Vêm-me à memória histórias de agressões e mortes ouvidas na infância sempre relacionadas com águas mal divididas e roubadas. Na minha ingenuidade, não percebia a razão por que a água teria de ter dono. Para mim, bastava-me a das chuvas que corria pelos regos junto às casas e me permitia fazer barragens onde punha barcos de papel. Mas ouvia histórias de vingança pela propriedade da água.
Lembrei-me agora por ter sabido que este bem que é de todos e cai do céu também vai ser vendido a retalho para tapar o défice, em nome da eficiência. No princípio do mundo, provavelmente e as conservatórias do registo Predial me confirmarão, era de todos a terra, a água e o ar. Os homens fizeram o fogo e assaltaram a terra que mal dividiram entre si, agora vai também a água e no futuro? Será que vamos ter a propriedade privada do ar ou faremos fogo suficiente para já nem isso ter razão de ser?
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