domingo, setembro 30, 2012

''Borges(sos)''

Há este tipo de psicóticos, professores iluminados que sabem tudo e que sentem uma imensa azia quando minimamente contrariados. Mas por que não fazem exatamente como eles ensinam a fazer? Tudo o mais são ignorantes que os não merecem.
Estes tipos são além de ridículos, perigosos. Porque estão muitas vezes em lugares de decisão onde as consequências dos seus atos são pagas por todos nós. 

sábado, setembro 29, 2012

Apoio

Por azar não tenho encontrado o Miguel nos corredores do hospital. Geralmente são cruzamentos simpáticos com sorrisos, breves, de alguma cumplicidade sem grande substância.  Mas azar porque é nestas alturas que me apetecia dar-lhe o apoio que merece.
Nesta terra sempre gostamos de fazer as coisas às escondidas, desreguladas, ao livre arbítrio dos poderes dos poderosos e negamos o poder da regulação por critérios objetivos, porque se perdem uns poderzinhos nesta segunda forma de fazer. E o que fizeram na comissão foi apenas dar transparência ao que se faz às escondidas e logo veio a vozearia habitual acusá-los de quase criminosos. E o grande comandante médico veio instaurar um processo porque os médicos não podem pensar pela sua cabeça numa defesa de uma virgindade que se sabe há muito perdida. Gostamos de viver de mitos e ilusões. Temos aversão à transparência. O silêncio é a alma do negócio.
Uma comissão decide, por unanimidade, e tem que ouvir esta gente. A minha pouco valiosa solidariedade Miguel. mas é quase um imperativo ético.

quinta-feira, setembro 27, 2012

E a história continua

Estar fora contém os riscos de não ter assistido a bons momentos cá dentro. Ouvidos de longe ficam mais ténues as emoções, mesmo quando se adivinham alguns renascimentos. Literalmente, parecia andar tudo aos berros como sempre deve acontecer nas casas onde o pão escasseia.  Felizmente, não houve tempo para ir comentando os rumores. Lá fora, Portugal é um sussurro bem distante. Chegado a 15, foi o motorista do táxi que nos foi dizendo que lhe parecia que havia uma revolução. Sempre exagerados estes motoristas.
Andei perdido pelos caminhos da ética e da natureza de que todos somos feitos. Continuo perdido, mas à procura. Na ida os jornais espanhóis falavam da tristeza do Cristiano Ronaldo. O jovem anda triste e as causas do tédio são ocultas, como ocultos são os negócios (os dele e os dos outros) que têm por alma, o segredo. E são assim todos os negócios. Corrupto não é não fazer o ato proibido, porque já se é quando se faz sem a interdição do ato. E não pagar impostos é tão bom, não é? Mas a lista não acaba aí...
Miami confirma a ideia, na exuberância dos corpos, na sonoridade, na languidez do néon noite avançada. Passam Rolls Royce na Collins enquanto deitados nos cartões os contemplam alguns descartáveis nos jardins na câmara ardente das noites que se sucedem aos dias. Quanto caminho andado até aqui! Quanta natureza «humana»! Há uma ilha onde moraram mafiosos. E agora, quem mora lá? Alguns são celebridades... que a linguagem sempre vai mudando.
As visitas seguintes às cidades devolvem-me sempre diferentes paisagens depois de passada a necessidade de conhecer o imediatamente desconhecido. Mais ou menos, chego à conclusão que as cidades americanas são todas iguais. Uma extensão vasta de casas de madeira com uma ereção central de betão do distrito financeiro. A linha do céu a tentar fazer esquecer o inferno das periferias. Miami tem a Calle 8, onde cubanos se sentem americanos, perdido que foi o grande orgulho de terem um país diferente ali bem perto. Sentem-se bem, deixai-os estar e assim estivessem todos de um lado e do outro do mar. Por preconceito, se calhar, acho mais bonitos os de além mar.
Uns dias de vadiagem pela praia, pela recordação de Coral Gables e pelo Bayside, as compras feitas, já apetecia fazer  a «inutilidade» dos 200 km até Key West. Um lugar especial povoado pelo fantasma de Hemingway, a proximidade presente de Cuba e o ritual do pôr do sol num fim de tarde de calor úmido.

Finalmente, a Disney em Orlando para arregalar os olhos a um puto giro de 9 meses e tal. Uns olhos que olham mesmo que ainda não vejam, que nós só vemos o que recordamos e ali o olhado é instantâneo. Colorido e sonoro. Tudo seguido com grande atenção. Afinal, até os adultos não desgostam do folclore da magia.
Orlando original visitada à noite por indicação de um velho guia. Church Street Station ou o som e a luz do Cais do Sodré do outro lado do mar. A América oculta sempre à mostra.
E o regressar mais longo porque o piloto da Ibéria teve um achaque e os humanos também erram. Miami-Lisboa em 24 horas.
E à chegada ainda o rescaldo do anúncio de que a história ainda não acabou e se a soubermos continuar o fim será bonito, pá! Já o tem sido algumas vezes, embora com reveses a seguir, mas o caminho está aí na procura do sol que há-de um dia nascer. Até porque não vale a pena ser de outra maneira...