Tantos natais num mundo pequeno.
A culpa mais uma vez foi dos chineses. Encheram-nos o país de Pais Natais a trepar pelas paredes numa prova provada de que o Pai Natal não existe. Os muitos acabaram com o um. O Pai Natal tem de ser único. Se há muitos, deixa de existir. Os velhinhos ficam ali ao sol e à chuva sem conseguirem chegar à chaminé. Depois do paisito da bandeirinha, temos um país coca-colado.
O Natal foi frio e seco para desmentir os meteorologistas mais uma vez. Esteve igual e sem garra. Foi também uma contemplação de silêncios angustiantes. A fuga do humor ninguém sabe bem para onde. Uma onda gigante sobe e cai desamparada sobre tudo à volta, esmagando injustamente, reforçando a resignação. Todo o mundo pode deixar de ter sentido ao lado do silêncio. E dentro dele, como será?
Depois a fúria da Terra, a desmoronar-se no fundo dos mares. A contabilidade dos mortos sempre a aumentar. Debaixo da onda, na demonstração da impotência. Bizarramente, na altura em que se comemora o nascimento do Menino, ficamos a saber que outro menino foi arrancado dos braços da mãe. Não entendo estas fúrias dos deuses. Nós a celebrá-lo e logo acontece isto.
Só o grande Santana nos veio lembrar que é tempo de perdão, não deixando de afirmar o não perdão aqueles que fazem o que ele não faria. Se perdoasse não diria, não é?
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