Cada vez temos mais publicações para o público em geral a falar de temas de saúde. Sob a capa da promoção da informação da saúde, de um modo geral, há um incentivo ao consumo de cuidados e de medicamentos, muitas vezes com interesse pelo menos duvidoso. Está na moda a divulgação de doenças que afectam multidões crescentes de indivíduos, parecendo que se quer fazer de cada pessoa um doente. (talvez devesse ser mais exigente e escrever cliente, porque é disso que se trata). Será possível escapar simultaneamente a ser obeso, ter hipertensão, ser fumador, ter osteoporose, ter colesterol alto, ser diabético ou simplesmenete, ter disfunção eréctil ou disfunção sexual nas mulheres? Se conseguir não ter nenhuma dessas, terá certamente depressão... Ainda escapou? Não tem problema, a demência acabará por o apanhar! Ou seja, de uma ou outra forma, acabar-se-á sempre por ter indicação para comprar uma das últimas drogas que a Indústria farmacêutica generosamente anda a investigar para nos prolongar a vida até aos 200 anos.
Desde há uns tempos para cá, prevenção das doenças é continuar a ter maus hábitos (comer a gordura do Império, estar sentado o dia todo, viver em stresse nas empresas, não ter horários de trabalho, não ter espaço para pensar, ficar esparramado em frente do telejornal do crime) e depois usar drogas. Recentemente, na Austrália, um estudo de David Henry e Ray Moynilhan, apresentado numa conferência médica referiu que as grandes empresas são responsáveis por muitas prescrições desnecessárias de medicamentos. Mas, mais grave do que isso, chegam ao ponto de promover tratamentos para doenças cuja existência nem sequer está comprovada. Não será novidade, mas é bom que seja dito. E já agora que se pense no papel que nisto pode ter, o facto de a investigação ter saído completamente da alçada do Estado e ter sido entregue completamente a interesses privados, onde as conclusões dos estudos podem ser fabricadas de acordo com as necessidades das cotações das empresas que as promovem. Com a privatização do conhecimento, resta aos cidadãos serem consumidores, voatarem nos eleitos das companhias de tempos a tempos e continuar a pagar. Alienados da verdade.
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