Lisboa fica tranquila neste tempo de domingos solarengos e algo frios num brilho ajudado pelo azul forte do céu. As ruas vazias, o silêncio do jardins de Outono, ali ao pé do Museu, que já foi fábrica de sedas.
Vieira da Silva é uma ilustração deste país que a negou, a comprovação, uma vez mais, de que somos bons artistas e maus patronos (patrões). Um fado triste. Felizmente, há mais mundos e ela teve a sorte de os ir ver. Por isso, hoje a temos no que nos deixou.
Pelas rectas e curvas das linhas dos quadros a tela perde o plano. Da imagem abstracta salta a boca do túnel ou a cidade que se levanta, quase para fora do quadro. É o silêncio da cidade, como o que é visível das alturas de uma torre de vidro em Manhatan. Os emaranhados do silêncio, quer seja nas linhas das cidades, nos jogos de cartas ou de xadrez. Uma tranquilidade sem fim, na transmissão tridimensional da vida que nos mostra. Vem-me à memória o silêncio uniplanar de Mondrian. Só que aqui algo renasceu, pela perspectiva, para a diversão dos olhos.
Esta exposição de Vieira da Silva, actualmente em Lisboa, deu-me ainda uma imagem mais tranquila da cidade onde, por estes dias, todos se esconderam nas compras dos Centros Comerciais.
1 comentário:
E passear em Lisboa numa manhã fria de domingo é fantástico. :)
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