segunda-feira, março 17, 2008

Regresso


Que se pause o trabalho, que novos caminhos se rasgam para novos horizontes!!!
Já vai longa, cada vez maior, a lista das notas do blog. Tenho para lá deitado apontamentos na esperança sempre adiada de amanhã ir escrever. Não resulta. O que se faz, faz-se hoje, até porque a vida amanhã está cheia de incertezas e, tanto previsões como forecasts, são potencialmente falíveis. Daí a revolta e a pausa de que resultam algumas notas dispersas.

O tempo afirma-se cada vez mais na vida das pessoas como matéria-prima escassa. Estranho é que o sendo se valorize tão pouco. Provavelmente, deve-se a aberração económica ao facto de quem lhe estabelece o valor o fazer só sobre o tempo dos outros. Há aqui uma clara ditadura do poder da classe dominante.

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Neste tempo que passou houve acontecimentos interessantes. O soldado das ideias passou a teleguiar o barco sem o abandonar. É também uma forma inteligente de gerir tempos. Se calhar surge a ideia, quando vem a noção da escassez do tempo. E a notícia correu mundo. Foi um acontecimento. A matilha uivou de esperança. Preparam já, em segredo, o grande evento. Andam em círculos os abutres.

Acho curiosa esta particularidade das línguas terem dois termos para coisas que só na aparência se assemelham. Eventos preparam-se, organizam-se, são hoje um ramo de negócio. Vendem-se segundo menus a escolher. São consumíveis.
Saudades tenho dos acontecimentos (happenings), coisas que surgem e surpreendem. O cientifismo, cada vez mais dominante, na ânsia de tudo querer prever, acaba por nos desabituar da espontaneidade e desafio do inesperado. Tanta norma e regulamento levam-nos para uma chatice sem fim. Fico, por isso, sorridente com as falhas dos metereologistas.

Afinal, só os loucos, ambicionam mandar. O que todos os normais querem, é ser reconhecidos. Miséria é reconhecer por dever, porque nada mais degradante existe que homenagear por medo. Assim, é sábio esperar pelo momento e aceitar a homenagem dos que pouco nos devem e, mesmo assim, sentem o prazer de o fazer. Ainda que sejam poucos, que os muitos que nos deram palmadas nas costas, não tenham tido tempo de lá ir, nada disso é importante. Aliás, o ambiente fica menos poluído, mais purificado. É tempo de, finalmente, se citar Brecht e atirar ao ar que só se foi comido pelos percevejos.
Nesse instante se percebe, também, que muitos dos artifícios que usamos no dia a dia nas nossas apreciações, nada têm de atitudes científicas baseadas na evidência, como queremos e nos querem fazer crer. A objectividade é um mito. São as emoções e não as realidades objectivas que nos orientam. Essas coisas inexplicáveis do amor e os sentimentos de vingança. Haverá espaço e tempo para amar acima de tudo a verdade? Será aquilo inevitável e desejável?

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