem como resultado natural a procura dos grupos maiores, por ser aí maior o apoio dos pares, com marginalização das franjas, onde quase sempre se localizam as elites e o progresso. Assim, quase sempre, mais do que ser-se por uma solução, é-se fundamentalmente contra a solução do grupo opositor e quando um resultado não é o desejado intimamente, diz-se que foi um bom resultado para os outros nossos adversários. Daí o título sugestivo de Boas Notícias para o Governo. Terá sido apenas para o Governo?
Olhando para a evolução da dívida pública de vários estados europeus em percentagem do PIB desde 2008 a 2009, parece evidente que alguma coisa de estranho aconteceu em 2008, porque quase de forma invariável em todos os Estados, os valores aumentaram de forma considerável.
Curiosamente, Portugal nem parece ser o país em que a progressão é mais acentuada:
2008 2009 Aumento
Alemanha 66,3 73,4 10,7
Espanha 39,8 53,2 33,7
França 62,5 78,1 25,0
Grécia 110,3 126,8 15,0
Irlanda 44,3 65,5 47,9
Portugal 65,3 76,1 16,5
Reino Unido 52,1 68,2 30,9
Conclusão: a percentagem da dívida em relação ao PIB não é das maiores (muito maior é na Itália, Bélgica ou na Grécia) nem um resultado apenas da administração do actual governo. O agravamento foi generalizado sendo o de Portugal apenas intermédio.
Ter um valor baixo da dívida em relação ao PIB não é propriamente bom sinal se tomarmos como referência os valores dos vários estados mundiais, onde as maiores percentagens se encontram no Japão, América do Norte e Europa:
Há por hábito, até de educação, procurar o fácil e desvalorizar o rigor. Até porque o rigor exige pesquisa, dá trabalho, e o que se ensina é o êxito fácil, havendo mesmo uma cultura de eficiência que privilegia o desenrascanço e desmerece o investimento no trabalho. (É como achar normal aplicar num investimento 100 e retirar 240, sem nada ter sido acrescentado além da habilidade da escolha). E a vida está actualmente cheia de uma complexidade crescente, agravada pela vertigem que nos é imposta, pela avalanche exponencial do crescimento do conhecimento, que torna cada vez mais difícil a compreensão do mundo. O desenrascanço, negando o esforço, leva ao refúgio no grupo para o qual emocionalmente somos atraídos, o que garante a comodidade de sabermos que outros estão connosco, mas não a razão das opções feitas. Esta tendência tem como resultado natural a procura dos grupos maiores, por ser aí maior o apoio dos pares, com marginalização das franjas, onde quase sempre se localizam as elites e o progresso. Assim, quase sempre, mais do que ser-se por uma solução, é-se fundamentalmente contra a solução do grupo opositor e quando um resultado não é o desejado intimamente, diz-se que foi um bom resultado para os outros nossos adversários. Daí o título sugestivo de Boas Notícias para o Governo. Terá sido apenas para o Governo?
Olhando para a evolução da dívida pública de vários estados europeus em percentagem do PIB desde 2008 a 2009, parece evidente que alguma coisa de estranho aconteceu em 2008, porque quase de forma invariável em todos os Estados, os valores aumentaram de forma considerável.
Curiosamente, Portugal nem parece ser o país em que a progressão é mais acentuada:
2008 2009 Aumento
Alemanha 66,3 73,4 10,7
Espanha 39,8 53,2 33,7
França 62,5 78,1 25,0
Grécia 110,3 126,8 15,0
Irlanda 44,3 65,5 47,9
Portugal 65,3 76,1 16,5
Reino Unido 52,1 68,2 30,9
Conclusão: a percentagem da dívida em relação ao PIB não é das maiores (muito maior é na Itália, Bélgica ou na Grécia) nem um resultado apenas da administração do actual governo. O agravamento foi generalizado sendo o de Portugal apenas intermédio.
Ter um valor baixo da dívida em relação ao PIB não é propriamente bom sinal se tomarmos como referência os valores dos vários estados mundiais, onde as maiores percentagens se encontram no Japão, América do Norte e Europa:
Portanto, o problema não é ter uma grande dívida, mas saber onde se está a empregar o dinheiro que foi pedido. De que forma se está a regular a coisa que permite, por exemplo, que no ano passado as vendas dos porches tenham subido mais de 70%, fazendo-nos duvidar da existência de uma crise realmente séria. Como se pode assim compreender a necessidade de penalizar grupos subtanciais de cidadãos, impondo-lhes sacrifícios objectivos e dificilmente suportáveis, quando se antevê que desse efeito resulte mais constrangimento económico e recessão? Por que razão há uma urgência da destruição do Estado investidor para se suportarem privados que, nesta conjuntura de risco acrescido, dificilmente o assumirão? Não seria bem mais lógica a promoção do investimento público bem gerido, estimulante da produção e do emprego? O risco do Estado, dada a sua não-necessidade de lucro, seria sempre inferior e por isso mais viável, desde que isso não significasse criação de benefícios para um grupo, mas para o colectivo. É aqui que entram os homens e se iniciam as dificuldades...
terça-feira, janeiro 11, 2011
E os mercados em Lisboa?
Quando os invadidos de ontem se juntam aos seus invasores para invadirem com eles os novos invadidos, tem de haver aqui alguém que se refugie algures e que resista. Nestas alturas, é sabido, que há sempre alguns dos invadidos que anseiam a invasão na esperança, nem sempre vã, de virem a participar no festim. Tem sido sempre assim, mas sempre também a resistência tem sido mais forte e, aonde ainda não triunfou, também a vitória será certa, porque haverá sempre uma janela por onde sairão, mais cedo ou mais tarde, porque a história não vai acabar aqui.
Indoor
Gostei deste indoor.
É necessário, imperioso e urgente! Uma questão estética e seria excelente se a mancha não alastrasse por mais cinco anos durante os quais, para cúmulo, é bem possível que um Coelho de passos mais que duvidosos lhe venha a fazer companhia. Será com amargura e tristeza que veremos, então, fechar as portas que Abril abriu e o tratamento é sempre mais complexo que a profilaxia. Mas o risco, na República, é real. É preciso avisar toda a gente!
É necessário, imperioso e urgente! Uma questão estética e seria excelente se a mancha não alastrasse por mais cinco anos durante os quais, para cúmulo, é bem possível que um Coelho de passos mais que duvidosos lhe venha a fazer companhia. Será com amargura e tristeza que veremos, então, fechar as portas que Abril abriu e o tratamento é sempre mais complexo que a profilaxia. Mas o risco, na República, é real. É preciso avisar toda a gente!
segunda-feira, janeiro 10, 2011
Elogio da poesia
A formação económica, afinal, é fundamental para o sucesso e o problema de todos nós, os comuns, é que não somos professores de Economia.
Se fossemos professores de Economia, saberíamos como fazer para investir as nossas poupanças com sucesso de 140% em 2 anos e teríamos também estes desempenhos notáveis. Como não sabemos nada de Economia, vamos ficando desempregados ou com os ordenados reduzidos, sobrevivendo apenas. A culpa foi nossa que nunca aprendemos Economia e, por isso, não entendemos nada deste mundo e pensamos que os mercados são apenas os locais onde se vão comprar as couves. Ai, se nos fossemos todos professores de Economia! Sabíamos o que é gerar valor e não tínhamos a noção lírica que os poetas têm da ganância.
Se fossemos, se calhar, os professores de Economia iam ter algumas dificuldades, porque, realmente, só conseguem ser professores num mundo cheio de ignorantes em Economia ou num país de poetas.
Celebre-se a arte do senhor Professor de Economia, mas tenha-se a consciência que, o que faz por si, afinal não tem a generosidade de fazer pelo país a que preside. Imagine-se se conseguisse investir com a sua mestria as poupanças de todos nós! Era uma vez uma crise! Pensando, melhor, para que nos serve um Presidente professor de Economia que não usa os seus grandes conhecimentos a nosso favor? Mais vale, certamente, acreditarmos nas virtudes da Poesia.
Se fossemos professores de Economia, saberíamos como fazer para investir as nossas poupanças com sucesso de 140% em 2 anos e teríamos também estes desempenhos notáveis. Como não sabemos nada de Economia, vamos ficando desempregados ou com os ordenados reduzidos, sobrevivendo apenas. A culpa foi nossa que nunca aprendemos Economia e, por isso, não entendemos nada deste mundo e pensamos que os mercados são apenas os locais onde se vão comprar as couves. Ai, se nos fossemos todos professores de Economia! Sabíamos o que é gerar valor e não tínhamos a noção lírica que os poetas têm da ganância.
Se fossemos, se calhar, os professores de Economia iam ter algumas dificuldades, porque, realmente, só conseguem ser professores num mundo cheio de ignorantes em Economia ou num país de poetas.
Celebre-se a arte do senhor Professor de Economia, mas tenha-se a consciência que, o que faz por si, afinal não tem a generosidade de fazer pelo país a que preside. Imagine-se se conseguisse investir com a sua mestria as poupanças de todos nós! Era uma vez uma crise! Pensando, melhor, para que nos serve um Presidente professor de Economia que não usa os seus grandes conhecimentos a nosso favor? Mais vale, certamente, acreditarmos nas virtudes da Poesia.
quinta-feira, janeiro 06, 2011
Cinzento
Cinzento começou o ano, com ameaças de preto absoluto no horizonte. E como precisávamos de um ano, pelo menos, Alegre, na impossibilidade real do vermelho triunfar!
Cinzento mas não só, demasiado pantanoso e desinteressante. Ainda sem o mau cheiro de Badwater no Vale da Morte, mas infinitamente menos belo.
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