As dificuldades de ser diferente e ao mesmo tempo tão igual a tantos. O corpo e a sua importância para que nos aceitem ou será ao contrário? No fundo, a incompetência para ser-se regrado e controlar os impulsos pelo chocolate ali ao pé.
Olhem para mim, uma tradução estranha, no sentido de alguém que procura a sua imagem sem a encontrar como quer e, nessa busca, fica cego ao que o rodeia, possivelmente, ao mais importante e eterno. Angústias de meia idade pela futilidade do êxito transitório.
Também mais um retrato do meio em que se move a fauna dos artistas, intelectuais e que tais.
Gostei de ver ontem pela manhã.
E no dia dedicado às artes, a tarde no Teatro a ver «Democracia». Assim, estaria melhor, com aspas, que este conceito é complexo. A história de Willi Brandt e o seu traidor espião de leste. O relacionamento de pessoas e a história e as angústias da vida pública, na evolução das ideias, na procura de se estar no tempo em que se está, com os olhos postos no futuro. A vertigem dos jogos dos partidos, a interminável sacanice dos homens e a ascenção do poder da imagem, do efeito inesperado nas massas ululantes, os excluídos da democracia. Poderá haver democracia, se continuarmos na história de personagens e figurantes? A peça corre o risco da identigficação do seu título com a queda de um muro. A queda daquele muro não é tanto o início da democracia, mas muito mais a vitória de um sistema, o liberalismo, ele próprio gerador de muitos muros que bloqueiam o caminho até ela. No fundo, naquele dia criou-se a ilusão do fim da história, da inevitabilidade do primarismo selvagem da hipervalorização do individulal sobre o colectivo. Não me parece que seja este olhar para cada um de nós e a cegueira para com o que está à volta, que nos vai levar onde queremos ir. Teremos, definitivamente de olhar para fora de nós, para o importante e eterno. Até lá teremos democracia, mas apenas com as aspas. O poder do povo virá quando a indiferença acabar e todos participarmos.
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